1 Anno de pal,& tabe veremos o fim q te- 1.p. lib. Como acu dia aos feus cativos 16. do com q os fervia nas mais vis Anno da & 2. b a Portu gal. tivos (conforme contey na-pri-mudar pensamenros antigos, & pera ira- cada hu a rezàm de cem cruza- até Anne de ate poder levar remedio a todos. Chrifto de SU Refolueofe emfim em 15551 dar huma chegada a Portugal, em rezâm de levar refgate pera Trata de os remedio dentos Chriftãos, a quem deyxava Upreço aberto,& proaos cati cutar remedio pera os mais cal vos. Cafo lafti mofo. tivos de Tituam, de quem lhe cultava tanto apartarle, como cufta ao que vay cativo a fahida de fua liberdade; & ao defterrado o apartamento de fua patria amada E ainda muyto mais inftimulava ao fervo de Deos a fazer esta jornada, & a fe vir laçar aos pès do Rey clementiffimo,o cuydado de açudir ao remedio das almas, & confciencias daquelles pobres cativos, cujos perigos eram mais de temer, porque nam ha duui da,que em Berberia mayor he o cativeiro das almas, que o rif co dos corpos. Apreffou fua vinda o cafo feguinte, que lhe focedeo, & lhe atraveffou a al ma com fentimento. Aprefentoufelhe diante dos olhos huma donzella Christa, gravemente ferida por feu melmo patrám, por ella nam querer co a liberdade,perder juntamente a ho neftidade; refolvendole antes em padecer a morte, que fofrer tal afronta; enfureceofe com if to o Barbaro, vendofe defpre fado de huma fua cativa, & metendo mam ao alfange deo hua grande cutillada na esforçada donzella,& fem duvida a matà ra, enam temèra levar de hum Anno da melmo golpe coa vida da don-Copanha zella,que aborrecia, a esperan- 16 : <ça do refgate,que delejava(que affim acontece, que tal vez os vicios de encontram, & hu impede a outro,como neste caso a cobiça do dinheyro do refgate poz freo á crueldade do fefual.) 6. Veyo brádando a pobre emfe bua donzella, com a ferida aberta, pobre ca. tiva valer bufcando remedio no Padre de Padre. loàm Nunez,misturando com o fangue,que vertia da ferida, abundantes lagrimas, que derramava dos olhos espectaculo baftãte perá abrädar qualquer peyto de ferro, quanto mais a hum coraçam de cera. Bem fe deyxa ver quam cortado de dor,& ferido de fentimento ficaria o Padre,à vifta das dores, & da ferida d'aquella innocente. E porque já o coraçam lhe nam fofria mais ver taes defemparos,fem os poder remedias, se refolveo logo na partida, pesa vir bufcar remedio àquelles pobres,& defemparados Chriftãos: porêm, porque por huma parte puxavam por elle os cativos, q ficavam em Tituam, & por outra defejava a liberdade aos que vieram de Fez:& porque fenam podia repartir a fy melmo, ficădo com hus cativos, quando vinha buscar reigate pera todos, fe dividio desta maneira, ficando lá com o amor, & vindole a Portugal com o corpo. EtamVv 3 bem Anno de bem pera que tiveffem os feus 1555. Tra: con \cativos. tam grade affecto, lhe deyxou, como em refens defte seu amor, qual afiaçava todos os bonsfer- Le CAPITVLO II Da pratica que fez o Padre Anto que o Padre 7 E pera que de todo nam Jigo algus vieffe delacompanhado dos q tanto eftimava, trouxe configo atè trinta & tantos cativos, rel- I gatados por fua agencia, á cõta de feus grandes trabalhos, & efmolas,que houve com fua fan&a industria. Com elles entrou pela cidade de Ceita,aonde foy, muy festejado, como fe vieffe triunfando da tyrannia de Africa. Delembarcou finalmente em Lisboa, & logo foy de caminho a beijar a mam ao fereniffimo Rey, levando em fua companhia aquelles defpojos la crueldade Mauritana, ale grandole muyto Sua Alteza de ver hum tam bom paftor, que com tanta diligencia foube tirar aquellas de empara las ovelhas quafi da boca do lobo infernal. (·?.) nez Bar 2 Rey clementifsimo, aos reaes Fala o P. pès de tam foberana grandefa, & de loám Nuclemencia tam conhecida no mudo, po- retto a elnho os defpojos de Berberia,& offere Rey. ço as riquezas que trago de Africa, que fam eftes pobres Christãos,reftituidos dos perigos da morte á liberdade da vida: pezarofo venho, fenhor, de vos nam poder aqui offerecer quantos ca· tivos tem Tutuam, & quantos vivem morrendo nas masmorras de Argel, &nas prifoens de Marrocos.Grandes fam,fenhor,os trabalhos, & miferias, que aquelles cativos ally padecem nos corpos,mas muyto mais finto ver as almas de muytos, que tem perdida a liberdade de que Chrifto os dotou. Anda o demonio como tyranno intruzo por aquelles Reynos Africanos, já fenam contenta com os Mouros,que como por direito the rendem vaẞallagem, quer! meter Anno de Inquirid. cativeyro, entre os Mouros tam desku Anno ila mana, que chegam os miferaveis cativos a perder por aperto, o privilegio da 16. Copankia liberdade, que tinham por natureza: pois com rezam dizia o Sabio Grego, Epictet in que nam havia nenhum homem cativo no corpo,que ficasse livre na alma, & esta verdade mais certa he hoje em Berberia, do que foy antigamente em Grecia. Acuda U. Magestade à eftes dobrados cativeyros,& acodindo aos corpos,livrarà tambem as almas : ba refgatam a hum Christam, que custou meter debaixo de feu cruel fenhorio os Christo de que pelo bautismo eftam izentos delle, 1555. vivem debaixo do fuave jugo do Evangelho; querfe valer da necefsida de temporal de huns pera que arrifquem os bens verdadeiros, eternos, prometendolhe os falfos, & teporaes: reprefenta a muytos a eftreyteza das || covas, em que vivem, pera lhe fazer tiro com a largueza das dilicias, que lhes offerece: reprefenta a outros a dureza da fervidam, que nam podem fofrer, pera que de todo percam a fé, que de-rata está a feyra,por cem cruzados nos viam guardar.... 3 Agora com a entrada que teve o foberbo Rey de Argel em oRey-nhor derramado sague por libertar ca nó de Fez, tirando o fceptro áquelle tivos,nam averà que a recee derrama› Rey; quizse o diabo ajudar defte feu in- dinheyro pera remirChriftãos. Eu mes fernal miniftro. Està muy ufano com mo me hey de vender a mim, quando a vitoria,levou diante do carro de fua nam tiver co que refgatar aos outros: Soberba,como em triufo,duzentos Chri- nem averá cousa desta vida, que me ti ftaos cativos fendo os pobres obrigados re de acabar feyto cativo por amor de a reconhecer novos fenhores, & a ex- Christo, entre os meus cativos de Tiperimentar novas crueldades. Strafe tuàm; darlheshey minha liberdade, Voẞa Alteza de lhe querer dar me- quando lhes nam poffa tirar seu càtiIhor fenhor, & de contar entre feus veyro: nam quero viver na patria quãvaffallos os que eftam cativos do Rey do deyxo a tantos Irmãos no defterro: de Argel,pera que gozem da paz, que Moyfes beftimou mais o cativeyro de Ad Hebr.c. neftes ditofos tempos logramos Reynos, Egypto entre feus irmãos cativos, què Senhorios de Portugal. liberdade de filho de hum Princepe 4 Nam ha coufa, fenhor, nefta entre os cortefaos de Faraò: nam duvida, que mais fe eftime, que a liberda-vidou o Conful Romano, a quem made,muytos querem antes verfe com a daram a Roma a tratar do refgate bere iucufazenda perdida, que com a liberda- dos foldados carivos, trocar os prados dicatem. de arriscada,& alguns nam querem Venafranos de Italia pela morte que An. Vrbis vida fe a ham de pasar em cativey- em Africa tinha certa estimado mais ro:pois, fenhor, muyto mais perigofo he a honra,qué a vida, & querendo an- officij lib. o cativeyro da alma, a prisão do cor- tès morrer cativo,& honrado, que vi- Max li.. n. po; as almas dos homens,por Juanatu- ver livre, & afrontado: ifto fez hum 1+ reza, fam livres, mas he a dureza do Gentio,mais fe efpera de hum Christam, √ √ 4 a b T1.num.25. gens affligi Magis elicum poputemporalis lo Dei, qua peccati ha DIIÍ. Vide Cicer. de 3. Et Val Anno de & muyto mais de hum religiofo da foy tal a opiniam,que delle cō- Anno da cebeo, affim pela pratica que Copankia the 1555. mundo pera acodir ao bem do proxi-lhe ouvio, como pelo que 16. mo. 5 Nas covas faterraneas de Argel, & nas profundas mafmorras delituam morrereycofolado co os meus cativos; & com a exemplo do mesmo Deos, que nam duvidou (como diz a Sap.1.n.13. Efcriptura) decer a huma cova de defcenditq; inuinculis tinham contado de feus proce nez Barreto tornaffe á fua. n il cancello in Egypto, com o feu cativo Iofeph. Acu-permitir,que o Padre loam Nu- Como elRey deferio ao Padre fobre o remedio dos cati vos. sàm,julgando, que tan grandes de Tituâm. må Rey de ma dar o Pa dre a E thiopia. 7 E porque o Padre infta-Trata elIva apertadamente, folicitando a icença, lhe refpondeo hum dia Sua Alteza, que eftiveffe defcaelle fe lembraria de lhe comprir feus delejos, & o mãdaria a parte aonde nam sò achaffe os duzentos cativos, q deyxava em Argel, mas muytos milhares de almas, que o diabo tinha em peor cativeyro: ifto diffe o Sereniffimo Rey,porque tratava em feu pensamento de mandar o Padre Ioâm Nunez Barretto á Ethiopia fuperior, co dignidade de Patriarcha; & pera ifto efcreveo logo ao Padre Ieronymo Nadal,que ainda naquelle anno de 1555. era Cômiffario de Hefpanha, dãdolhe conta defte feu penfamento, & pera que logo apontafle outro Padre pera tornar ao resgate dos cativos em Africa, & aju 6 Com grande attençam daffe |