Sobre este lugar diz Faria: Mirese lo que me viene á embarazar sobre irme desembarazando de tantas difficuldades destes poemas. Dice aqui: quando pone los ojos en la que corre. Qué es la que corre? Arriba queda providencia, y luego consolacion, y despues flaqueza humana; y no hallo que ninguna destas corre, si no es la flaqueza humana á la muerte; y ni asi lo entiendo bien. Mas não tem muito que entender: este lugar está corrompido, como tantos outros que temos visto: a lição do poeta era No que corre: quem copiou poz Na que corre. E o sentido he: Mas a fraqueza humana, quando lança os olhos no que corre; isto he, muito que corre com os olhos d'alma, e não alcança, senão &c. no P. 360. Ode la A primeira cousa que temos a observar nesta Ode he: que a Estancia, que principia: Para ti guarda o sitio fresco d'Ilio, e a outra logo seguinte que principia: De qual panthera ou tigre ou leopardo, se achão em todas as edições depois da que começa: Por ti feito pastor de branco gado, onde são absolutamente estranhas; e procurando nós outro lugar onde pudessem caber, não achamos outro mais proprio, que depois da 3a Estancia que começa: Tu que de formosissimas estrellas: para aqui as transportamos; ainda que nos parece que, omittidas inteiramente, fica a Ode mais perfeita. P. 361. V. 2. Para ti no Erymantho o lindo Epilio.] Assim anda este verso nas primeiras edições. Faria e Sousa julga, com razão, que está viciado, porque não ha no Erymantho lugar que se chame Epilio: faz diversas conjecturas, e não sabe determinar-se. Nós julgamos que deve ler-se Pylio, porque por Pylio se entende a Elide, a que os Gregos chamavão Caloscopi (bella vista). E assim lhe quadra o epiteto de lindo que lhe dá aqui o poeta. E o verso todo deve corrigir-se assim Para ti o Erymantho e o lindo Pylio P. 361. V. 5. Deste nosso oriente.] Todas as ed. Mas he vicio de copia, porque o poeta estava escrevendo em Africa, e não na India, como se infere desta mesma Ode, onde diz: Olha como suspirão estas ondas, E como o velho Atlante O seu collo arrogante Move piedosamente Ouvindo a minha voz fraca e doente. E portanto deve ler-se Desse nosso Oriente como Faria diz que vira em um manuscripto. P. 363. V. 12. Meu infelice estado.] Todas as ed. Mas he erro visivel, porque o estado nada lhe podia ordenar, propriamente fallando: e a verdadeira lição está saltando aos olhos: Porque tem ordenado Meu infelice Fado &c. P. 363. V. 19. Humido inda do pranto.] Todas as ed. Mas he vicio, porque os sacrificios e offrendas á Noute de noute devem ser feitos; e este humido inda do pranto e lagrimas da esposa do cioso Titão denota que ja o sol era nado. E portanto a verdadeira lição he a que Faria diz encontrára n'um manuscripto: Humido ja do pranto, o que dá a entender que era sobre manhãa. P.368. V. 13. E assentareis meus prantos, meus clamores.] Todas as ed. Mas a verdadeira lição deste lugar he a que nos dá o P. Thomaz d'Aquino. E sentireis meus prantos, meus clamores. Porque o poeta não chama as Nymphas para que venhão applacar os seus prantos e clamores (que esse poder só tinha aquella, que os motivava); chama-as para que os venhão ouvir, e para que vejão a que estado o tem reduzido o seu amor, e a esquivança da sua amada. P. 380. V. 19. Ajuda quem ajuda contra a morte.] Todas as ed. He vicio: corrigimos Ajudai quem ajuda &c. P. 385. V. 17. E grita que culpado.] Todas as ed. Mas deve ler-se porque E grita qu'he culpado, do modo que eitá, não faz sentido. P. 388. V.21. Remette o moço logo Para onde estava a chaga sem socégo.] Todas as ed. Mas que he vicio, não ha duvida, porque a chaga devia elle ter no corpo, e não podia correr para ella: correo para a chamma, isto he, para a Nympha donde vinha o fogo que o abrasava. Corrigimos Para onde estava a chamma sem socêgo. PREFAÇÃO INDE X. Pag VII VIDA DE LUIS DE CAMÕES SONETOS. A chaga que, Senhora, me fizestes Acho-me da fortuna salteado Agora toma a espada, agora a penna (*) Ah Fortuna cruel! ah duros Fados XXXII 62 135 68 132 46 60 81 132 97 88 86 85 21 104 10 26 41 105 5 123 (*) Conjectura Faria e Sousa que este Soneto fosse feito a seu avô Camões II. 27 Apartava-se Nise de Montano Apollo e as nove Musas, descantando. Pag. 27 26 Bem sei, Amor, que he certo o que receio Crescei, desejo meu, pois que a Ventura 139 76 2 31 124 41 112 125 44 98 65 77 114 (*) Este Soneto anda impresso nas Rimas de Diogo Bernardes, que -o den por seu. |