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como azemalas, & em asnos, & em carretas. E posto que se aqui pagão poucos dereytos pelo grande trato assomão a muyto. Chegado dom Lourenço à barra desta cidade mandouselhe Nizamaluco ofrecer por vassalo del rey de Portugal: & mandoulhe hû grande presète de mantimentos, ao que dom Loureço respondeo que ele não podia assetar coele nada sem licença do visorey ou lhe pagasse de parias cinco mil cruzados cadano. E que entretanto lhe daria seguro como deu: & assi ficou. E carregadas as naos de Cochim partiose dom Lourenço coelas para Dabul cuydado dachar ainda as naos dos mercadores de Cochim & a armada de Calicut, & não achado nada se partio pera Cochi onde chegou em fim Dabril, & achou ho visorey muyto agastado contrele & contra os seus capitães pelo que Maymame fizera aos mercadores de Cochim, & disselhe palauras descandalo culpando muyto a do Lourenço, & ele mostrou ho conselho que fizera sobre aquilo & os pareceres dos capitães, & regimento que leuaua, & visto isto pelo visorey mandou os preder & acusar & porque dom Lourenço se achou sem culpa foy ausoluto, & assi Felipe rodriguez por prouar ho que dissera em saindo do conselho, & os capitães que aconselharão que não pelejassem como não teuerão defesa forão condenados em perdimento de suas capitanias. E q fossem presos pera Portugal na primeyra armada q partisse. Dada esta senteça ho visorey proueo logo os nauios de capitães, & deu a nao de Rodrigo rabelo a dom Lourenço, a tafo rea de Fernão bermudez a Pero barreto, a carauela de Gonçalo de payua a Antonio lobo teyxeyra, a Dantão vaz a Duarte de melo, a de Francisco pereyra coutinho a Francisco danhaia, a galee de Payo de sousa a João serrão.

CAPIT V LO XXXVI.

De como ho capitão mór Tristão da cunha se partio de Moçambique pera sacotora, & de como queymou no caminho ho lugar de Hoia.

Ho capitão mór que arribou com a tormeta que lhe

deu â trauês da ilha de são Lourenço foy ter co toda a frota a Moçâbique. E hi soube per A fonso lopez da costa como Pero danhaia era falecido, & achou loão da noua que partido da ilha de Zâzibar onde inuernou, arribou a Moçãbique do cabo de boa esperança por lhe a nao fazer hua grade agoa co q se ho piloto & mestre não atreuerão a proseguir sua viagem: & por ho capitão mòr ser compadre & grande amigo de loão da noua The rogou que fosse coele â India do que ele foy contente. E por isso ho capitão mór mandou mudar a carga da sua nao â de lagos em que madou pera Portugal Antonio de saldanha que hia coele que folgou de tornar dali pera pedir a capitania de çofala, & ficando ho capitão mor em Moçambique esperando moução pera çacotora, vendo que não chegou ho comendador Ruy soarez q auia dandar debayxo da capitania Dafonso dalbuquerque no nauio de Pero quaresma, por fazer boa obra a A fonso dalbuquerque que lho pedio lhe deu em lugar de Ruy soarez a loão da noua, cuja nao era grande & bẽ amarinhada, & com a gente dela se perfazião os quatrocentos & cincoenta homes que Afonso dalbuquerque leuaua ordenados de Portugal pera trazer na sua armada, cỡ que auia de guardar ho cabo de Goardafum, & vindo a moução de çacotora partiose ho capitão môr & Feuereyro de mil & quinhentos & sete. E forão coele Afonso dalbuquerque, Ioa da noua, Francisco de tauora, Antonio do campo, Manuel telez barreto, A főso lopez da costa, Ruy diaz pereyra, lob queymado, & outros dous. E partido de Moçambique foy ter à Qui

loa, & hi achou ho capitão Pero ferreyra fogaça fora em parte do mando da capitania que lhe ho visorey tinha tirada por mexericos do feytor, & do alcayde mòr que lhe escreuerão dele, do que se ele queyxou a el rey de Portugal, & não auendo ele por bem ho que ho visorey tinha madado, escreueo a Pero ferreyra que se auia por seruido dele. E fez lhe merce de sessenta mil reaes que lhe madou pelo capitão mòr, a que mandou qtirasse de Quiloa ho feytor, & ho alcayde mòr & os leuasse presos, & fazêdoo ele assi se partio pera Melinde, onde achou Lionel coutinho. E hi sembarcou & foy visitar el rey, & entregoulhe da parte del rey de Portugal hum mouro chamado Cide mafamede natural de Tunez que mandaua ao preste co cartas damizade pera que dali ho madasse & coele hu mourisco Christão q auia nome loão sanchez, & hu Portugues chamado Ivao gomez hojardo, & encargado el rey de os madar partiose ho capitão mór pera hu lugar de mouros chamado Hoja vinte legoas de Melinde com cujo rey os gouernadores deste lugar que erão os mais velhos do pouo estauão de quebra. E por isso ho capitão môr ho quis destruir senão quisesse fazer paz coele, porque tendoà coele a teria com el rey de Melinde, & chegado ao porto deste lugar madou ofrecer paz à seus regedores, que por sere mouros & nossos immigos não quiserão somente ouuir ho recado do capitão mor & logo sairão todos à praya em som de guerra & muyto soberbos: & serião be dous mil homes os mais deles frecheyros, & os nossos mil, & vendo ho capitão mór engeitar a paz que ofrecia: pos em efeyto de destruir ho lugar, & dando disso conta aos capitàes da frota deu a dianteyra do cometimento do lugar a Afoso dalbuquerque, que saindo em terra com muytos fidalgos, & outra gête foy cometer os mouros que mostrauão muy to esforço pelejando valentemente: & acabando os nossos de desembarcar todos q se ajuntarão começouse hua aspera peleja q durou pouco, porq os mouros não podedo sofrer ho impeto dos nossos

acolherãose ao lugar que era raso, pelo que os nossos facilmente entrarão coeles matando quantos alcãçauão & poendo fogo ao lugar, ho que vendo os mouros como hião de vencida não teuerão coração pera fazer rosto aos nossos & vazarão fora do lugar, fugindo, & os capitães teuerão os nossos que os não seguissem contentandose com tere muytos mortos, & dos nossos nhů, & acabando de queymar ho lugar se recolherão â frota.

CAPIT VLO XXXVII.

De como ho capitão mór Tristão da cunha chegou á cidade de Braua & assetou com seus capitães de a destruir.

Destruydo ho lugar de Hoja, proseguio ho capitão môr

seu caminho pera hüa cidade de mouros, chamada Braucha ou Braua como lhe os nossos chamão, oytenta legoas de Hoja cercada de muro bayxo, & de caua bem arruada de casas altas de pedras & cal, cidade de grande trato, por isso ha nela muytos mercadores. Não tem rey, & gouernase pelos mais velhos do pouo, & de caminho tomarão os nossos duas naos de Cambaya muyto ricas & surto ho capitão mor co toda a frota no porto desta cidade, madou a terra Lionel coutinho com recado sobre ofrecimento de paz, & forão coele vinte dos nossos ficando todos os bateis da armada co as proas em terra co muyta gête pera lhe acodir se lhe os mouros quisesse fazer mal, eles estaua todos recolhidos na cidade, & quando virão que leuaua tão pouca gente sairão fora obra de cento. E hû deles preguntou a Lionel coutinho que queria, ele lhe respondeo por hu lingoa, dizědo que ho capitão moor daquela armada que era del rey de Portugal: queria assentar paz com aquela cidade. E por isso era ali vindo. Os mouros começarão logo de fajar antresi. E o lingoa disse a Lionel coutinho que se recolhesse, porq ho querião matar, & que isso era ho que dizião, & dom Ioão de lima, sobrinho de Lionel

TOMO II.

coutinho que hia coele, & seria de dezoyto anos quãdo isto ouuio disse que se os mouros aquilo dizião que não esperassem mais: & desse Santiago neles, & não que rendo Lionel coutinho este conselho: disse ao lingoa que dissesse aos mouros q ele não hia pera pelejar senão pe ra assetar paz que ho deyxassem tornar com reposta ao capitão mòr: & despois teria tempo pera pelejar, & assi The foy dito: & os mouros não deixauão de dizerem hus com os outros que ho matassem, então se recolheo Lionel coutinho quasi pelejado com os mouros que ho seguirão ate ho mar õde lhe socorreo Ruy pereyra coutinho com outros, & ambos voltarão aos mouros que fu girão logo, & Lionel coutinho foy ao capitão môr & lhe cotou ho que lhe acontecera, ho que sabido por ele chamou logo a côselho os capitães da frota & The propos que mandara dizer aos mouros, & o que eles fizerão a Lionel coutinho e lugar de reposta. A foso dalbuquerque disse logo que pois os mouros não quiserão paz, & erão tão soberbos respondião daquela maneyra q se deuia de pelejar coeles: & fazerlhe conhecer qua mal conselhados forão, & deste parecer forão Lionel coutinho, Ruy pereyra coutinho, & Francisco de tauora, os ou tros disserão q não deuia de dar na cidade, porq a fora estar forte de muros, & de caua tinha muyta gente, segundo virão nos muros, a qual a auia de defender, & que eles não trazia petrechos pera lhe darem cobate, & tabem que a desembarcação era muy to perigosa, & que primeyro que tomassem terra lhes auiam os mouros dé fazer muyto dano. Ouuido pelo capitão môr ho parecer dâbalas partes, olhou pera aqles que dizião que se não desse na cidade, & disselhes Bem sey eu señores què não vos parecer bem que demos na cidade que não hè por mingoa desforço, senão por desejo de euitar ho perigo de vossa gente assi como ho deuem de fazer os va letes capitães como eu sey que todos sois, & que se ametade dos que tedes forão da vossa qualidade que pos to que os mouros forão ho tres dobro, & os perigos muy

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