Paladinos da linguagem ...

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Agostinho de Campos
Aillaud e Bertrand, 1922

No interior do livro

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Passagens conhecidas

Página 117 - Um conceito que não é justo nem fundado sobre a natureza das coisas não pode ser belo, porque o fundamento de todo o conceito engenhoso é a verdade.
Página 102 - Clenandros, e ateimassem em trajar o entendimento pelas medidas do tempo entanguido, a gente fugeria deles. Não digo, por isto, que deixemos de venerar e reconhecer mil brasas ardentes, dissimuladas por entre aquelas cinzas frias, como vemos em o ouro, que, nascendo de um parto com a Terra, não apodrece em suas entranhas, antes por benefício da idade se sublima em valor e pureza. Nego, contudo, o que afirmam outros, que só em aqueles primeiros séculos fosse liberal a natureza em produzir altos...
Página 91 - Portugal, mas — e mantenho a analogia — com o nosso sol a árvore tornouse mais verde, mais viçosa, vieram-lhe as flores mais coradas e os frutos mais doces e de mais aroma e, como se deu bem na terra, desenvolveu-se prodigiosamente, abrindo frondosa copa e enchendo-se de cantos. Mas a seiva que lhe corre no âmago é a mesma que circula nas veias da árvore veneranda, em cujas raízes estão sentados os quatro evangelistas: Camões, Vieira, Bernardes e Camilo.
Página 102 - ... da Omnipotência; porque tem proporção que, assim como Deus de nada fez tudo, de tudo faça nada; e, como o mundo nunca ascendeu por graus sucessivos à sua perfeição, não desça por outros tais à sua aniquilação. Porque, se o mundo fosse por graus sucessivos caducando em suas operações, fácil consequência e pequena maravilha viera a ser depois o fim dele.
Página 67 - Ah! se as marmóreas campas levantando, Saíssem dos sepulcros, onde jazem Suas honradas cinzas, os antigos Lusitanos varões, que, com a pena Ou com a espada e lança, a Pátria ornaram, Os novos idiotismos escutando, A mesclada dicção, bastardos termos, Com que enfeitar intentam seus escritos Estes ,novos, ridículos autores; (Como se a bela...
Página 66 - Não se admire, Que isto está sucedendo a cada passo: Ao pé de cada esquina, hoje sem pejo Se tratam de monsieurs os portugueses. Isto, senhor, é moda: e, como é moda, A quisemos seguir; e sobretudo Mostrar ao mundo que francês sabemos.
Página 115 - Destes se acham, não dúzias, 2o mas centos. De não terem profundado a matéria, nascem todos os defeitos da Poesia, de que se acham infinitos na Espanha e também em Portugal. Geralmente entendem que o compor bem consiste em 25 dizer bem subtilezas, e inventar coisas que a ninguém ocorressem ; e com esta ideia produzem partos verdadeiramente monstruosos, e que eles mesmos, quando os examinam sem calor, desaprovam.
Página 66 - Isto, senhor, é moda, e como é moda, A quisemos seguir, e sobretudo Mostrar ao mundo que francês sabemos.» — «De tanto pêso pois — lhe volve o Lara — É, padre, jubilado, porventura, O saber o francês, que disso alarde Fazer quisessem vossas reverências ? Por acaso, sem êsse sacramento, Não podiam salvar-se, e serem sábios ? Pois aqui, em segrêdo, lhe descubro Que o francês, para mim, o mesmo monta Que a língua dos selvagens boticudos».
Página 87 - E assim abastardam e envilecem o nobre idioma, o alti-sonante português, que rompeu sonoro através do troar das buzinas romanas; que retumbou vencendo o clangor das tubas sarracenas ; que ecoou em África, sufocando o estrugido das parapandas negras...
Página 102 - Pois que lhe doe, de que se queixa, quem lhe fez mal? Ora contente-se, que se na vida foi dos mais mofinos, foi na morte dos mais venturosos ; quanto mais, que todos sabemos quanto importante tem sido a...

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