Imagens das páginas
PDF
ePub

xou,

reço de brito lhe disse que porque lhe na goardaua a fè The tinha dada: & Afonso dalbuquerque respondeo, que porq The não entregaua ele a fortaleza q lhe el rey seu senhor mandaua entregar, & que ele nunca lhe dera tal fé: & mais q como lha auia de dar se ele andaua solto & por solto lhe dissera perante todos q ho recebia, & que assi lho mandara ho viso rey por hua carta sua, que tambe lhe mostrara peräte todos. E coisto ho dei& se foy pera a ponta onde se aposentou em hùas casas de palha, juto de nossa senhora da vitoria. E esses que ficauão com Lourenço de brito lhe disserão que deuia de hir co mão armada prender A fonso dalbuquerque: & ele disse que ho não faria, porque não soubesse a gente da terra que erão tam mal sufridos que peleja. uão hus com os outros estando ta poucos em terra de immigos, & tão apartada da sua. E se isto não fora bem tinha Lourenço de brito coração & esforço pera fazer o que lhe dizião.

CAPITOLO CXX.

De húa carta q ho uiso rey mandou a Afonso dalbuquerque por Fernã perez dandrade, & de como se soube que hia armada de Portugal.

E

estando assi a cousa ağla tarde chegou Fernã perez dandrade a Cananor: & quando Afonso dalbuquerque soube que vinha chamou logo todos os da sua liga, & animou os afazerem o lhe tinha prometido, & eles lho tornarão aprometer. E porq ele na teuesse rezâ de ir ver Ferna perez, fez se doente. E Loureço de brito sabendo que hia Ferna perez ho foy receber ao desembar ear, & contoulhe o que Afonso dalbuquerque tinha feito, & ele lhe disse q ja não tinha necessidade detender coele, porq a determinação do viso rey era entregarlhe a gouernaça da India, & irse pera portugal nas naos q tinha prestes se fosse caso q não chegasse a armada a

těpo pera se poder ir nela: & sobrisso lhe madaua hua carta que lhe trazia, & dali se auia de ir darmada ate Baticalà, & sóměte pera dar aquela carta tomara ağle porto. E dali se foy a ver Afonso dalbuqrque sabendo como estaua doente: & despois de ho ele receber co muyta festa lhe preguntou pola disposição do viso rey, & dizendolho Ferna perez lhe deu a carta que lhe trazia, em que Afonso dalbuquerque achou q ho viso rey The certificaua sua ida pera Portugal, & que se ficaua fazendo prestes pera isso, & que então lhe entregaria a gouernança, pedindo lhe muyto por merce que não cresse a que lhe dissesse que se não auia dir pera Portugal, porque prazendo a deos se auia dir em todo caso. Coesta carta foy Afonso dalbuquerque muyto ledo, & disse q sempre esperaua do visorey que auia dusar coele de rezão: & disse dele mil bes, atribuindo toda a culpa do que lhe era fey to a seus immigos: então se leuantou, & se foy pera Lourenço de brito, & lhe pedio perdão do que passara coele, dizendolhe que ho mandasse pelejar, & que poria a bandeira onde quisesse. E Loureço de brito lhe disse que lhe não lembraua ho passado: porem que se os deos leuasse a Portugal que ainda lhe lå auia de demadar o que passara antreles ambos que lhe não quisera comprir ao q Afonso dalbuquerque não quis responder por escusar brigas & falou em al. E partido Fernão perez que foy ao outro dia, chegou a Cananor seu irmão Simã dandrade, & disse que a monte Deli topara hua nao que vinha de Portugal cujo capitão se chamaua Gomez freire & dele soubera como vinhã de Portugal quatorze naos & por capitão môr de todas dom Francisco coutinho ho marichal, & que não tardaria tres dias. Da qual noua Loureço de brito ficou muyto agastado por ser o marichal muyto parente de Afonso dalbuquerq: & era muyto caualeyro, & auia destranhar muyto o que lhe fora feyto. É Afonso dalbuquerque soube logo esta noua pelo alcaide mór da fortaleza, pedidolhe aluisaras, & ele lhe deu mil cruzados, pedindo

The perdão de lhe não poder dar mais. E como quer que Loureço de brito se achaua muyto culpado contra A fonso dalbuquerq não quis esperar ali ho impeto do marichal & entregaualhe a fortaleza pera se ir pera Cochi, não lhe dizendo ho pera que: pore Afonso dalbuquerque a não quis tomar. Então a entregou Loureço de brito ao alcaide mòr secretamente: & assi se foy pera Cochim com Simão dandrade logo partio pera lâ, & per eles soube ho visorey a vinda do marichal, & que trazia por regimeto que desse em Calicut & que era sua võtade de dar logo nela. E por isso despachou na ora ao mesmo Simão dandrade na sua carauela, & a Antonio pacheco em outra co muytos fidalgos, & caualeyros escolhidos, & be armados: & mandoulhes que fossem receber ho marichal ao caminho pera ho ajudarem em Calicut: & mãdoulhe dizer que aquele era ho melhor refresco que tinha pera lhe mandar. E coisto se partirão em sua busca.

CAPITOLO CXXI.

De como partio pera a India por capitão mòr da armada dom Frãcisco coutinho marichal de Portugal: & como chegou lá, & do que fez.

Neste anno de mil & quinhetos & noue partio de Lis

boa pera a India hua armada de quinze naos a vinte de Março, de que foy por capitão môr dom Francisco coutinho marichal dos reynos de Portugal, caualeyro de muyto esforço a que el rey do Manuel mandou que se ainda ho viso rey esteuesse na india, que ho madasse pera Portugal, & metesse de posse da gouernança da India a Afonso dalbuquerque. E deulhe pera fazer aquela viagem hua grande & fermosa nao, chamada nossa senhora de Nazare. E fora os capitães da frota estes fidalgos & caualeyros. s. Pedrafonso daguiar na nao galega: & hia por sota capitão Francisco de saa em sam

[blocks in formation]

vicěte, Bastião de sousa em sam Iorge, Frãcisco de sousa macias em sam boauentura, Ruy freyre na garса, Gomez freyre no bretão, Iorge da cunha na Madanela, Francisco caruinel em Santiago, Rodrigo rabelo na bastiaina velha, Francisco marecos em outro bretão: & este inuernou em Moçambique, Lionel coutinho em frol da rosa, Bras teixeyra no ferros, Luys coutinho no seu nauio, Iorge lopez bixordo em Santa cruz. E-partidos estes capitães de Lisboa todos, saluo Francisco mareços que inuernou, forão ter a Cananor em Outubro, sem lhe acontecer na viagem cousa que seja de contar: & chegada esta frota Afonso dalbuquerq foy ver ho marichal â nao, & lâ lhe contou os agrauos que lhe forão feytos, assi em Cochim, como em Cananor, & como Lourenço de brito era partido, & deyxara a fortaleza ao alcaide môr. Sabido isto pelo Marichal, pareceolhe be sayr em Cananor, posto que ho não trazia na võtade, & a hi se enformou muyto be do que lhe Afonso dalbuquerque dissera, & achando ser tudo assi, estranhouho muyto, principalměte não lhe ser dada a gouernança que el rey mandaua que se lhe desse. E assentou em coselho com seus capitães de ho leuar pera Cochim poys era gouernador, & as cartas delrey de Portugal, & instruções que trazia vinhão dirigidas a ele. E estando aqui em Cananor, forão ter coele Simão dandrade Antonio pacheco, & lhe derão ho recado do viso rey, & ele folgou muyto de ver a boa gente que trazião. E não deu em Calicut por lhe Afonso dalbuquerque aconselhar que ho não fizesse, se não despois de ir a Cochim, porque traria mais gente. E partidos de Cananor, chegarão a Cochim: & em chegando, ho visorey mandou visitar ho Marichal ao mâr, & offerecerlhe a fortaleza pera pousar nela, & ho marichal lho madou ter em merce, & dizer que auia de pousar com Afoso dalbuquerque. E â desembarcaça do marichal ho sahio ho viso rey a receber à praya com todos os fidalgos que estauão em Cochim, & outras pessoas principaes. E foy

&

ho arroydo muy grade da artelharia ao desembarcar. E da praya se tornou ho viso rey pera a fortaleza, & ho marichal se foy com Afonso dalbuquerque a sua pousada, acompanhados de todos os de sua valia, & dos que chegarão de Portugal que era muytos. E passados dous dias, ho marichal foy ver ho viso rey: & perante ho capitão da fortaleza, feytor, alcayde môr, & outros of ficiaes, & muytos fidalgos & caualeyros lhe disse, que ele hia dirigido de Portugal pera Afonso dalbuquerq, a quem el rey seu senhor tinha por gouernador: & q ho achaua desapossado da gouernaça, & preso: que folgaria de saber como aquilo era, porque trazia poder pera ho meter de posse dela se fosse necessario: & pera fazer a carga de sua armada, sem ho gouernador da India entender nisso. Elogo mostrou as prouisões que trazia. Ho viso rey disse que Afonso dalbuquerque não estaua preso, nem nunca ho esteuera, que estaua em Cananor por estar mais a sua võtade: porque não auia de gouernar a India em quanto ele viso rey esteuesse nela, como tinha por hûa prouisam delrey seu senhor. Então deu as causas porque se não fora pera Portugal, como a tras fica dito: & assi disse como estaua pera se partir, pera o q tinha corrigidas tres naos, se fosse caso que não viessem outras: & pois as deos trouuera que The daua muytos louuores, & estaua prestes pera partir logo, porque tinha comprada carga pera aquelas tres naos. E tomou as prouisões do Marichal, & beijando as & pondo as sobre a cabeça disse que as auia por boas & lhe obedecia. E ali foy logo assentado que por quãto el rey de Portugal se obrigara a dar carga a muytas das naos que ho Marichal leuaua que erão de mercadores, & por sere muytas se duuidaua se aueria carga pera tantas que das naos q tinha corrigidas pera leuar não leuasse mais q a nao Belem, de que era capitão Iorge de melo pereyra, & as outras ficarião & hiria em seu lugar com a carga que estaua prestes duas da conserua do Marichal. s. a nao garça & a nao sancta cruz, &

« AnteriorContinuar »