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BIBLIOGRAPHIA DA IMPRENSA DA UNIVERSIDADE DE COIMBRA

NOS ANNOS DE 1872 E 1873

(Continuado do n.o 12, vol. xvIII, paginas 288)

I

68) Instituto (O) jornal scientifico e litterario, volume XV. Coimbra, Imprensa da Universidade, 1872, folio, 288 paginas.

69) 1873, folio, 288 paginas e 14 estampas lithographadas.

volume XVI. Coimbra, Imprensa da Universidade,

70)

revista scientifica e litteraria, XVII anno, segunda serie, volume XVII. Coimbra, Imprensa da Universidade, 1873, 8.o grande, 288 paginas.

Em 21 de fevereiro de 1838 alguns estudantes, que se tinham desligado da associação do theatro academico que havia nos baixos do Collegio das Artes ao Museu, conceberam o pensamento de fundar em Coimbra um theatro em casa que fosse sua.

Sendo pedido ao Governo para este fim o collegio de S. Paulo, foi logo por elle doado, e mais tarde confirmada esta doação pela carta de lei de 15 de setembro de 1841.

Immediatamente, no mesmo anno de 1838, se começaram as obras, e tal incremento tomaram, que em 24 de junho de 1839 foi aberto o theatro ao publico, dando-se a primeira récita. Ficou-se chamando Theatro da Nova Academia Dramatica (titulo que ainda hoje conserva) por ter a sociedade academica antiga continuado a dar algumas recitas no Theatro Academico, chamado do Museu.

Feitos os estatutos do novo theatro, eram tres as classes em que se dividia a associação, a saber: Instituto Dramatico, Instituto de Pintura, e Instituto de Musica.

O Instituto dramatico tinha socios prendados, e socios cujo fim era o exame e censura dos dramas que haviam de subir á

scena. Para a impressão d'estes exames creou-se um jornal, que tinha por titulo Chronica litteraria da nova academia dramatica: a sua publicação principiou em 29 de fevereiro de 1840, e acabou com o segundo volume no anno de 1841.

Alguns membros d'esta sociedade, presididos pelo sr. conselheiro Adrião Pereira Forjaz de Sampaio, tendo por mira a cultura das sciencias e letras patrias, e ainda mais a sua propagação pelas classes menos favorecidas da fortuna, tão pouco lembradas até áquella epocha, resolveram tornar-se independentes do theatro, e em uma das salas do mesmo fundaram, no principio do anno de 1852, a associação que hoje se denomina - Instituto de Coimbra.

Mais tarde conseguiram, pela portaria do Ministerio do Reino de 5 de setembro de 1853, que na parte occupada do edificio de S. Paulo fosse definitivamente estabelecida a associação, sem que esta ficasse sujeita ao encargo da renda, com que até áquella data contribuía para a Universidade.

O sr. conselheiro Adrião Forjaz, tendo sido eleito presidente, tractou logo da creação de um jornal, que representasse a sociedade nascente.

Pelo decurso do tempo o Instituto foi reformado: á sociedade scientifica junctaram-lhe uma secção recreativa,-triste enxerto em arvore tão frondosa, que, não podendo receber bastante seiva, definhou, morreu e por si mesmo cahiu. Mas, como para estas duas sociedades eram acanhadas as salas, e pouca commodidade offerecia o collegio de S. Paulo, tomou pois a sociedade a resolução, por iniciativa do seu presidente, o sr. dr. Antonio Augusto da Costa Simões, então deputado em côrtes, de pedir ao Governo de Sua Majestade o collegio dos Paulistas.

Entregue a representação no conselho geral de Instrucção Publica pelo presidente aos 19 de maio de 1868, este foi muito coadjuvado pelo antigo socio da mesma associação, o sr. dr. Adriano Machado, então director geral, e pelo sr. dr. José Ernesto de Carvalho e Rego, vice-reitor da Universidade, por causa da informação que deu, informação que era muito necessaria, a fim de se conseguir a posse d'este collegio.

Ao sr. vice-reitor da Universidade foi então expedida a portaria de 5 de julho de 1868, que permittiu que a sociedade do Instituto se estabelecesse no edificio dos Paulistas.

Alli por tanto se installou esta scientifica associação, com os gabinetes, sala das conferencias e o seu já mui rico museu archeologico, dirigido pelo eruditissimo socio, o sr. João Corrêa Ayres de Campos.

Acerca da indole do jornal escreveu o sabio presidente, o sr. conselheiro Adrião Forjaz, em o numero 1.o do primeiro volume, que se publicou em 15 de março de 1852, o seguinte:

«Publicado (O Instituto) no seio da primeira corporação scientifica de Portugal, e redigido por pessoas que se prezam e glo ríam de ter o nome de seus filhos, não sómente pugnará, sempre que for mister, por seus legitimos interesses; mas publicará com preferencia quanto respeitar de mais interessante ao passado, presente, e futuro da Universidade.»>

«Que o Instituto é absolutamente extranho á politica, manifesta-o seu titulo. Esta exclusão será rigorosamente mantida.» «A defensão tanto da religião do estado e da boa moral, luz e fundamento da sciencia, como da Egreja, mestra da verdade, o Instituto prestará de bom grado suas columnas.»>

«Jamais a impiedade, a calumnia, e qualquer personalidade, por mais encoberta que se apresente, qualquer que seja a fórma que tome, será admittida. »

«Hoje o homem que não póde seguir os cursos publicos, aquelle que se vê forçado a votar toda a existencia ás fadigas corporaes, o humilde artifice, o laborioso operario, tambem querem saber.»

«Os redactores do Instituto, intimamente convencidos d'estas verdades, e animados do sincero zelo pela sancta causa da educação do povo, reconhecem e acceitam esta nobre missão do jornal litterario. >>

Principiou o jornal O Instituto em 1852 no formato de 8.° grande; como porém a portaria do Ministerio do Reino de 5 de setembro de 1853 obrigasse a inserir nas suas columnas a legislação sobre instrucção publica, para assim poderem gozar do privilegio de ter a impressão gratuita na Imprensa da Universidade, tive

ram no volume II de augmentar o formato para folio, e assim continuou até findar o seu volume XVI.

O volume XVII voltou ao primitivo formato.

Para regular a 1.a serie foi reimpresso o primeiro volume em folio.

A redacção dos volumes XV e XVI era composta dos srs. drs. José Teixeira de Queiroz e Antonio da Cunha Vieira de Meirelles, e dos srs. A. A. da Fonseca Pinto, A. M. Simões de Castro, Candido de Figueiredo, Luiz Carlos Simões Ferreira e Luiz Guedes Coutinho Garrido.

Por fallecimento do sr. dr. Antonio da Cunha Vieira de Meirelles, que teve logar em 15 de janeiro de 1873, entrou para a redacção o sr. dr. Augusto Filippe Simões.

O volume XVII, primeiro da segunda serie, tem como redactores os srs. drs. Joaquim José Paes da Silva Junior, João José de Mendonça Cortez, João Jacintho da Silva Corrêa, Luiz da Costa e Almeida, Francisco Augusto Corrêa Barata e Julio Marques de Vilhena; e os srs. Candido de Figueiredo e Luiz Guedes Coutinho Garrido.

Sobre este jornal veja-se o sr. Innocencio Francisco da Silva, no seu Diccionario Bibliographico, volume 3.o, pagina 227.

(Continúa.)

A. M. SEABRA D'ALBUQUERQUE.

IMPRENSA DA UNIVERSIDADE

SCIENCIAS MORAES E SOCIAES

FAZENDA PUBLICA DE PORTUGAL EM 1874-75

(Continuado do n.o 1, vol. xx, paginas 10)

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O sr. Presidente do Conselho, começando por lastimar não ter sabido ou não ter podido convencer o sr. Rodrigues de Freitas, disse que nunca fôra intenção sua asseverar que aquelle ou outro senhor quizera atraiçoar a monarchia; mas apenas affirmar que reputaria trahir a monarchia se nesta questão elle orador se pozesse ao lado dos que propunham reduzir a dotação d'um membro da familia real.

Que esta era a sua opinião franca e clara, e observou que mais se convencera d'ella vendo que o sr. Rodrigues de Freitas, apezar do seu talento, julgou necessario para sustentar a sua opinião recorrer á comparação declamatoria, trivial e falsa de comparar as commodidades do rico e opulento com as necessidades do pobre e miseravel.

Se a questão fosse collocada naquelle campo confessava que não sabia defender nem a dotação de 16:0005000 réis que acualmente se dava ao sr. infante, nem a de 2:800 000 réis que o sr. Rodrigues de Freitas propunha, e que todos, ministros e deputados, teriam tambem de se despojar de parte das suas fortunas e de reconstituir de novo a ordem social.

Lembrou que em todos os paizes ha muitas razões politicas, plausiveis, que são o fundamento das deferencias havidas com ast eminencias sociaes, e que são essas mesmas razões que levaram a camara a manter a dotação atacada e o governo a não trahir a monarchia, afastando-se dos que querem o abatimento de todas as elevações e grandezas, e regeitando a proposta do sr. Rodri gues de Freitas.

VOL. XIX-N.o 2.

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