The auia medo, posto q a viração lhes seruia a popa não tomou Pedraluarez cabral quatrocentos quintais de canela, & por the el rey mandar mais & ele a na querer por não ter necessidade dela, cuyou el rey que seria por não ter dinheiro pera a comprar, & q lho tomarião todo quando fora a treição de Calicut: & como desejaua muyto a amizade del Rey de Portugal, & que mandasse carregar em sua cidade, mandou dizer a Pedraluarez, que se deixaua de tomar a canela que lhe mandaua por falta de dinheiro ou de mercadorias, que ele lha fiaria ate tornar aa India. O que lhe Pedraluarez madou agardecer & dizer a causa porque não tomaua a canela, & mostrou ao messegeiro muy to dinheiro que ainda tinha pera a comprar se teuera necessidade. E el rey polo desejo que tinha da amizade co el Rey de Portugal, mandoulhe hum embaixador com Pedraluarez cabral, que dali escreueo a el rey de Cochim desculpandose de se partir sem lhe falar, & de lhe leuar os seus arrefes, encomendandolhe muyto os Portugueses que ficauão em Cochim, a que escreueo tambem. E os arrefens escreuerão a el rey que folgauão muyto de it a Portugal, & que Pedraluarez lhes fazia boa companhia. E co tudo el rey ficou muyto agrauado de Pedraluarez por se ir sem lhe falar & leuarlhe os arrefens, & dizia que ho enganara, porem tratou sempre Gonçalo gil & os outros muyto bem. CAPITOLO XLII. Do que aconteceo a Pedraluarez cabral tornando pera Portugal. Deste porto de Cananor, se partio Pedraluarez cabrat pera Portugal, & ho derradeyro dia de Ianeyro tomou naqle golfão hua grande nao de mouros carregada de mercadoria que deixou ir sem bolir nela por saber que era del rey de Cambaya & assi lho mandou dizer, porque sua ida áquelas partes não era pera fazer guerra co mo dizião os mouros de Meca se não pera fazer amizades & tratar, & se fizera guerra a el rey de Calicut fora pola treição q lhe fizerão os mouros de Meca por seu cosentimento. E estes comprimentos fazia Pedraluarez porque não esquiuassem na India os Portugueses: & despois disto deu a nao de Sancho de thoar em hû baixo por má vigia & perdeose, & escorrendo Pedraluarez Melinde foy ter a Moçambiq, donde mandou Sancho de thoar em hua nao das da armada a descobrir a ilha de çofala, mandandolhe que descuberta se fosse pera Portugal, pera onde se ele partio despois de dar pendor ás naos, & ate ho cabo de boa Esperança correo muytas tormentas com que se apartou de sua conserua hua nao que nunca a mais vio em toda a viagem, & passados muytos & grandes perigos dobrou ho cabo a vinte dous de Mayo. E continuando daqui sua nauegação foy aferrar ho cabo verde, onde achou Diogo diaz hum dos capitães que partio coele de Portugal que se apartou dele com a tormenta com que çoçobrarão as quatro naos, & este lhe contou como por erro do seu piloto se metera no mar roxo, & hi andou muyto perdido, & perdera ho batel, & the morrera muyta gête. E não se atreuendo ho seu piloto ao leuar aa India, se tornou pera Portugal, & no caminho lhe morrera tanta gente de fome & de sede que lhe não ficarão viuas mais de sete pessoas que auia muytos dias que milagrosamente mareauão à nao, & a trouuerão ali com ajuda de nosso senhor, porque doutra maneyra não podera ser, & daqui se partio pera Portugal, & chegou a Lisboa ho derradeiro de lulho de mil & quinhentos & hum & foy recebido com grande solenidade. E el Rey dom Manuel lhe fez muyta honrra, & despois chegou Sancho de thoar que descobrio cofala, de cujo sitio direy a diate: & coesta derradeyra nao tornarão seys a Portugal de doze que forão na armada de Pedraluarez cabral, & as seys se perderão. CAPITOLO XLIII. De como foy por capitão moor da segunda armada da Antes de Pedraluarez cabral tornar de Calicut, não de vêdose com el rey foy por ele certificado de todo o que acontecera a Pedraluarez em Calicut, & do mais que despois fez: el rey lhe offreceo carrega pera as naos que leuaua, que ele não quis tomar sem ir a Cochim & verse com Gonçalo gil que Pedraluarez cabral deixará por feytor, & logo se partio: & de caminho tomou por força hua nao de mouros de Calicut & queymada chegou a Cochim, & Gonçalo gil barbosa ho foy ver ao mar, & lhe disse que el rey de Cochim ficara escandalizado de Pedraluarez cabral por lhe leuar os seus arrefens, porem que sempre tratara be os Portugueses que la ficarão, & porq os mouros lhe poserão hua noyte fogo na casa onde pousauão os recolhera aos seus paços, & se de dia yão fora madaua coeles Naires que os goardassem dos mouros que desejauão de os matar, & assi The disse que não tinha carrega despeciaria pera lhe dar, porque a mercadoria da feytoria não se vendia que estoruauão os mouros a venda, & tambem aconselhauão aos gentios que lhe não dessem nhua pimenta se não a troco de dinheiro, por isso que não poderia carregar se ho na leuaua. E porque loão da noua nem os outros capitães ho não leuauão se não mercadorias não se quis mais deter, & tornouse a Cananor pera ver se poderia hi tomar carrega a troco delas. E sabendo el rey como ele na leuaua dinheiro, disselhe q por não tornarem as naos vazias de todo a Portugal ficaria por fiador de mil quintais de pimenta & de cincoenta de gingibre, & de quatrocentos & cincoenta de canela ate se vender a mercadoria que leuaua, com condição que a deixasse em Cananor co hù feytor & hu escriuão: & assi foy feyto, & mais deixou com ho feytor algûs Portugueses. E carregada esta especiaria que digo, aos quinze dias de Dezembro aparecerão ao mar oytenta paraós que passauão pera mõte Deli: & estes erão de hûa grande armada que el rey de Calicut mandaua pera tomar loão da noua, & os que estauão coele carregando em Cananor. que el rey mandou dizer a loão da noua, & porque |