Cancioneiro alegre de poetas portuguezes e brazileiros commentado....

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E. Chardron, 1887
 

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Passagens conhecidas

Página 268 - Ó tu, que tens de humano o gesto eo peito (Se de humano é matar uma donzela, Fraca e sem força, só por ter sujeito O coração a quem soube vencê-la), A estas criancinhas tem respeito, Pois o não tens à morte escura dela; Mova-te a piedade sua e minha, Pois te não move a culpa que não tinha.
Página 269 - E se, vencendo a Maura resistencia, A morte sabes dar com fogo e ferro , Sabe tambem dar vida com clemencia A quem para perde-la não fez erro...
Página 282 - E estes excomungados protestantes, (Olhem que bruta gente) Sempre casmurros, sempre enregelados, Bebendo no seu ale, E tasquinhando na carnal montanha Do beef cru e insípido! Pois os Christmas-pyes, gabado esmero De sarmatas manjares!... Olhem estas pequenas... são bonitas; Mas que importa que o sejam Se das Graças donosas praguejadas...
Página 219 - Se são polos que matastes, Se por vós que assi matais? Se são por vós, são perdidas; Que qual será a oração, Que seja satisfação, Senhora, de tantas Vidas? Que se vedes quantos vem A só vida vos pedir, Como vos ha Deos de ouvir, Se vós não ouvis ninguem?
Página 132 - O que realiza lá voluptuar de amor — Lá onde dorme a noite, acorda a natureza, Reluz a flor na calma e os hinos da devesa Ecoam dentro d'alma ais de pungido ardor. Aos jogos nunca foste, às águas de Versailles ? Vamos lá hoje! . . . ali, palácios e...
Página 122 - MULHERES Esforça meu coração não te mates, se quizeres lembre-te que são mulheres Lembre-te que é por nascer nenhuma que não errasse, lembre-te que seu prazer por bondade e merecer não vi quem dele gostasse. Pois não te dês á paixão toma prazer, se puderes ! lembre-te que são mulheres!
Página 121 - Arripia-se, pula, e dá-me um tombo Com pernas para o ar, sobre a calçada. . . . Dei ao diabo os namoros. Escovado Meu chapéu que sofrera no pagode Dei de pernas corrido e cabisbaixo E berrando de raiva como um bode. Circunstância agravante. A calça inglesa Rasgou-se no cair de meio a meio, O sangue pelas ventas me corria Em paga do amoroso devaneio!
Página 120 - Minhas roupas tafuis encheu de lama... Eu não desanimei. Se Dom Quixote No Rocinante erguendo a larga espada Nunca voltou de medo, eu, mais valente, Fui mesmo sujo ver a namorada... Mas eis que no passar pelo sobrado, Onde habita nas lojas minha bela, Por ver-me tão lodoso ela irritada Bateu-me sobre as ventas a janela... O cavalo ignorante de namoros Entre dentes tomou a bofetada, Arrepia-se, pula, e dá-me um tombo Com pernas para o ar, sobre a calçada...
Página 117 - Minha desgraça, não, não é ser poeta, Nem na terra de amor não ter um eco, E meu anjo de Deus, o meu planeta Tratar-me como trata-se um boneco... Não é andar de cotovelos rotos, Ter duro como pedra o travesseiro... Eu sei... O mundo é um lodaçal perdido Cujo sol (quem mo dera!) é o dinheiro... Minha desgraça, ó cândida donzela, O que faz que o meu peito assim blasfema, É ter para escrever todo um poema, E não ter um vintém para uma vela.
Página 139 - A serio os seus papeis. São elles, almas vãs, consciencias rebocadas, Que, em fim, merecem mais O comentario atroz das rijas gargalhadas Que ás vezes disparaes! Portanto é rir, é rir, hirsutos, grandes, lestos, i Nas comicas funccões, Até fazer morrer, em desmanchados gestos, De riso as multidões!

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