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Rabada (Liv. 1.o pag. 29, lin. 9) he o rabo dos carneiros chamados de 5 quartos, de que falão a cada passo os nossos Escritores, e particularmente Fr. Gaspar de S. Bernardino, Itiner. cap. 11. fol. 57. Peganho de vento (Liv. 1.° pag. 98, lin. 30) he o mesmo que Fern. Mend. Pinto, cap. 53, chama pegaổ de vento, s. pé de vento mui rijo.

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Forcadura (Liv. 1.o pag. 267, lin. 1). Tenr. cap. 17, falando dos xareis entre os Persas, diz que os adornão « com forçadura de retroz de cores» imas n'hum, e noutro lugar são frocaduras, s. adorno de frocos, ou borlas e assim o entendeo Duarte Nunes de Liao, que fazendo na Parte 4. tit. 1.° L. 1. o resumo da Lei de 3 de Junho de 1535, no § 5 (que he o lugar citado por Moraes) converteo em froccaduras a palavra forcaduras, de que usa aquella Lei, como se vê de hum impresso Gothico, que temos presente. Galhardo (Liv. 2. pag. 83, lin. 28). Vê-se que he arma defensiva, e poderá ser couraça, ou cousa semelhante; mas nao tenho achado esta palavra em outra parte. Couto (Liv. 2.° pag. 145, lin. 6), significando certa medida, acha-se nas Constit. antigas da Ordem de Christo, cap. 16, fol. 22, onde se determina que «o beentinho seja de pano de laam branco de cinco palmos e de hů couto ao menos em longo »; nas Constit. de Miranda de 1563, tit. 2.° Const. 1.a fol. 9, onde se defende aos Clerigos « q nã tragam manteos nas camisas q sejam mais altos q de hu couto »; na Lei de 1535, que traz Duart. Nun. de Lião, Parte 4. tit. 1.° L. 1. § 2, e na Lei de 5 de Junho de 1560, § 4 (no mesmo tit. 1.° L. 2.a), onde expressamente lhe chama « hu couto de mão travessa ». E ainda n'algumas partes se usa esta palavra. Barros

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porém, Decad. 2. Liv. 1.° cap. 6.° diz que a mina hia dara obra de hua braça abaixo da garganta do poço » . Piar (Liv. 2.o pag. 178, lin. 36) por pilar já o traz Moraes. E aproveito esta occasiao para aclarar o que diz o mesmo Moraes verb. Pear, e Piar, onde entende por calças de pear, ou piar, calções até baixo, e talvez justos. O lugar de Tenr. cap. 17, que elle cita, he assim « meas calças sobre ceroulas de pano azul, de piar inteiro"; meas calças segundo o mesmo Tenreiro, cap. 6, são do joelho para baixo, o que hoje chamamos simplesmente meias; e falando dos Chins, diz Fr. Gaspar da Cruz, Cap. 13, que « usam de mea calça de piar inteiro, as quaes sam muy bem feytas, e pespontadas »; e aqui tem apparecido algumas assaz curiosas, e de pé inteiro. Finalmente já Fr. Gaspar de S. Bernardino, Cap. 13, a fol. 70, col. 4.a, e fol. 71, col. 3.a, fala em calções, meyas, e çapatos, de que usão na Persia homens, e mulheres. Donde se colhe que não se diz calções, ou calças de piar, mas meas calças de piar inteiro, que são meias de pé inteiro.

Tosões (Liv. 3. pag. 216, lin. 33). Este lugar entende-se melhor por Fr. Gaspar da Cruz, Trat. das Cousas da China, Cap. 3.o, onde diz « trazem ha cabeça por baixo toda em roda trasquiada, e ho demais cabello escarrapiçado pera cima, alevantandoo muitas vezes pera o aar com as mãos, q the fica como em lugar de barrete ».

Motamo (Liv. 3.o pag. 217, lin. 19). Nao tenho achado que genero de lavor, ou adorno significa esta palavra; mas ha hum lugar semelhante no Cancioneiro de Resende, fol. 161, col. 1.a, com huma trova de D. Alvaro de Atayde feyta á gangorra, ou carapuça de Lopo de Sousa.

Gangorra senhora mana

que ousadia foy esta

que vos nam soes para festa

que fosseys vos de tauxia

nem motam ·

nam vos traria na mam.

Parece que será esmalte, ou filagrana

Fuzileira (Liv. 3. pag. 218, lin. 9, e Liv. 5.o pag. 138, lin. 27). Não sei se será fundição, derivada do Latim fusilis. Dos Jaos diz Barros, Decada 2.a Liv. 9.° Cap. 4. serem grandes homens de fundiçao, e Goes, Chron. de D. Manoel, Parte 3.a Cap. 41, que sao grandes fundidores dartilharia, sinos, e espingardas. Embaçar (Liv. 3.° pag. 221, lin. 16)., Este lugar allude ao Cap. 18.o do mesmo Livro. Á primeira vista parece ser erro por embaraçar; porém reparando nas significações do verbo embaçar, ainda se poderá conservar aqui.

Fazedor (Liv. 3.o pag. 475, lin. 23). Cavallo fazedor be na frase de Barros, Decada 2.a Liv. 10.° Cap. 5.o hum pouco desasegado, ou desassocegado, como hoje dizemos.

Monte (Liv. 3.o pag. 488, lin. 1). Aqui he montaria; mas não me recordo de o achar em outro algum lugar nesta significaçao.

Cayados (Liv. 4. pag. 25, lin. 4). Na India servírão alguns sujeitos deste appellido; e de hum BartolomeuCayado me recordo que faz mençao Barros, Decad. 3. Liv. 5. Cap. 2.° Parece pois o Governador alludir ao que alguns irmãos Cayados nessa occasiaõ, ou em outra haviao dito.

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Garfos, e toalhas dos Chins (Liv. 4.° pag. 57). Ainda que daqui tomou Goes, Chron. de D. Manoel, Parte 4. Cap. 25, o que diz a este respeito, deve-se isso emendar pelo que dizem, como testemunhas de vista, Fr. Gaspar da Cruz, Tratado das Cousas da China, Cap. 13.o, Navarrete, Tratados da China trat. 1. cap. 6.o § 13, cap. 6. § 13, e Fernao Mendes Pinto em varios lugares, que todos affirmao nao usarem os Chins

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de toalhas, ou guardanapos na mesa, nem tampouco de garfos, en lugar dos quaes se servem de dous páosinhos muito curiosamente lavrados; e o mesmo praticao os Japonezes, Cartas do Japão impressas em Evora em 1698, tomo 1.° fol. 172, col. 4.a

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Roncas (Liv. 4. pag. 57, lin. 29). Nem nos Autores que escrevem da China, nem em outra parte tenho encontrado esta palavra. Occorre-me que aqui haverá erro, e o Autor quererá falar de espadas rombas, de que na China se usava, segundo o citado Fr. Gaspar da Cruz, cap. 9.o, ou se quereria falar de rodellas. Por nao (Liv. 5.o pag. 153, lin. 24), pag. 153, lin. 24), s. quando na náo se tocasse ás Ave Marias. Semelhante frase se acha na Ethiopia do Padre Francisco Alvares, fol. 121 «Ho mestre do Galiam tagio ho apito, e deu pater noster por nao, de mão em mão polla alma do grumete que hia no batel. » Ilha da Madeira (Liv. 5.o pag. 187, lin. 11). Na costa da Arabia não ha tal ilha; mas entre o Cabo de - Fartaque, e o de Roçalgate ha a ilha de Muria a par da de Curia, e ambas sao nomeadas nas nossas Historias da India; e comparada a distancia destas ilhas ao Cabo de Roçalgate, segundo Barros, Decad. 1.a Liv. 9. Cap. 1.o, com o que andárão os naufragantes (Barros, Decad. 3. Liv. 4.° Cap. 3.o, e Castanheda no lugar citado), occorre que o Autor quiz falar da ilha de Muria. Ainda que antes me parece que falou de outra ilha, que na mesma costa se acha em 20 gráos de altura, à que Castanheda, Liv. 2.° pag. 282, lin. 14, chama Maceira, e Fr. Gaspar de S. Bernardino no seu Itinerario, Cap. 10. pag. 50, Macieyra; a qual nos Mappas ora se denomina Maceira, ora Mazira, ora Magiera; e em qualquer das supposições não se deve reparar em que o numero de legoas andadas não ajuste bem com as distancias geographicas, porque os caminhos por terra nunca correspondem bem áquellas medidas, nem nós sabemos em que ponto da costa sahírão os naufragantes.

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Rosulho (Liv. 5.o pag. 254, lin. 15). Vê-se bem que he resto, e sem dúvida he derivado do residuus Latino.

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Fiá (e não fía) dagoa (Liv. 5.o pag. 265, lin. 27, e Liv. 6. pag. 76, lin. 20) he o mesino que fiada dagoa, como diz Couto, Dec. 4. Liv. 6.° Cap. 8.o citado por Moraes: deriva-se do phiala Latino, e significa huma tigela. Antigamente se chamava fiã. Xabandaria (Liv. 5.o pag. 307, lin. 33) deve de ser a Ribeira das náos, porque xabandar, como diz Castanheda, Liv. 3.o Cap. 17, pag. 47, he officio antre os gentios & mouros, como antre nos patrão da ribeira. Altura de leste a oeste (Liv. 6.o pag. 13, lin. 19). Altura chamavao entao nao só á latitude, como hoje dizemos, mas tambem á longitude. E Antonio Ribeiro Chiado, no Auto intitulado Pratica de oyto feguras, em Gothico, sem anno, nem lugar da Ediçao, a fol. 6, col. 2.a, usa em sentido figurado desta expressao.

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Vos achastes ao saber

altura do leste a oeste.

Cor de maçaã bayones (Liv. 6.° pag. 56, lin. 7). Isto he tirado da Ethiopia do Padre Francisco Alvares, Cap. 82, que assim descreve o Prestes: « Nu idade, color: e estatura de home macebo na muyto preto, seria de color castanha ou de maçaã bayones nam muyto parda e em sua color bem gentil homem &c. "Estes lugares declarão outro que vein nos Autos de Prestes, fol. 105.

Señora Ines

não passeis dessa maneira
daynos vista labareyra

desse rosto baiones

e dessa graça trigueyra.

Em Tras dos Montes são muy vulgares as maçaas baionezas, a que se daria este nome por virem de Baiona, e são grandes, doces, e pardas junto do pé.

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