Serenatas e saráus: collecção de autos populares, lundús, recitativos, modinhas, duetos, serenatas, barcarolas e outras producções brazileiras antigas e modernas, Volume 2

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H. Garnier, 1902
 

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Passagens conhecidas

Página 211 - Era um sonho dantesco ... o tombadilho Que das luzernas avermelha o brilho, Em sangue a se banhar. Tinir de ferros . . . estalar de açoite . . . Legiões de homens negros como a noite, Horrendos a dançar. . . Negras mulheres, suspendendo às tetas Magras crianças, cujas bocas pretas Rega o sangue das mães: Outras, moças, mas nuas e espantadas, No turbilhão de espectros arrastadas, Em ânsia e mágoa vãs!
Página 33 - Como te enganas! meu amor é chama Que se alimenta no voraz segredo, E se te fujo é que te adoro louco . . . És bela — eu moço; tens amor — eu medo! . . . Tenho medo de mim, de ti, de tudo, Da luz, da sombra, do silencio ou vozes, Das folhas secas, do chorar das fontes, Das horas longas a correr velozes.
Página 217 - Musa . . . chora, e chora tanto Que o pavilhão se lave no teu pranto!... Auri-verde pendão de minha terra, Que a brisa do Brasil beija e balança, Estandarte que a luz do sol encerra E as promessas divinas da esperança...
Página 187 - Minh'alma é triste como a voz do sino Carpindo o morto sobre a laje fria; E doce e grave qual no templo um hino, Ou como a prece ao desmaiar do dia. Se passa um bote com as velas soltas, Minh'alma o segue n'amplidão dos mares; E longas horas acompanha as voltas Das andorinhas recortando os ares.
Página 215 - Onde vive em campo aberto A tribo dos homens nus . . . São os guerreiros ousados Que com os tigres mosqueados Combatem na solidão.
Página 34 - Soltos cabelos nas espáduas nuas!... Ai! se eu te visse, Madalena pura, Sobre o veludo reclinada a meio, Olhos cerrados na volúpia doce, Os braços frouxos - palpitante o seio!... Ai! se eu te visse em languidez sublime, Na face as rosas virginais do pejo, Trémula a fala a protestar baixinho...
Página 215 - Nalma - lágrimas e fel. Como Agar sofrendo tanto Que nem o leite do pranto Têm que dar para Ismael... Lá nas areias infindas, Das palmeiras no país, Nasceram - crianças lindas, Viveram - moças gentis... Passa um dia a caravana Quando a virgem na cabana Cisma da noite nos véus... ...Adeus! ó choça do monte!... ...Adeus! palmeiras da fonte!... ...Adeus! amores... adeus!... Depois o areal extenso... Depois o oceano de pó... Depois no horizonte imenso Desertos...
Página 213 - Que importa do nauta o berço, Donde é filho, qual seu lar? Ama a cadencia do verso Que lhe ensina o velho mar! Cantai! que a morte é divina! Resvala o brigue à bolina Como golfinho veloz.
Página 216 - Ao som do açoute... Irrisão !... Senhor Deus dos desgraçados ! Dizei-me vós, senhor Deus, Se é mentira... se é verdade Tanto horror perante os céos? !... O' mar, porque não apagas Com a esponja de tuas vagas De teu manto este borrão?
Página 35 - Anjo enlodado nos pauis da terra. Depois . . . desperta no febril delírio, — Olhos pisados — como um vão lamento, Tu perguntaras: — qu'é da minha c'roa?. . Eu te diria: — desfolhou-a o vento!

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