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mostrar que lhe fizera mal: & madaua ao meyrinho q lho trouuesse: & q ho castigaria. E se ho mouro dizia qho não conhecia, dizia q lhe pesaua muyto de ho não conhecer, porq logo lhe fizera justiça: porê q visse se ho conhecia. E coisto hia ho mouro satisfeyto & côtête. E quando lhe ho mouro dizia q conheceria que lhe fizera mal se ho visse, ou ho nomeauão, mãdaua ao seu meyrinho q ho fosse preder, & aos q lhe nomeauão madaua ho meyrinho logo auiso que se goardasse, & aos q The os mouros mostrauão daua dolho q fugisse (q assi lho tinha mandado ho capitão môr) & assi hus como outros fugião & se escõdião: pelo qual nüca ningue era preso, & os mouros se ficauão co seu mal. E co tudo pela diligencia q vião fazer ao capitão môr, & por quão menecorio ho via do q lhes era fey to ficauão muyto cổtêtes dele, & dizião que não auia tal capitão no mudo. E quando fazião queyxume a Cojeatar do mal q recebião dos nossos lhe contauão o q ho capitão môr fazia. Mas vedo q lhes não aproueytaua vsarão do q lhe mais podia aproueytar, q foy não sere soberbos dali por diate. E primeyro q isto fosse se passarão dias: nos quaes quanto se ajutauão os materiaes de pedra, cal, & betume, mandou ho capitão mòr a Pero vaz dorta q madasse começar dabrir os aliceces dhña torre da fortaleza: os quaes ele fez abrir è altura de seis braças, porq por ser area se não pode achar a terra firme em menos altura. E fazêdose assi a obra ho capitão mòr como era manhã se hia â terrada, ondestaua ate noyte q se recolhia a sua nao, sua nao, & mãdaua aos nossos q se vigiasse assi no mar como na terra: em que tambe elrey & Cojeatar mandauão a quatrocetos dos seus frecheyros q vigiasse & goardasse a nossa feytoria da bada de fora. E ho q moueo esta goarda foy Raix noradim por estar muyto be co ho capitão môr: porq lhe pedio nestes dias

The restituisse dous filhos q tinha q estauaão desterrados nas terras do Xeq ismael, porq quiserão matar a el rey Dormuz: do qual hu dos filhos q se chamaua Raix

delamixa era porteyro môr: & o outro q auia nome Raix xarafo era goarda mor. Dizendolhe q pois ele era sñor do reyno por el rey de Portugal lhe pedia q lhes perdoasse, & os mädasse tornar. E porq aquele caso era tão graue, não ho quis ele fazer: mas pedio a el rey & a Cojeatar que ho fizesse, & eles ho fizerão a seu rogo, & mãdarão seguro aos desterrados que estauao cổ họ Xeque ismael, pelo q souberão lâ ho q o capitão môr tinha feyto e Ormuz.

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De como fazendo ho capitão moor a fortaleza Dormuz chegou hû embaxador do Xeque ismael a pedir pareas a el rey Dormuz. E do que ho capitão mor the respondeo.

Iuntos

untos todos os materiaes que erão necessarios pera a fortaleza começou ho capitão mor de a edificar, & foy em hû dia Doutubro pela manhã, no qual sahio ele em terra co todos os capitães, & fidalgos: & ele foy ho que pos a primeyra pedra no alicece, & em a pondo desparou toda a artelharia da armada. E os questauão em terra fizerão grandes alegrias assi de tangeres como de câtares, & era a festa muy grade em todos, a que que ele fauorecía co muyto riso & prazer. E lhe dezia cousas muyto bem ditas sobre ho fazer da parede, porque posto que auia muytos pedreyros da terra todos os capitães, fidalgos, caualeyros, & toda a outra gête ho erão tambe, & seruião em amassar cal, & acarretar pedra: de maneyra q todos trabalhauão. E neste dia mandou elrey Dormuz bu grade almorço pera os officiaes, & hu abastado presente de fruytas pera ho capitão mòr, assi daçucar, como secas, q ele repartio pelos fidalgos qandauão na obra: & que pera se dar mayor pressa assi como se abrião os aliceces se fazia a parede, q neles era de vite pees: & era a tenção do capitão moor fazer hua

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torre de tamanho vão q atalhada pelo meo ficassem duas torres cada hüa de vinte & hu couados de vão em quoadra, afora a largura da parede q as partisse, & auia hua das torres de ficar de dous sobrados co seu terrado & peytoril, & ameas: & a outra auìa de sobir sobrela dous sobrados, & auia de ter curucheo. E parecendo a obra sobre a terra chegou â terra firme da båda da Persia hu embaxador do Xeque ismael, hu Principe que despois do grão Soldão não auia naquelas partes outro mais poderoso do q ele era. E este embaxador vinha a el rey Dormuz per mandado do Xeque ismael a pedirlhe pareas, as quaes lhe daua cadano como seu tributario que era, & mandanalhas pedir co quanto sabia que ho capitão moor lhe tinha ja ganhado ho reyno, que ho soube pelos filhos de Raix noradim que andauão em sua corte, quado lhes seu pay mandou ho perdão del rey Dormuz & de Cojeatar pera que se tornassem a Ormuz. E a vinda deste ebaxador deu muyto grande toruação a Cojeatar quando a soube. E logo ele & Raiz noradim. forão falar ao capitão moor, & lhe contarão a vinda do embaxador: & ao que vinha. E lhe disserão como sua vinda fora despois do Xeque ismael saber como ele tinha ganhado ho reyno Dormuz, pedindolhe que lhe dissesse ho q faria, porque ho ebaxador estaua na cidade. Ele lhe disse que não lhe desse nada da vinda do ĕbaxador, porque não era el rey Dormuz vassalo del rey de Portugal pera ho ser doutro rey ne Prîcipe, posto que fosse ho mayor do mundo, nem temesse que ninguẽ ho anojasse, porq ele ou seus capitães quaes quer que ali andassem ho defenderião de todo ho poder do mundo.. E quanto à reposta do embaxador que lhe não desse. outra senão a que lhe ele mãdasse sopena de ho anojarë. muyto. Elhe dar por isso castigo como por outro crime. muy graue. E que se fossem embora, & idos madou ho capitão môr tomar algus pelouros de bobardas, assi grossas como miudas. E tambe despingardas, & assi setas. E mandou os ao ebaxador do Xeque ismael per hum ca

ualeyro: mädandolhe dizer que aquela era a moeda q se lauraua em Portugal pera pagar pareas a quem as pedia aos reys & shores que erão vassalos del rey dom Manuel rey de Portugal & das Indias, & do reyno Dormuz, & que assi ho dissesse ao Xeque ismael. E que fosse certo que ele capitão môr esperaua de ho ir buscar, & a suas cidades & vilas, & trazelas todas por força darmas a obediencia del rey seu senhor. E q entã se poderia ver coele, & receber as pareas que mãdaua pedir. Da qual reposta ho embaxador ficou muy espatado, & calouse que não respondeo nada. E muyto mais espatado ficou quando Cojeatar lhe deu a mesma repos ta, q como digo assi ho tinha madado ho capitão mòr, & por isso ho Xeque ismael quando a soube ho teue & muyta estima por amor do que lhe madaua dizer, & ho mandou despois visitar sendo gouernador da India, & The mandou hum presente. E dali por diate não quis mais por amor dele pareas Dormuz ate que soube que Cojeatar se leuantara contra ho capitão môr, & que não auia Portugueses em Ormuz, e então fez guerra ao reyno Dormuz. E tendo ho capitão môr mandado este desengano ao embaxador do Xeque ismael acertou de partir hûa nao de mouros do porto Dormuz pera a India, & por hu mouro mercador Dormuz que hia nela, escreueo ho capitão môr ao visorey tudo o que tinha feyto des à partira de çacotorà ate aqle dia: & chegada a nao a Cochi, o mouro deu a carta ao visorey qachou de caminho pera Panane.

CAPIT V LO LXV.

De como ho uisorey peleiou na uila de Panane cổ muytos mouros, & os desbaratou, & lhe tomou a artelharia q tinhão.

Despois que Tristão da cunha chegou a Cochim que

cocertou as naos de sua armada estãdoas carregando te ue ho visorey por noua certa q em Panane hua vila porto de mar do reyno de Calicut quatorze legoas de Cochim, estauão muy tos mouros mercadores de Calicut que tinhão varadas suas naos por hu rio acima que ali se vinha meter no mar. E tinhão em terra muyla especia ria & droga pera leuare a Meca. E que pera goarda destas naos ate serem fora da costa da India estaua hu capitão del rey de Calicut chamado Cutiale valente caualeiro, que tinha cosigo perto de sete mil homes de peleja antre mouros & Nayres. E muytos paraos pera sua embarcação, & que os senhores das naos estauão todos rapados em sinal que auião de morrer sobre sua fazenda, se os nossos fossem pelejar coeles, pera o que estauão muy apercebidos de muytas estancias dartelharia q tinhão fey tas junto do lugar, que seria quasi hua legoa pelo rio acima, & assi na boca do rio por onde não podião entrar nauios dalto bordo, senão galês & outros nauios rasos. Sabido isto pelo visorey determinou de ir pelejar coesta armada. E Tristão da cunha tambem lho pedio porque desejaua de ser nağle feyto, porque dandolhe nosso señor vitoria se fizesse caualeyro seu filho Nuno da cunha. E acabadas as naos de 'Tristão da cunha de carregar partirão todos pera Panane a vinte tres dias do mes de Nouembro de mil & quinhentos & sete. E os capitães da armada do visorey forão dom Lourenço, Pero barreto de magalhães, Francisco danhaya, Antonio lobo teixeyra, Pero cão, Duarte de melo, Payo de sousa, Diogo pirez, Felipe rodriguez,、

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