Cancioneiro alegre de poetas portuguezes e brazileiros, Volume 2

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Livraria Chardron, 1926
 

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Passagens conhecidas

Página 182 - É frio ; não sabe bem. O coração leve aos olhos A expressão do desejo ; Os labios aos labios levem Toda a delicia do beijo. É n'essa muda linguagem De intelligencia amorosa, Que de amor vive escondida A parte mais saborosa. Esconder o que mais quero, Fora enganar mesmo a ruim ; Se eu te pedir beijo occulto, Nunca me digas que sim.
Página 117 - Joaquins negassem dotes de poeta ao incomparavel collector de lusitanisrnos, de metros e de sentimentalidades, quer romanticas quer pagãs de mais, isso tolera-o a indulgencia ea caridade que distinguem a sociedade protectora dos animaes ; porém não obriguemos, por falta de lexicon, os estrangeiros a menoscabar Castilho. AS METAMORPHOSES DO MACACO Jacó, flor das raças monas E alumno de um piemontez, Fazia entre mil gaifonas Coisas que o demo não fez. Quanto via, arremedava Por modo tão natural,...
Página 50 - Onde os espera a garra penetrante. «Então, que tal, que tal ? Não sou chibante ?» (Diz o burro ao leão, co'a fronte alçada, Arrogando-se a gloria da caçada). «Troas (volta o leão), troas deveras, E se não conhecesse quem tu eras, Eu mesmo com teus zurros me assombrava!
Página 121 - Espaneja-se garboso ! Ama-se ; está como um dez. Senão quando ... ai, desditoso ! Repara . . . que horrendos pés ! Novo rogo impertinente : « Por esta vez, e não mais, Diz a velha impaciente, * Quero ceder aos teus ais. « Do que tu mesmo approvaste
Página 224 - Portugal, eo desejo que tenho de abraçar-te não me compele a trair a amizade aconselhando-te que venhas cá. Não sonhes semelhante desatino. Verdade é que eu cá estou; mas entre nós há diferenças incontestáveis. Tu não podes ser senão literato: nasceste só para isso; eu nasci artista...
Página 52 - ... cabelludas mãos lhe apresentava um coco, Qual do assucar brilhante a sumarenta cana, E qual um ananaz, e qual uma banana. Ella com riso astuto, ella com mil caretas Lhe entretinha a paixão, lhe ia dourando as petas; Os olhos requebrava ao som de um suspirinho, A todos promettia o mais fiel carinho; E se algum lhe rogava especial favor, Á terna petição dizia: «Sim, senhor»; Mas com muita esperança o fructo era nenhum, E os pobres animaes , ficavam em jejum.
Página 22 - Conheci-o em Coimbra em 1846 quando a minha batina esfrangalhada abria as suas trinta boccas para admirar e engulir o latim d'um padre que não sei se era Simões.
Página 50 - Arrogando-se a gloria da caçada). •Troas (volta o leão t, troas deveras, E se não conhecesse quem tu eras, Eu mesmo com teus zurros me assombrava !> O burro, se pudesse, resmungava, E tinhamos arenga, ainda que havia Motivo para aquella zombaria. Pois quem ha de soffrer, quieto e mudo, Que um, que não vale nada, arrote em tudo ? Quem soffrerá, que audacia o burro affecte ? Caracter fanfarrão não lhe compete. A MACACA Nos serros do Brazil diz certo auctor que havia Uma namoradeira, uma sagaz...
Página 211 - É bastantemente citado este paulista, e tão lido cá, ao que parece, que a especulação o reimprimiu no Porto em 1875, reproduzindo-lhe o prefacio de 1861. O auctor, querendo bem graduar a futilidade da poesia e attenuar a ousadia de a dar á estampa, a instancias de amigos pergunta: «Qual é o estadista, o homem de negocios que não se sentiu alguma vez na vida poeta, que aos ouvidos de uma pallida Magdalena ou Julieta, esquecendo-se dos algarismos e da estatistica, não se lembrou que haviam...

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