Imagens das páginas
PDF
ePub

reyra seu sobrinho, por amor dele que lhe pedio que Iho deixasse ali pera companhia: & deu a capitania do seu nauio a Simão de lemos hirmão dele capită mòr, & despois disto adoeceo de febres: & por a ilha ser doetia se foy pera Melinde que he lugar sadio pera se curar là. E deixou recado a Francisco pereyra de berredo que leuasse pera a India na primeyra moução a dom Á föso de noronha, & a Fernão jacome seu cunhado: e como os leuou direy a diate.

CAPITOLO CXVIII.

De como ho uiso rey mandou Afonso dalbuquerque pera a fortaleza de Cananor. E como estando pera partir chegou de cacotorà do Antonio de noronha seu sobrinho.

Partido Diogo lopez de sequeyra pera Malaca: não se

sabe porque causa mandou ho viso rey dizer hů dia a A foso dalbuquerque, que lhe pedia por merce que sembarcasse na nao Sancto sprito, porque compria muyto a seruiço del rey seu senhor irse pera Cananor: porque se apagasse aqle fogo que andaua âtreles. Afonso dalbuquerque pelo que lhe tinhão feyto, & mandalo ho viso rey pera Cananor sedo ho tempo ainda muyto verde & madando ho em hua nao tão velha como era Sancto sprito, presumio que o viso rey ho mandaua ir pera que lhe desse hû trauessam na viajem que desse com a nao â costa, & morresse. E côtudo dissimulou & fez que entedia ho visorey ho mandaua prender, & foyse logo à ribeira onde andaua, & disselhe, Assi senhor que me prede vossa senhoria. Ao que ho viso rey respondeo com ho barrete na mão, dizendo que não prendia, se não que lhe pedia muyto por merce q se fosse a Cananor, porq assi era seruiço de Deos & del rey. E todauia A foso dalbuquerque insistio que ho madaua prender, & pois assi era q ele se hiria â prisã: & logo se foy embarcar na mesma nao q ho viso rey dizia, & dela

madou pelo seu fato. E isto fez pera mais sua justificação, & porque não teuessem seus imigos que lhe dizer: do que eles ficarão bem espantados. E embarcado A fŏso dalbuquerq, pedio ho viso rey a Marti coelho q fosse por capitão daqla nao, & despois q posesse A főso dalbuquerq em Cananor, fosse a Honor por Pero frz tinoca qhia por ebaixador a elrey de Narsinga: & estaua ali porq soube qstaua çarrado o caminho pera Bisnagar por auer guerra atre ho çabayo senhor do Balagate & el rey de Narsinga: & que pois não podia por esta causa fazer seu caminho q ho trouuesse. E por quanto por ser ainda ho tepo verde não auia ninguem que se embarcasse na nao, mãdou ho visorey embarcar ate quinze criados seus, os quaes goardauão Afonso dalbuquerque dez ou doze dias que esteue no porto por não fazer tempo pera sua partida: nos quaes leuou muyto mâ vida de chuuas & ventos: & nestes dias estaua Martin coelho em terra. E desamarradose hua vez a nao com tormeta, & indose pola agoa abayxo foy na fortaleza grâde reuolta pera que lhe acodissem: porque dizião os imigos Dafonso dalbuquerque que fugia, & se leuâtaua cổ a nao, & fizerão com ho viso rey q madasse, como mandou muyla gente em paraos, & bateis : & chegado â nao que acharão o que era bem quiserão dissimular ao que vinhão: mas Afonso dalbuquerque ho entendeo, & mandou dizer ao viso rey que sespätaua muyto de sua senhoria dar tãto credito a seus immigos, que cresse que se auia daleuatar em hua nao podre: & ho viso rey mandou então embarcar Martim coelho, & que esteuesse sempre na nao posto q não partisse. E despois disto chegou ao porto dom Antonio de noronha sobrinho Dafonso dalbuquerque, que ho viso rey mandara de Diu com hu nauio de mantimentos a çacotora, onde inuernou com dom Afonso de noronha seu hirmão, & era partido pera a India quãdo la foy ter ho capitão mór Duarte de lemos. E achando dom Antonio Afonso dalbuquerque naquele estado, & sabendo o que ho viso

rey lhe tinha fey to não quisera ir a Cochim, nem falarlhe, se não irse dali coele pera Cananor. Mas Afonso dalbuquerque lhe pedio q lhe fosse falar, & lhe desse conta do que fizera & ficasse em Cochim descansando: porq ficado lhe aproueitaria muyto em lhe mandar auisos do que se ordenaua contrele, porque não ficaua em Cochim de que se fiasse: & assi ho fez dom Antonio. E sabendo ho viso rey como não quisera ir com Afonso dalbuquerque pera Cananor agardeceolho muyto cuydando que ficaua pera ho acompanhar: & prometeolhe a capitania de Cochim, porque sem nhua duuida se auia de ir aquele anno pera Portugal & que auia de leuar cosigo a lorge barreto crasto: & coesta promesa lhe pedio a capitania do seu nauio que lhe ele alargou, & ho viso rey a deu a Ferna perez dandrade, & foy a primeyra capitania que teue na India. E jâ a este tepo Martim coelho era partido com A foso dalbuquerque pera Cananor: & passarão no caminho grandes toruoadas com q se a nao ouuera de perder atrauès de Calicut.

CAPITOLO CXIX.

De como aquiridos por Afonso dalbuquerque os fidalgos que inuernarão em Cananor se sollou, & do que passou com Lourenço de brito.

E chegados a Cananor desembarcou Afonso dalbuquerq,

& foyse à fortaleza acõpanhado de Marti coelho, & dos q hião na nao: & de muytos daqueles fidalgos q inuernarão em Cananor, que sabendo que vinha como erão seus amigos ho sahirão a receber, & vendo ele a Lourenço de brito disselhe, Senhor aqui me manda ho viso rey preso por isso tratayme como a preso, & ele lhe respondeo que não hia se não solto, & pera folgar naquela fortaleza onde lhe faria todo ho seruiço a podesse, assi polo merecimêto de sua pessoa como por lho ho viso rey mandar em hûa carta que lhe mostrou. E Afon

so dalbuquerque q sabia que Lourenço de brito fora ho principal que assinara nos capitulos pera lhe não darem a gouernança, disselhe que não tinha de ver com palauras pois as obras que lhe fazião erão tão roins, como estaua notorio na merce que lhe tirauão q lhe el rey seu senhor fizera da gouernaça da India: & sobrisso injuriado por tantas maneyras, & preso: porq ele por tal se tinha, & be ho adiuinhaua Afonso dalbuquerque. Porque despois q ele foy agasalhado na fortaleza Lourenço de brito lhe tomou secretamente a menaje que não saisse dela sopena de menos valer: & isto porque se não fizesse na India algu aluoroço de que deos & elrey fossem desseruidos, & que lhe madaua ho viso rey tomar a menajem assi secretamente porque se não soubesse: & porem que no mais que ho tratasse muy to bem, & assi ho fazia. E Afonso dalbuquerque goardaua bem sua menajem em não sayr nunca da fortaleza, se não com Lourenço de brito: nem disse a ninguem da menajem que lhe era tomada, & trabalhaua por acquirir a amizade de todos aqueles fidalgos qstauão na fortaleza pera os ter da sua parte, & daua a todos dinheiro q ho tinha muyto, & assi lho dizia por isso que gastasem afouto: & coisto aquirio a amizade de muytos, principalmente daqueles q andarão na sua armada da costa dalem. E coesta noua amizade ouue logo dous bandos hù Dafonso dalbuquerque outro de Lourenço de brito, & começarão os mexericos de tecer & coeles começarão de nacer nonos desgostos antre hu & outro, porem secretos, que em pubrico parecia que erão os mayores amigos do mundo: & quanto passaua em Cananor escreuia Lourenço de brito ao viso rey, & era a negoceação tamanha que nuca ho caminho da terra de Cananor pera Cochim estaua sem patamares & leuauão cartas dauisos, assi pela parte do viso rey como pela Dafonso dalbuquerque, a que foy dada hua carta que ho viso rey mandaua por ele, & pera isso se ficaua aparelhando Fernão perez dandrade. O que ho pos em grade trabalho & a seus

parceaes, presumindo q pois ho viso rey mandaua por ele era pera ho madar pera Portugal. E auido sobristo seu conselho acordarão de ho não consentir, porque vindo a armada de Portugal que esperauão que auia de ir dirigida a Afoso dalbuquerque pois ho elrey tinha por gouernador, que melhor lhe obedeceria achandoho ali que em Cochim onde lhe ho viso rey poderia muyto danar, porq como ho achassem em posse da gouernança obedecerlhião. E assi acordarão que pera fazer melhor olhe era necessario não pousasse mais dentro na fortaleza se não fôra, ainda que pesasse a Lourenço de brito. E isto assetado no domingo seguite antes de jantar despois de missa andando A föso dalbuquerque pas seando de fora da porta da fortaleza com Lourenço de brito, passou hu escriuão da feytoria a quem Afonso dalbuquerque disse que queria que ho ouuesse por seu capitão mòr, a q ele respõdeo q a q ele respõdeo q como seria aquilo se ho viso rey estaua na India, q ele não podia obedecer a dous capitães môres. E sentindo Loureço de brito q Afonso dalbuquerque dezia aquilo ao escriuão pera se decrarar coele, dissimulou, fazendo que ho não entendia, dizendo, Ande vossa merce & vamos jantar que sam horas: & tomoulhe a mão, como que era por amizade. Afonso dalbuqrque puxou por ela rijo, & tirouha dizendo que ho deixasse. E logo Loureço de brito pegou nele pera ho leuar pera dentro da fortaleza. Ao que Afonso dalbuquerque chamou aque dos seus: & então The acodirão todos esses seus amigos que erão muytos: & desapegara dele Loureço de brito, que ho tinha be aferrado, & bradaua da parte del rey alho deyxassem meter na fortaleza, porque estaua preso por mandado do viso rey, & quebraua a menagem que lhe tinha dada. E os da parte de Lourenço de brito acodirão tambě: & ouuerase de fazer hu mao recado, porque eles era menos, & ouuerão de passar peor se a cousa viera a rotura: & porisso Loureço de brito os apazigou, & tambe Afonso de albuquerque aos de sua parte. E Lou

« AnteriorContinuar »