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sua casa chamado Iorge daguiar, que hia em hũa nao chamada sam loão, em q auia de ir ate Moçambique, & dali se auia a nao de ir à India pera leuar ho visorey pera Portugal, & por sota capitão de Iorge daguiar hia outro fidalgo seu sobrinho chamado Duarte de lemos capitão de hua naueta chamada sacta cruz. Os outros capitäes que auião de ficar com Iorge daguiar erão Tristão da silua que hia na nao Madanela que era de carga & auia de ir nela ate a India pera lhe êtregar ho gouernador as duas galès q là andauão, & assi outros nauios el rey assinaua pera os leuar a Iorge daguiar, & q andar coele darmada. E assi Vasco da silueira que hia em hu nauio chamado ho rosayro, & Diogo correa, & Pero correa seu hirmão: hia tambem por capitão Francisco pereyra pestana na nao Lionarda por capitão de Quiloa: & nesta nao auia de ficar Iorge daguiar. Hião mais por capitães em naos de carga Vasco carualho em scta Maria do castelo, Aluaro barreto em sancta Marta, Ioão rodriguez pereyra em bota fogo, Ioão colaço na judia. E primeyro q esta armada partisse despachou el rey outra pera a India de quatro naos, cuja capitania mór deu a Diogo lopez de sequeira seu almotacé môr pera ir descobrir a cidade de Malaca onde tinha por enformação q vinha muyto crauo, & droga: & que de caminho descobrisse a ilha de sam Lourenço pera ver se auia hi prata & gigibre como disserão a Tristã da cunha, & se era cõueniete pera se fazer ali hùa fortaleza. E os capitães que hião coele erão Ieronimo teixeira, Gonçalo de sousa, & Ioa nunez: & partio de Lisboa neste ano de mil & quinhentos & oyto a cinco dias Dabril, & Iorge daguiar partio a noue. E nauegando ele pelo val das egoas indo toda a frota em coserua lhe deu hua tormenta muy braua com que alguas das naos se espalharão: & hua delas foy a de Frãcisco pereyra pestana que lhe quebrou ho masto grande com a braueza do vento, & por isso se tornou a Lisboa: donde despois partio a dezoyto de Mayo do dito anno, & foy inuernar

as ilhas primeiras trinta legoas a ré de Moçambique, & a capitayna arribou à ilha da madeira, por lhe arrebentar ho mastareo da gauia grande pera se ir hi aparelhar, & forão coela Tristã da silua & outras alguas naos. E aparelhado ho capitão môr partiose dali quarta feyra de treuas: & ainda na costa de Guinè se apartarão dele alguas naos com toruoadas. E seguindo daqui sua derrota indo na volta do cabo de boa Esperança perto das ilhas de Tristão da cunha, se achou com Aluaro barreto, & ao quarto da prima se leuantou hů vento rijo com que a nao Daluaro barreto que era pequena não pode sofrer tantas velas como leuaua, & amaynou delas, & ficou a tras da capitaina que por ser grade sofreo as velas, & na amaynou. E indo por aqle rumo Aluaro barreto se achou em amanhecendo co as ilhas de Tristão da cunha & não vio mais a capitayna: segundo as velas que leuaua indo tambe por aquele rumo poderia ir dar co algua das ilhas ao quarto da modorra, & como fazia escuro não a veria, & qbraria nela, & assi foy segundo despois pareceo. E das outras naos não ha mais q cotar, se não da de Vasco carualho que pera dobrar ho cabo de boa Esperaça se pos em quarenta & sete graos, onde no mes de Iulho achou tanta neue que com pâs a não podia deitar fora da nao: & ho frio era tamanho em estremo que dele lhe falecerão oyto pessoas, que morrerão estando assentadas falando huas cô as outras: & daqui foy ter a Moçambique, & dahi a India, õde ate a entrada de Nouembro forão ter cinco naos de carga desta armada, & a derradeira foy Daluaro barreto, que passando per Moçãbique achou hi Duarte de lemos co os outros capitães que auião de ficar darmada, & lhe contou como se apartara do capitão môr, & lhe deu a rezão porque se temia de ser perdido: & por isso Duarte de lemos se deixou ali ficar ate ver daquilo mais certo recado. E Aluaro barreto se foy caminho da India onde chegou a vinte noue Doutubro do dito ano, onde ja achou em Cochim os outros quatro capitães. s.

João colaço, Tristão da silua, Aluaro carualho, Ioão rodriguez pereyra : & daqla armada na se perdeo outra nao, se não a capitayna.

CAPITOLO XCII.

De como ho uisorey soube que el rey ho mandaua hir pera Portugal, & de como se partio pera Cananor.

Per algús destes cinco capitães fora dadas cartas ao

visorey del rey Dom Manuel de Portugal, em que lhe escreuia que auia por seu seruiço q ele se fosse pera Portugal, & lhe sucedesse na gouernança Afonso dalbuquerque: & ho mais que auia de fazer saberia pola nao sam Ioão. E assi escreueo a Lourenço de brito capită de Cananor, que entregasse a capitania a Afonso dalbuquerque, pera a dar a do Afonso de noronha. E per estas cartas soube ho visorey q elrey ho mãdaua ir, & ho soubera todos os que estauão em Cochim. Os quaes, assi pelo amor que tinhão ao visorey, como pelo medo q tinhão Dafonso dalbuquerque segudo os males que ouuião dizer dele aos capitães que lhe fugirão Dormuz, se começarão daluoroçar, & reqrer ao visorey q se não fosse pera Portugal, posto q viesse a nao em que ho el rey madaua ir: & ele respondia que não podia al fazer se na comprir ao pê da letra o q lhe el rey seu senhor mandasse. E por esta causa, & assi polo grande trabalho q os Portugueses sofrião na India, muytos lhe pedirão liceça pera se hire pera Portugal nas naos que se carregauão, principalmente os q tinhão acabado ho tepo de seus officios: antre os quaes foy do Aluaro de noronha capitão de Cochim, do q pesou muyto ao visorey por ser pessoa de singular saber, & caualeyro muy esforçado em que côfiaua muyto. E na sua vagante deu a capitania de Cochim a lorge barreto crasto, por ter hu aluara del rey, que a primeyra capitania q vagasse no mar, ou na terra q lha dessem: da qual dada Manuel

paçanha se agrauou muyto. E mais por ho visorey lhe disse q pois tinha acabado ho tempo da capitania Ďājadiua, q lhe não podia dar mais tempo ho ordenado dela. E por isso lhe pedio Manuel paçanha liceça pera se ir pera Portugal, pore despois reconciliarão & não se foy. E sabedo ho viso rey como cada dia vinhã rumes a Diu, & a necessidade que tinha dalgua nao grossa, vendo quatas aqle anno vierão de Portugal pareceolhe bề tomar algũa das del rey pera q ficasse na India: oğ pos em conselho, & nele foy acordado q se fizesse. E se assentou q ficasse a nao Bele, de que era capitão Jorge de melo pereyra : q folgou muyto de ficar vedo a necessidade que auia disso sem lhe lebrar o perigo de sua vida estaua tão certo. E carregadose as naos que auião de ir pera Portugal chegou Nuno vaz pereyra capitão da nao Sancto spirito, qera na ilha de Ceilão a buscar as parias, que do Loureço dalmeida assentara co ho rey desta ilha que pagasse a elrey de Portugal: & não trouue parias nẽ fez là nhu resgate q não quis el rey por induziměto dalgus mouros de Calicut q hi estauão. Tambe neste tempo que era a quatro dias de Nouembro, foy dado recado ao visorey per hu mouro mercador de Cochim, q el rey de Coulão lhe pedia amjzade, & que pagaria trezentos bahares de pimenta pela fazêda que se là perdera na nossa feytoria. E esta paz aceytou ho visorey co cõdição que lhe desse el rey de Coulão dous rubis muy ricos que tinha pera os madar a el rey de Portugal: mas isto não ouue effeyto. E despachadas sete naos da carga partirase duas primeyro, de q hia por capitão mòr do Aluaro de noronha & cico despois de q era capita mòr Ferna soarez. E vendo ho visorey que tardaua a nao em q el rey ho mandaua ir determinou de não agoardar mais, & irse, porquãto ja as outras naos que auião de ir pera Portugal estauão quasi carregadas: & hua delas era a de Tristão da silua, q vědo como não vinha a prouisam pera lhe dare as galés & nauios que auia de leuar ao cabo de Goardafum,

disse ao visorey que se qria tornar na nao em q fora, & tornouse. E antes do visorey partir pera Diu ouue coselho se indo de caminho daria em Calicut: & assentouse q não por ho perigo ser grande & ho proueito nhũ. E isto assentado partiose de Cochim pera Cananor a vinte cinco de Nouembro, onde achou Fernão soarez q se estaua acabado de carregar, & aqui se deteue ho visorey esperado polas outras naos, & pera acabar de prouer sua armada que auia de leuar a Diu.

CAPITOLO XCIII.

De como Afoso dalbuquerque chegou a Cananor & mostrou ao uisorey a prouisam q tinha pera gouernar a India na sua uagante: & como ho uisorey a não quis comprir.

Proseguido Afoso dalbuquerque sua viage pera India,

aos vinte oyto dias de Nouembro foy auer vista dela. & a primeyra terra que vio forão os ilheos de Batecalà õde do Antonio tomou hua nao de mouros q vinha das ilhas de Maldiua, & dali a leuou â toa ate Cananor onde chegarão hùa terça feira cinco dias de Dezĕbro. E em descobrindo Cananor foy grade aluoroço, assi na armada Dafonso dalbuquerque, como na do visorey, cuydado hus dos outros que erão rumes. E logo ho visorey se fez à vela co sua armada, & sayo da ponta contra Afonso dalbuquerque pelo que cuydaua. E ele cuydando ho mesmo se começou de fazer prestes pera pelejar, com quanto não trazia mais de tres nauios. E ho visorey chegou a meo caminho de mõte Deli, donde se tornou conhecendo que erão velas Portuguesas: & os Dafonso dalbuquerque repousarão da sospeyta que leuauão. E ele como soube que ali vinha ho viso rey mandou emrolar a bandeira que trazia na gauea, & saluouho com sua artelharia & trombetas: ho visorey lhe madou respõder pela mesma maneyra, & ho madou logo visitar &

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