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dir paz a Ruy Lourenço que lha deu com codição que ficasse vassalo del Rey de Portugal com pagar cem miticais de tributo cadano & trinta carneyros. E ele foy contente, & pagou logo ho tributo daquele anno. Isto feyto foyse a Melinde è busca Datonio de saldanha que não era ainda vindo: & achou q el rey de Môbaça fazia guerra a el rey de Melinde por ser amigo del Rey de Portugal, & que estaua pera vir sobrele co muyta gendo que el rey de Melinde estaua agastado: & Ruy Lourenço ho esforçou, dizendo que ele faria tanta guerra a el rey de Mobaça q ho deixasse: & partiose logo pera Mombaça & de caminho tomou duas naos & tres zambucos em q tomou doze mouros que erão os principais regedores dua cidade daquela costa chamada braua q alem de se resgatare por muyto preço por saluarem hũa nao que vinha atras em que trazião muyta riqueza se fizerão vassalos del Rey de portugal com quinhentos miticais de tributo cadano que logo pagarão. E chegado Ruy Lourenço á barra de Mombaça pos se ali pera tolher as naos que fossem de fora que não entrassem & soube logo que el rey de Mombaça era partido pera Melinde, & assi era. E sabedo el rey de Melinde como ya ho sayo a receber & ouuerão batalha. E não ficado a vitoria com nhu el rey de Mobaça se tornou logo, porque soube como Ruy Lourenço estaua na sua barra & temeose de desembarcar, & fazerlhe muyto dano na cidade por a pouca gête que lhe ficaua: & andado muy to depressa chegou a Mombaça onde achou que tinha recebida muyto grande perda de seus dereytos por as naos que Ruy Lourenço estoruara que nã fossem a seu porto, & vio que lhe não podia fazer outra mayor guerra que aquela. E neste tempo chegou Antonio de saldanha a Melinde. O sabido por el rey de Mombaça temeose que co seu fauor lhe fizesse el rey de Melinde guerra, & por isso fez paz coele. E vendo Antonio de saldanha que el rey estaua em paz, partiose com Ruy Lourenço, & dobrado ho cabo de Goardafum forão ter a hu lugar

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grande chamado Mete senhoreado por hu Xeque, com cujo consentimento Antonio de saldanha mandou fazer agoada, & fazedoha leuantaranse os mouros contra os Portugueses, que saindo bem da peleja com deixarem tres mouros mortos se recolherão: & esbombardeado ho lugar, na se quis Antonio de saldanha ali deter mais, & atrauessou á costa Darabia acima Dadem pera ir inuernar a huas ilhas que se chamão de Canacani, & ates de chegar a elas tomou duas naos de mouros: & querendo fazer agoada na costa não pode por lho côtrariarem os mouros per duas vezes, & tendo muyta necessidade dagoa por as ilhas a não terem, se partio pera outras que não pode tomar, pelo que lhe foy necessario irse caminho da India, & por ser ja lá inuerno foy com muyto perigo tomar a ilha Danjadiua, onde ho achou Lopo soarez como direy adiate, & Diogo fermandez peteira tambem passou muyta fadiga & foy ter a Cochi no cabo da guerra que Duarte pacheco teue com el rey de Calicut como agora direy.

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CAPITOLO LXV.

ho capitão mór Duarte pacheco fez em Cananor indo pera Cochim: & do q lá passou com el rey. Partido Frăcisco dalbuquerq pera Portugal, Duarte

pacheco que ficaua por capitão mór na India, em quanto se auia de deter em Cananor pera tomar mâtimentos, foy surgir fora da ponta de Cananor: & dali mãdaua a Pero rafael andar de largo, & que lhe fizesse arribar quantas naos podesse: & ele ficaua só: porque Diogo pirez ficara em Cochim com sua carauela a monte. E Pero rafael fazia arribar as mais das naos huas por medo de as meter no fudo com artelharia, outras por sua vontade. Duarte pacheco sabia muy miudamente dode erão, & pera onde yão, & o que leuauão, & se achaua pimēta tomauâlha. O que fez a alguas naos que yão de

Calicut. E tão rigurosamente ho fazia que era muy temido. E fazendo isto hua noyte derão sobrele obra de vinte cinco velas tão de supito, q lhe fizerão crer que era armada de Calicut por as atoadas q disso trazia E pola pressa em que se vio mandou alargar a ancora pelo escouuem que a não pode leuar pelo cabrastante. E dando ás velas se fez na volta do mar pera se poer abalrauêto daquelas velas, em que mandou desparar sua artelharia. E como erão zambucos carregados darroz, acolherão se quanto poderão, & algus vararão è terra se não hua grade nao de mouros que vinha em sua conserua, em que irião bem quatrocentos que erão do reyno de Cananor. E parecedolhe que se podessem ajudar dos nossos andarão coeles ás frechadas, & bombardadas ate ho quarto dalua que disserão que erão tendolhe mortos noue homens, & feridos muytos. E porque ja neste tempo não ousaua de passar por ali nhữa nao com medo de ser tomada, partiose Duarte pacheco pera Cochim, & no caminho pelejou com alguas naos de mouros, & delas tomou & queimou, & outras meteo no fùdo: & com muyto gråde vitoria chegou a Cochim á nossa fortaleza öde soube do feytor que a noua da guerra del rey de Calicut era verdadeyra, & que el de Cochim estaua com gråde medo, & que os mouros de Cochim erão muyto contrairos a soster a guerra contra el rey de Calicut. E ao outro dia foy ver el rey de Cochim leuando seus bateys apadessados, embädeirados & artilhados: & fezse muyto de festa pera que alegrasse el rey de Cochim, que sabendo quão pequena armada lhe ficara não se pode alegrar: & muyto triste lhe disse q os mouros de Cochi The tinhão dito q ele não ficaua na India se não pera recolher a fazeda da feytoria de Cochim com ho feytor, & os mais que estauão nela, & leuar tudo a Cananor, ou a Coulão: que lhe rogaua muyto que lhe dissesse se era verdade, porque a ele lho parecia segundo a pequena frota que lhe ficaua, nem ele não quereria ficar pera pelejar com tamanho poder como era ho

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del rey de Calicut, se não pera fazer o que lhe os mouros dizião: por isso q lhe dissesse a verdade, porque se era assi buscaria seu remedio em quanto teuesse tempo posto q ele ho tinha bem mao se ho ele desemparaua, pois na tinha outrem que ho ajudasse: & conhecendo Duarte pacheco a descõfiança del rey agastouse muyto, & respondeolhe, dizendo. Muyto me espanto de ti tendo tanta experiêcia da lealdade dos Portugueses pregûtarme se fiquey pera fazer tamanha trey ção como seria se fizesse em tal tempo o que te disserão os mouros: & crelos sabendo que sam tamanhos nossos imigos como está notorio: & sabendo tudo isto não deueras de poer è pratica hua cousa tão fora de rezão. Porque se a Fracisco dalbuquerque quisera fazer muyto melhor fora fazelo ele co todos os capitães, porque deixandome só pera ho fazer corro risco de me sair nesse mar hua grossa armada del rey de Calicut & tomarme. E queredo todauia que ficara pera ho fazer, ele to dissera & que ho fazia por se temer del rey de Calicut: porque te tinha por tão arrezoado que te não parecera mal fazelo por essa causa: pois dela te resultaua proueito que ficauas liure da amizade del rey de Calicut, o que se os mouros bem atentarão não disserão tamanha falsidade, & cre q se nos podessem empecer em mais que ho farião, & ati pelo amor que nos tes, & eu ho sey muy bem: mas não te de disso, que posto q percas a eles & aos outros de teu seruiço, cobras a mi & a quãtos Portugueses qua ficão q morreremos todos por te seruir se for necessario: & pera isso ficamos na India, & eu principalmente: q ningue me obrigaua a isso, se eu na quisera. Mas obrigou me ho desejo que tenho de te seruir pola fé que goardaste aos nossos ate perder Cochim, & ho ver queymado. Do que te deues de prezar muyto pois por isso se estendera tua grande fama per toda a terra: & ficara teu louuor pera sempre, que he ho melhor tesouro q os reys podem deixar: & por que mais trabalhão os bos. E cré que el rey de Calicut

ficou vencido em te queimar Cochim. E assi como foste despois bem vingado de teus imigos pelos Portugueses, assi seras agora ajudado, & emparado por eles: q ainda que pareção poucos, & a frota muyto pequena, eu te prometo q muyto cedo pareçamos muytos nas obras, que espero em nosso senhor que auemos de fazer em defender qualquer passo, por onde el rey de Calicut quiser entrar: & q hi ho auemos desperar: & nos nã auemos de mudar de noyte nem de dia. E pera os passos q são estreitos sobeja a nossa armada. E por isso me na ficou mayor, q pera os rios abasta esta. E pois me amim escolherão pera ficar, cre que sabião q deixauão quem te escusará de trabalho, & os teus de fadiga. E eu, & os que comigo ficão, auemos de ter sobre nos todo ho peso da guerra. Tu folga, & descansa, q prazendo a nosso senhor não ha de ser como da outra vez, q perdeste Cochim.

CAPITOLO LXVI.

De como ho capitão mór Duarte pacheco fez que não despouoassem a cidade, os mouros de Cochim.

Assessegado coisto el rey, do aluoroço em & os mou

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ros ho tinha posto: foy ver Duarte pacheco os passos de Cochi, pera fortalecer os que teuessem disso necessidade, & achou que nhủ a não tinha se não ho do vao, em q mandou fazer hua estacada pera ho çarrar, q não podesse entrar nhữ nauio dos îmigos. E neste tempo foy auisado por carta de Rodrigo reynel, que çamalamacar hů mouro principal de Cochim, & assi os outros trabaIhaua quanto podião por se despouoar a cidade, porque el rey ficasse só, & sobristo fora çamalamacar falar duas vezes co el rey de Calicut, & lhe escreuia cartas: do que Duarte pacheco ficou muyto agastado: & por atalhar que não ouuesse efeyto aqle ardil, pareceolhe q seria bo enforcar çamalamacar, pera q os outros ouues/

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