CAPITULO XXVI Trata de outra embaixada que veio do Castello, e de como se fizerão os partidos pera a emtregua do mesmo castello. Dia de São Mathias 24 de fevereiro mandou o castelhano do castello huma embaixada a baixo com duas cartas, a saber: huma pera os capitães mores e outra pera o padre vizitador e o que continhão em sustancia hera «que se lhe offeressião tratar siertas cosas e que nel estilo custuma lo se vissen», e assim ao outro dia que forão 25 veio a baixo o capitão dartelharia e o alferez Dom Pedro estiverão na barraca, sendo que todas as vezes que dessião abaixo a nossa gente estava toda em arma com grande acordo e ordenansa que elles se admiravão de a ver por ser muita e muito bem armada. Ô dito capitão e alferes forão da barraca levados a caza dos capitães mores nas pousadas donde vive o capitão mor da Praia, Francisco d'Ornellas, e da nossa parte foi assima Sebastião Cardozo Machado e hum capitão dos que vierão do Reyno por nome Jorge de Brito de Mesquita estes fallarão com o tenente do castello e com as outras pessoas que vierão das outras vezes atraz nomeados e o que por ora se assentou forão tregoas por corenta e outo horas pera neste tempo se tratar dos partidos e aos 27 do dito durante as ditas tregoas veio o tenente do castello e o alferes, estiverão em caza do capitão mor Francisco d'Ornellas e refens da nossa parte o capitam Dioguo do Canto de Castro, e o capitão Francisco Pires d'Avila natural da Gracioza que aqui veio por mandado del Rey, e o mandou com outros capitães a esta ilha; e derão capitolos dos partidos que pedião dos quais aos 28 do dito se The mandou reposta do que se lhe havia de conceder. Ao primeyro de março tornou abaixo o dito tenente e alferes e os nossos refens forão assima a saber: o capitão Xpovão (Christovam) Borges Machado e Pedro de Betancor capitão de huma companhia de aventureyros, finalmente durarão assim estas ydas e vindas avemdo sempre refens de parte a parte athe 4 de marso, neste dia se assignarão de parte a parte as capitulações. No 25-Vol. V-1883. FIM. 6 DOCUMENTOS Decreto para o Conselho de Guerra dar parecer sobre o modo de conquistar o Castello d'Angra; de 24 de Março de 1641. Da gente de hum navio que agora chegon de Cabo Verde, e tomou a Ilha do Faial nas Terceiras se tem entendido, conforme ao que referem das novas que ali acharão, que a traça que se deu para ganhar a fortaleza de S. Felippe do monte do Brazil da cidade de Angra, que comunicara ao conselho João Pereira Corte Real, se não conseguio, e que o capitão castellano se bavia fechado na fortaleza e metido 'quantidade grande de mantimentos, e a cidade de Angra, e lugares da Ilha Terceira, e das outras estavão indeterminados, e somente na villa da Praia a que foi enviado Francisco de Ornellas da Camara, capitão mór della se tinha a minha voz; e por que he de tanta importancia como se deixa ver, reduzir as ilhas a que descubertamente me reconheção por Rey, e tomem minha voz e tratar de cobrar a fortaleza, sem risco (sendo possivel) da cidade por estar sogeita a sua artelharia, o conselho considerada esta materia me consulte logo o que nella convirá que se ordene, advertindo que se tem por certo que o Conde de Villa Franca capitão da ilha de S. Miguel tem noticia do estado das cousas por haver aportado ali a barca em que hia Francisco de Ornellas da Camara e que a Condessa sua mulher havia apprestado outra barca para o avisar de novo que estava para partir e se mandou deter. E para se tratar deste negocio se emviará recado a S. Gião a Dom Joseph de Menezes que venha ao Conselho. Em Lisboa a 24 de Março de 641. A Antonio Pereira. (Arch. nac. da T. do T., Cons. de Guerra, m. 1.o, n.o 104.) DECRETO Veja-se no conselho de Guerra a carta inclusa dos capitães mores de Angra e da Praia da ilha Terceira, e os papeis que vão com ella sobre o estado em que ficava o sitio que tem posto á fortaleza de S. Phelippe, e socorro que pedem; e navio de aviso que hia ao governador della e lhe tomarão, e consultese o que parecer. Em Lisboa a 28 de Maio de 641. A Antonio Pereira. (Carta dos Governadores da ilha Terceira, de 15 de Maio de 1641.) Senhor-Despois de partido o capitão Roque de Figueyredo com o segundo avizo que em vinte e sinquo de Abril mandamos a V. Magestade chegou à esta ilha no mesmo dia o padre Francisco Cabral vizitador da companhia de Jesus que nos entregou as cartas de V. Magestade comonicandonos algumas couzas, das a que vinha por ordem de V. Magestade que achou estarem obradas, e esta ilha no estado que deve reprezentar a V. Magestade, e he o mesmo de que temos dado conta com o dito avizo, e com o que levou o capitão João Teixeira de Carvalho, e com esta mandamos as copias para dellas, cazo que as primeiras cartas não tenhão chegado, ver V. Mag.de o que teinos obrado em seu serviço: o padre vizitador dirá a V. Magestade quanto necessario he virem os galiões com o socorro que temos pedido para milhor se poder render este castello conforme ao que temos reprezentado a V. Magestade, e porque o tempo deste cerco nos tem mostrado com particularidade as cousas mais necessarias para elle fizemos de tudo a memoria que vai com esta para que conforme a ella nos mande V. Magestade prover sendo servido. O inimigo castelhano tem feito trincheiras das muralhas do castello para dentro, e as vai continuando em alguas partes de maneira que entendemos pretende recolherse nellas na ocazião que lhe metermos gente pela cortina da banda do porto da cidade até Santo Antonio e da do Zimbreiro que sam as duas partes por onde com menos perigo poderia entrar a nossa gente, com tudo ficará elle mais forte por ter menos citio que defender, e para elle lhe bastará a gente que tem com a mesma artelharia que retirou destes dous postos deixando em quada hum somente duas pessas, mas com o favor divino e o de V. Magestade esperamos alcançar felice sucesso nesta empreza. A não em que veio o padre Francisco Cabral fretamos e outra olandeza por dous mezes ou o tempo que forem necessarias até V. Magestade mandar o socorro para com outros navios andarem na guarda deste porto empedindo os do inimigo que conforme os avizos que The vinhão de El Rey de Castella, lhe tinha mandado fazer gente e prevenir polvora, murrão e chumbo, como parece das cartas que se acharam em hum pataxo pequeno que em doze deste Maio tomamos ao entrar neste porto em que vinhão tambem cartas para o Conde de Villa Franca e governador da ilha da Madeira, cujas copias vão com esta para que V. Magestade mande ver o que por ellas prevenia ElRey Dom Phelippe. Sobre o trigo que o contratador dos lugares de Africa mandava carregar na náo olandeza tomamos o assento que nos pareceo conveniente ao serviço de V. Magestade por ser mui necessaria a dita nao para assistir com as outras á guarda deste porto, do trigo vão nesta caravella de Setuvel carregados noventa moios com que a fazenda de V. Magestade corre o risco, do mais se vai socorrendo a gente de guerra. De todos os papeis que sobre estas materias se fizeram mandamos os treslados pedindo humildemente a V. Magestade mande aprovar o que temos obrado por se dirigir tudo a V. Magestade ser milhor servido por que só nisso nos descuidamos (1) e procuramos acertar. A pessoa de V. Magestade guarde Nosso Senhor felicissimos annos como a christandade e seus vassalos havemos mister. Angra 45 de Maio 1641-João de Betancurt de Vasconcellos-Francisco d'Ornellas da Camara. (original) (Auto da entrega dos papeis encontrados no navio hespanhol aprehendido.) 3. Copia e avizo Anno do Nasimento de Nosso Senhor Jezus xpo (Christo) de mil e seis sentos e quarenta e hum aos dose dias do mes de abril na cidade (2) da ilha Terceira nas cazas em que rezide o capitão mór Francisco de Ornellas da Camara por elle e pello capitão mór João de Betancur de Vasconcellos e João do Canto de Castro, ouvidor das justiças que exercita o cargo de corregedor, foi mandado a mim escrivão fazer este auto dizendo que ontem que se contarão onze deste dito mez se virão defronte do porto desta sidade dous pataxos que foram reconhecidos serem castelhanos que vinhão de avizo pera o castello desta ilha e frota de Indias pella informação que tinha dado Manoel do Canto de Castro que dous dias antes viera a esta cidade em huma náo pella coroa de Castella com a qual por mandado delles capitães mores e ouvidor se foram reconhecer os ditos pataxos com gente que desta sidade se meteo nella os quaes foram rendidos em continenti e vindo a terra o capitão Pascoal de Castilho de huma das fragatas foy examinado por nos e perguntado pellas cartas de avizo confessou as deitara ao mar logo que lhe tirarão com a artelha (1) E'singular este descuido do amanuense. E' natural que no rascunho estivesse desvelamos, que segundo a calligraphia da epoca se poderia bem confundir com descuidamos. (2) Faltam na copia as palavras-de Angra (Notas do Sr. J. I. de Brito Rebello.) lharia da não e sendo hoje dito dia pellas nove oras da menhãa veyo a terra da outra fragata chamada Nossa Senhora do Carmo e Sam Diogo, Matheus de Tavora que entrou nella quoando a renderam e nos entregou as cartas que diziam: Por El Rey de Castella-Ao mestre de campo Dom Alvaro de Viveros e ao Corregedor das Ilhas ou quem seu cargo servisse e outra pera Agostinho Borges de Sousa, provedor da fazenda, as quoais vinham cerradas e assim mais hua instrucção dada ao capitão Pedro de Cardona que vinha por cabo do dito avizo . feita e passada pellos menistros da casa da contretação de Sevilha e hua ordem do duque de Maqueda (1) capitão general do mar oceano por el Rey dom Phelippe a quoal ordem e instrução vinham abertas e logo fizemos abrir e se abriram as cartas cerradas em nossa presença e do escrivão que este fez e abertas e lido tudo he o que ao diante se segue e pera constar a el Rey nosso senhor do que contem e obrarmos de nossa parte o que acharmos que convem a seu real serviço se fez este auto que asinamos e eu escrivão dou fé passar tudo em minha presença na forma que no auto se diz. Manoel Ferreira o Moço escrivão da ouvidoria que o escrevi Manoel Ferreira o Moço Francisco de Ornellas da Camara--João do Canto de Castro João de Betancor e Vasconcellos. (Instrucções para o Capitão Pedro de Cardona) Instrucion sacada de la que invio el señor secretario Don Fernando Luis de Contreras y de lo que a esta casa de la contretacion de Sevilla parecio conbeniente anadirle que el capitan Pedro de Cardona que va a la Isla Tercera en el barco nombrado Nuestra Señora del Carmen e San Diego ade guardar en el discurso de su biaje y cumplimiento de las ordenes de Su Magestad el la seguiente: Primeramente saldra del puerto de San Lucar de Barrameda con el primero buen tiempo que hiziere y hara governar la buelta del sudueste hasta allarse leste oeste con el Cabo de Cantin que estara en treinta y dos grados y medyo y de ally hara governar la buelta del oeste en demanda de la isla de la Madera donde precurara tomar alli algunas noticias de los barcos que salen a pescar y aunque las tenga de que las Terceras estan por el Rey nuestro señor seguira su viaje la buelta del norueste hasta estar en treinta y siete grados y por la buelta del oeste vera la isla de Santa Maria y antes de llegar a ella hara la misma diligencia que en la isla de la Madera en la forma referida enviando el batel a tierra si no encontrare barcos que le den noticias para que en alguna calleta consiga el intento yendo siempre con el resguardo necessario para no dar en manos del inimigo ni co (1) Adiante na copia da ordem se lhe chama-de Nagera. (Nota do Sr. J. I. de Brito Rebello) |