Gramática expositiva: curso superior

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Companhia editora nacional, 1927 - 425 páginas
 

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Passagens conhecidas

Página 409 - Alma minha gentil, que te partiste Tão cedo desta vida, descontente, Repousa lá no Céu eternamente E viva eu cá na terra sempre triste. Se lá no assento etéreo, onde subiste, Memória desta vida se consente, Não te esqueças daquele amor ardente Que já nos olhos meus tão puro viste.
Página 287 - Tão temerosa vinha e carregada, Que pôs nos corações um grande medo; Bramindo, o negro mar de longe brada, Como se desse em vão nalgum rochedo. "Ó Potestade (disse) sublimada: Que ameaço divino ou que segredo Este clima e este mar nos apresenta, Que mor cousa parece que tormenta?
Página 296 - Sabe que quantas naus esta viagem Que tu fazes, fizerem, de atrevidas, Inimiga terão esta paragem, Com ventos e tormentas desmedidas...
Página 305 - Alexandre, Marília, qual o rio, Que engrossando no inverno tudo arrasa, Na frente das coortes Cerca, vence, abrasa As cidades mais fortes. Foi na glória das armas o primeiro; Morreu na flor dos anos, e já tinha Vencido o mundo inteiro. Mas este bom soldado, cujo nome Não há poder algum, que não abata, Foi, Marília, somente Um ditoso pirata, Um salteador valente. Se não tem uma...
Página 305 - Dos cavallos o estrepito parece, Que faz que o chão debaixo todo treme: O coração no peito, que estremece De quem os olha, se alvoroça e teme: Qual do cavallo voa, que não dece; Qual co'o cavallo em terra dando, geme; Qual vermelhas as armas faz de brancas; Qual co'os pennachos do elmo açouta as ancas.
Página 278 - Ó gente ousada mais que quantas No mundo commetteram grandes cousas ; Tu, que por guerras cruas, taes e tantas, E por trabalhos vãos nunca repousas: Pois os vedados terminos quebrantas, E navegar meus longos mares ousas, Que eu tanto tempo ha já, que guardo e tenho, Nunca arados d'estranho...
Página 336 - No tempo que do Reino a rédea leve, João, filho de Pedro, moderava, De[s]pois que sossegado e livre o teve Do vizinho poder, que o molestava, Lá na grande Inglaterra, que da neve Boreal sempre abunda, semeava A fera Erínis dura e má cizânia, Que lustre fosse a nossa Lusitânia.
Página 375 - Oh meu segundo pai, oh meu mestre, oh vós que mil vezes me tendes salvado de mim mesmo, perdoai-me. Má ideia era a que me passava agora pela cabeça. Afigurava-se-me neste momento que D. Leonor estava junto de mim: via-a, aqui mesmo ao meu lado; via-lhe o sorrir suave; ouvia-lhe o respirar sereno...
Página 371 - Finalmente os mesmos vícios nossos nos dizem o que ela é. Uma cobiça que nunca se farta, uma soberba que sempre sobe, uma ambição que sempre aspira, um desejo que nunca aquieta, uma capacidade que todo o mundo a não enche, como a de Alexandre, uma altiveza como a de Adão, que não se contenta menos que com ser Deus.
Página 409 - Longe, por esse azul dos vastos mares, Na soidão melancholica das aguas, Ouvi gemer a lamentosa Alcyone, E com ella gemeu minha saudade.

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