Obras completas de Nicolau Tolentino de Almeida

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Editores Castro, Irmão & C.a, 1861 - 388 páginas
 

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Passagens conhecidas

Página 129 - Bernariles, e Ferreira: Mil vezes travessas musas Da baixa obra o desviam; E mostrando-lhe o tinteiro, Pós, e banha lhe escondiam: Mas de que servem talentos A quem nasceu sem ventura? Vale mais, que cem sonetos, A peior penteadura.
Página lxix - E das suas sátiras ninguém se pode escandalizar: começa sempre por casa, e primeiro se ri de si antes que zombeteie com os outros. As pinturas dos costumes, da sociedade, tudo é tão natural, tão verdadeiro! Confesso que de todos os poetas que meu triste mister de critico me tem obrigado a...
Página 39 - A filha o ponha ali, ou a criada: A filha, moça esbelta, e aperaltada, Lhe diz co'a doce voz, que o ar serena: «Sumiu-se-lhe um colchão, é forte pena; Olhe não fique a casa arruinada:» «Tu respondes assim ? tu zombas disto ? Tu cuidas que por ter pai embarcado, Já a mãe não tem mãos?
Página 218 - E por isso levantamos Uns contra os outros a mão: Se os homens se não matassem, E impunemente crescessem, Pode ser que não achassem Nem fontes de que bebessem, Nem campos que semeassem: Em vão febres inimigas Os mirrados corpos gastam; Tornam as forças antigas; E está visto que não bastam Nem malignas, nem bexigas: Travem-se cruas batalhas, Arrasem batidos muros Os soldados de quem ralhas; Adornem-lhes os membros duros Grossas, tresdobradas malhas: Sabe que mil males faz A mole tranquilidade...
Página 218 - Dizes que entre os animais proíbe guerras o instinto; e que, surdo a tristes ais, vês com horror o homem tinto no sangue dos seus iguais. Musa, não discorres bem: pois se uns com os outros cabem e juntos a um pasto vem, é só porque inda não sabem a virtude que o oiro tem.
Página 38 - Por contrabandos ter; elle sciente Chama a quadrilha, corre diligente, Entra, busca, e não acha o malsinado. Acha a mulher, que tinha por toucado A torre de Belem: ella que o sente, Banhada em pranto, desmaiada a frente, Prostra por terra o corpo delicado.
Página 39 - ... Batendo o pé na casa, a mãe ordena Que o furtado colchão, fofo, e de penna, A filha o ponha alli, ou a criada.
Página 170 - Rcaes ouvidos magoar, Mudar de estilo é preciso; E se a dor me der logar, Unirei pranto com riso. Depois que plano caminho Já meu pé trilhando váe, Pobre alfaiate visinho De um capote de meu pae Me engendrou um capotinho: Talhando a obra, maldiz A empreza que lhe incumbiram, Fez...
Página 281 - Não podem crer os génios lusitanos, Que as modas, como as vidas, são pequenas; Que já murchou esse estro dos romanos, E influem sobre nós outras Camenas; Que o tempo tragador...
Página 245 - Onde os bons tempos estão Da simples Lisboa antiga? Quando era grande funcção Ir a amiga ver a amiga, E merendarem no chão! « Quando a lilha sem labéo Ia cantar com trabalho, E co'a innocencia do ceo: — Senhor Francisco Bandalho, Fita verde no chapéo ! — «Oh malditos os primeiros, Que a edadc d'ouro inventaram!

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