Anno da dita Emperatriz;& nefte of- Copankia Ammo de carenhas,& Antonio Malcare-, & foy muy estimada, & valida Arro da Chrifto de nhas,que ainda hoje vive, dos 1554 quaes fiz mençám nesta 2. parte defta Chronica. Tinha fido Dom Ieronymo Mafcarenhas capitam de Ormuz, donde naquelle tempo de ouro,fe tirava muyto ouro, de todo deyxou por herdeyra fua alma, fundandonos a Igreja da cala profeffa || da Companhia em Goa, & recolhendofe na mesma casa,aõle morreo, depofitado feu corpo na capella mòr da mefma Igreja,em hum mageftofo fepulchro,no qual eftam efcon-las, que era obrigada a trazer didos feus offos, pofto que a fa- como dama, cingia afperos cilina de fuas illuftres façanha scios, como penitente. Era graninda efpalhada pelo mundo de o rigor de fuas difciplinas; todo, porque foube viver como muy continua fua òraçam. Nuvalente, & foube morrer como ca estava ociofa, & tinha feyto virtuofo. voto(&o cumpria muyto bem) que tudo o q lavraffe por fuas mãos ella, & fuas criadas fofle pera o culto divino,& pera fuftento dos pobres, & nifto perfeverou até a morte. 5 Nam he menos eftimaDonalea da entre nôs a memoria de D. nor Maf carenhas. Leanor Mafcarenhas, filha de Fernam Martins d' Almada, & de Dona Ifabel da Veyga, neta de Valco de Almada, Alcay de mòr d' Almada, & de Dona IsabelMafcarenhas,filha de Martim Vaz Mafcarenhas o velho,commendador de Aljuftrel, a qual Dona Leanor Mafcarenhas foy dama daRainha Dona Maria, fegunda molher delRey Dom Manoel, & acompanhou a Emperatriz D. Ilabel filha do mesmo Rey por camareyra mòr, quando foy a Alemanha no anno de 1526. 6. Como era tam inclina-Foy muy devota de da a fazer bem,era muy devoS.Ignacio. ta das peffoas virtuofas, & particularmente foy devotiffima de noffo Sancto Padre Ignacio de Loyola, o ajudou muyto, (cõforme acho efcrito) na fundaçam da Cõpanhia, que nam he pequeno louvor desta illuftriffima Portuguefa ter ella tido parte em obra tam gloriofa; & nam sò ajudou a noffo San&to Patriarcha, & a feus pri mey Anno de deneyra, ana vida de S. Ignacio. & a Anno da & penitencia, era a mais recolhida,& devota freyra que ha- Cepanhia via. Foy tal a devaçam que ti- 15. nha ao Sanctiffimo Sacramento,que alcançou hum breve de Sua Sanctidade pera poder ter o Sanctiffimo Sacramento em o feu oratorio,aonde quer que eftiveffe,como o teve atè le acabar de fazer o feu mofteyro dos Anjos,coufa que admirou a todos, porque atè aquelle tempo a ninguem fe tinha concedida:mas be era que foffe fingular nos favores, que foy tam fingular na sanctidade. dos. 8. Por eftas notaveis virtudes foy Dona Leanor Mas carenhas tam estimada em to- Quam efda Europa, que quafi todos os timada Summos Pontifices, que houve foy de to. em feu tempo, lhe escreviam, fazendolhe muy particulares favores,era vifitada de todas as peffoas reaes, muy favorecida dos Reys de Portugal, & lhe escrevia muytas vezes elRey Dom Ioàm,o Infante Do Luis, & a Infante Doua Maria feus irmãos,& a Rainha de França, may da Rainha D. Ifabel. Ella fundou, & acabou o Mofteyro dos Anjos, aonde fe recolheo a fazer vida angelica, vestida de habito de penitete, com aquellas muy exemplares religiofas. Veyo finalmente a morrer dētro defte feu mofteyro,com hu ma morte digna de vida tam fancta, fendo de idade de oyteTt 4 P ta Anno de Chrifto de IS54. parentes ta & dous annos, no anno de 1584. E quãdo dally a dous an dada fua affeyçam: todos elles Anno da nos admitiam no titulo de ami- nos lhe foram tresladar feu cor- de veo. Muytos 91 Muytos defta illuftrifsima feus entra profapia tem entrado em nofla ram na co Religiam, tomado o habito, copanhia. forme empregàram o amor,dā dofe todos a quem já tinham ma religiam. Todos eftes bens, tem efta obrigaçam, mas tam- \Anno del Chrifto de 1554 and Contafe a gloriofa morte que I Ontamos no capitulo paffado a viagem que fizeram pera a India dous Religiofos da Companhia: demos agora hua chegada ao Bra zil,aonde veremos outros dous noffos,honrando a Deos com a vida que por elle deram dos quaes aqui farey hũa breve me. çám,porque nefte melmo anno de 15 54.fucedéram fuas dito las morte no Brazil, & no melmonos chegaram tam boas novas a Portugal, chamavamse ef tes dous bemaventurados Ir Irmám Pemãos,& Religiofos noffos Pero ro Correa, & loám. Correa,& Ioam de Souza, o Ir de Souza ram Pero Correa,antes de enr trar na Companhia,refidia, no Brazil, empregando o esforço de feu braço (pelo qual, era co nhecido, & temido.), em fazer injufta guerra àquelles gentios, outros, conforme o danado cul- Anno da maneyra, que de Saulo perfe- Irmám Pe ro Correa 2. Pedio com inftancia a Companhia, & nella foy rece bido pelo P. Leonardo Nunès, na Capitanía de S.Vicente & defejando fatisfazer com boas obras o mal que tinha feyto aos Brazis; antes pertua lido q tinha lo remedio de fua falvaçam em dar a vida por elles, co grande fervor lhes prégava a fé de Chrifto Senhor noffo,& como eramuy correte,&o melhor grande exercitado na lingoa da terra, Pregador defcorria por hua,& outra parte entre os rompendo matos, atraveflando rios,vadeando alagoas, co grandes trabalhos, com exceffivas fomes,& intoleraveis calmas,co tam abrazada charidade, que de todos aquelles Indios era muy amado,& estimado, & por lhe terem grande refpeyto acabava com elles coulas muy dif ficultofas, prègandolhes de dia nas Igrejas das aldeas, aonde os ajutava,& de noyte pelas choupanas,aonde os bufcava; entoa salteando a hūs, & gatiyando a 'do (conforme o cuftume dos Brazis. Lim Anno de Chrifto de 1554. Occafiam, que houve pera en trar pelo Jertam. 6. & 7. 502 Chronica da Companhia de Iefu,em Portugal. Brazis)em altas vozes o myfte-bou com elles o que queria, li-Anno da vrando toda aquella gente do Copanha 3 Dava Deos tanta graça a este Irmám, pera com gente tam féra,que offerecendole hua obra de grande charidade, pera libertar a certos Espanhoes, q vindo do Rio da prata, foram ca tivos pelos Indios, nam duvidou o P. Manoel da Nobrega (de quem largamente faley na primeyra parte) de omandar 4 Teve noticia nefte tem- Lib. 3. cap. sò: confiando que sô elle acaba-nhia, certos Caftelhanos no- bres, que com fuas familias tor- nelles |