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Anno de Christo del 1555.

TESTIMVNHO pors coftou pelos finaes de fua coverfám.
do fagrado Tribunal

2

do S. Officio, refi-
dente em Lisboa.

Que finto desta Companhia (fecundùm præfente inftitia) heq eftes Padres fam muy neceßarios á Igreja de Deos, maximé,em tempos tam perigofos, por fua perigofos, por fua fincera vida,&& bom exemplo, que com fua doutrina continuamente dam a todo genero de peffoa, aonde refidem, em efpecial aos que com elles coverfam: Sam apartados de rebolios,& trafegos defte miferavel mundo, & dados ás coufpirituaes, fam humildes zelofos da falvaçam dos proximos,& pera effeytuar ifto,& estender a doutrina Evagelica,nam recufam trabalhos,antes co toda a charidade fraternal, feguindo o Iuxta Math. fancto confelho do Evangelho, Prædicant regnum Dei,vt homines pœnitentiam agant. Entendendo nifto com muyta diligencia, convertendo

2

cap.3.n.2.

vi

do

Anno da

3 Continuando eftes Padres feu Copankia Sancto zelo, depois que pela bondade de 16. Deos nefte Reyno refidem, tem feyto muyto fruyto,reduzindo, & reformamuytos a melhor estado,do que dantes tinham,como fe fabe, & ve por experiencia. Sam virtuofos, & entre elles ha peffoas calificadas, & de illuftre fangue, Quibus ineft vivida virtus. Sam muyto uteis à Republica & a este Reyno,aonde em esta Cidade de Lisboa, Coimbra, Evora, com diligencia fe exercuam em enfinar as letras Latinas & Gregas, & outras fciencias. & afsim aos Sacerdotes menos doutos o que pertence pera exercitar feu offi cio Sacerdotal, especialmente aos que tem cura de almas Prégam, & ajudam aos Prelados com fua folida doutrina,cotinuas confiffoes, de a todos os q coverfam ficam confolados, & muzic edificados; por iso como amados de Deos fazem muyto fruto digno de perpetuo louvor, assim cm a terra de Chriftãos, Chriftãos, como entre inficis na India Oriental,Iapám,Brafil, Africa, onde

afsim mesmo os apoftatas, & aparta-fe diz que por fua fancta converfaçam, dos de noẞa fanita fé, reduzindoos ao gremio, & uniam da fanita madre Igreji,afsim como por experiencia vì nos actos da Fè, que em efta Inquificam de Lisboa fe celebráram, Me Inquifitore hæreticæ pravitatis,aonde nolos Pa por fua boa enfinança, & fanétas pådres proce- lavras muitas pessoas,que estavam em eftado de condenaçam foram com fuas os penite-faudavers amoeftaçoens convertidas a quificam. no Sa faneta Fé, permanecendo no verdadeyro conhecimato della, fegundo de

Como os

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diam com

tes da In

b

Mat. cap. 7. num.16.

& continuas amoeftações muytosChriftaos cativos,que estavam resfriados fé, foram nella ratificados, os quaes of tavam em rifco de apostatar da ley Evangelica; por maneyra,que à fru&tibus eorum cognofcetis eos. 4 Poftoque nam falie pessoas pouco temetes, q exdiametro, queyram cota- Que jul minar, anichilar efte eftado, alevataque fenie do coufas a carece de verdade, como q mal daco. foẞe alles,de q diz ov.in c.Nemo,mpanhia. ferindo fere dignos daq:lla pena,deq faz |

mençam

gava dos

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C

Luc.c.6.nu.

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T

e

Ad Thim.1.

c.6. nu. 11.

Anno de cám Bart.in lege aut facta por esta co- fa:defuar,& desfazer a malicia dos Anno da Chrifto de gregaçam, & que nella profeßam detractores; com charidade fraternal, Copanhia 1555 ferem defenfores da ey Evangelica, verdadero desejo da confervaçam 16. & & defėjo fai da terra, &r aprovada pelos Sum- da Companhia de IESV, humilmente mos Pontifices prefidentes na Igreja de peço aos Padres prefentes, & a seus Of Deo's, com verdaderos teft munhos de fucceßores meritamente, per vifcera •15. pareza de vida, & fanctas nftituições, mifericordiæ Dei noftri,que fem & documentos Outrofy feu modo de pre fe alembrem do que diz o Apostolo vada he corroborado por commum con- ad Timor.cap.6. Tu aute homo Sentimento dos Presados, que governam Dei,&c. Confervando feu limpo, & i Sanéta Igreja,& muyto efficazmen puro estado com aquella fancta fimphte por Reys Cachokeds, & commum cidade,de que ao prefente ufam, & afEx Mat.ca. dades aonde refidem Ideo portæ fim confidentes habitabunt in 6.num.18. inferi,non prævalebunt adver- adiutorio Altifsimi, & in protesus eos, & merces eorum copio- ctioneDei celi,nec timebūt â tila eft in cælis. Eu tenho confiança more nocturno,& ab incurfu,& na mifericordia do omnipotente Deos, dæmonio meridiano,&c. Ifto he que permanecendo efta bemaventurada o que finto in Domino.Lisboa, &c. Companhia nefta armonia effiritual,dhing cana álem de confeguirem a vida eterna, to Vdos deystaram verdadero exemplo de fua virtude, & falgebit in Eccle- Muy bem fe declarou o fia Dei fplendor firmamenti,& Inquifidor Pedralvez de Parevelut ftellæ in perpetuasoæter des,& fe elle nefta fua carta nos nitates manfuræ voc suivis ó encomenda a fancta fimplici༡ Obrigaçam tem todos os que dade,bem moftra tambem em prefidemia com todas as for as defen feu eftylo,que lhe nam faltava, der, & omparar tum unimob junta com muyta verdade, & eftado refiftendo aos filhas de Brisal, muy louvavel innocencia, de Quitnsoliuntur deftruere vinca que foy dotado. Domino Dei Sabaoth Trazando falfaserezões pera fußbentar feus errores, ao que fe he ha de refifter, Qarra error oui non refiftitur aprobatros graves teftimunhos dos tur,vt docet text. in cap. errore Tribunaes de mòr authoridade fiant. Ergo noviffima mea coru em feus Reynos,cófirmados co fimilia, & qui benedixerit eis, a muyta dos Prelados, que na! erit benedictus, & qui maledis materia cofultou,mandou a feu xerit eis,in male dictione repu Embayxador refidete na Corte tabitur. E porque in faturum fe po Romana,q entamera D.Affōso

Dan.ca. 12. num.3.

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Pedralvez de Paredes.c

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Tanto
16Tanto que fe deo por fa-
tisfeytoo christianissimo zelo
delRey D. Ioám co estes, & ou-

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receres.

q

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Anno de de Lacaftro, á tudo entregaffe a
Chrifto de noflo gloriofo Padre Sancto Ig-
1555 nacio, elcrevendo juntamente
ao Summo Pótifice Iulio Ter-
ceyro fobre efte particular, co
Do que fez tanta honra, & louvor da Co-noffo gloriofo Padre,como pilo
Loam com panhia, que bem fe deyxa ver to tam experimerado em mares
eftes pa- que bastava fua real autoridade mayores tribulações. Tanto
de, & aprovaçam, junta com aqa França chegaram certidoes
do Cardeal Infante Dom Hen- tam autenticas,& justificaçoens.
rique feu irmâm legado à late- tam abonadas como eftas, que
re, & Inquifidor Gèral neftes apotamos, fahidas de Portugal,
Reynos, pera de todo desfazer, & outras muytas femelhantes,q
& fepultar tudo o que a malicia noffo fancto fudador fez vir de
humana tramafleide fofpeytas, outras partes da Europa, logo à
& calumnias em Reynos eftra- vifta de tam grade luz fe come-:
nhos contra a nova religiam, çâram a desfazer as trèvas, &
quanto mais baftaria pera def-
em aparecedo o fermofo fol da
fazer o decreto Parienfe feyto verdade, defmayáram as sõbras
por poucos homens, com me-
da metira,&porque he muy or
nos informaçam,& muyta préf- dinario,como diffe hū Sabio,84
fa,& deftes algus fobrelevados a força se confelho por fy mel
de payxam, cujo primeyro par- mo fe venha a ruinar, affim efte
to ordinariamente he erro, & o decreto fe desfez em o ar, que
fegudo arrependimento, quãdo sò tinha por fundamentom
a rezâm tem feu lugar. Conhe- 9 Antes porque he coftu-
cèram por feu o primeyro par-me de Deos noffo Senhor de
to do erro os Doutores Parifié grades males tirar mayores bés,
fes como letrados,& por iffo ti- ordenou as coufas de forte (co-
veram tambem o fegundo de fe mo em muytos coftuma a divi-
arrependerem, porq noflo Pa- na providecia) q nam somente
dre gloriofo qem todo o tépo a- ficáram atalhados os errados in-
traz tinha calado,& feyto calar tentos dos homes, mas tambem
aos feus adverfarios co pacien- ficou a Copanhia co nova glo
cia,fez com fua prudencia, que ria no mudo, tal vez por onde
fe foubeffe a verdade conheci- cuydam os maos que ham de
da por Princepes,a que a Mo- derrubar o edificio, por ahi o
narquia de Fraça tinha todo o coftuma Deos a levätar; & quã,
devido refpeyto,qdefejar le po- do tratam de desfazer na hora
dia,principalmente vindo con- dos bons, entam coftuma, Deos

firmada com os pareceres,&te Anno da
ftimunhos dos Tribunaes, & Copanhia
Prelados de Portugal
16??
8 Efte foy o remedio de que
ufou em tam grande tormenta
gloriofoPadre,como

་་

.

moftrar

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que fe

obrou em

França co

eftas cer tidoens.

g Hor.lib.3.0

de.Vis confilij expers

mole ruit

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Anno de mostrar q fam melhores, como
Chrifto de
fe lhe defcubriram, & cavaram
minas de ouro,quãdo tratavam
de os acabar, & fepultar debay-
xo da terra,

1555.

meçou a

10 Cheyas eftam as letras fagradas, & as hiftorias profanas de femelhantes exemplos, com os quaes podiamos provar efta verdade,bastanos o que em França nos fuccedeo, aonde a Companhia,depois desta gran

fernal de Calvenistas, & ferne Anno da
lhantes monftros atiçaram,mas Cipanhia·
hoje por mercè de Deos, & in- 16.
can çaveis trabalhos dos noffos
Padres,& pêlas victorias glorio-
fiffimas da Mageftade Chriftia-
niffima del Rey Luis XIII.o Iu-
fto,vemos quafi de todo ponto
apagadas. Affim triunfa a ver-
dade da mentira, & affim vimos
domado o monftro da enveja,
& defterrados de França os de-

heregia.

CAPITVLO XVIII.

Como nefte annò de mil 3 qui

dou elRey Dom Ioám entregar
à Companhia o Collegio das
efchòlas menores da Vni-
verfidade de Coim-
bra.

de tormenta,ficou tam autho-pravados intentos da furia da rizada,que logo nella foy recebida com privilegio de natural, & com fundaçam de dous ColComo a Colegios,hum na mefma Cidade, panhia co· & Vniversidade de Paris, outro florecerem em Bilhon, que tomou à fua co-nhentos fincoenta & finco,manFrança. ta fundar co fingular piedade, & zelo o illuftriffimo, & Reverēdifsimo Guilhelme do Prado Bifpo de Claramon. E aquelles dous Collegios foram como primicias,& beafortunados principios de outros muytos, que pelo tempo adiante fe fundaram naquelle Christianiffimo Reyno, com tam valente fucceffo, & com tam multiplicados ga nhos,que foy neceffario,dentro do mefmo Reyno, dividiremfe as cafas, & Collegios da Companhia em muytas provincias, que hoje vemos florecer, com grande gloria da Religiam catholica, & Romana, que tam perfeguida foy naquelle Chrif tianiflimo Reyno,com o incendio das heregias,que o furor in

I

Os capitulos paf-
fados vimos quã
bom oonceyto ti-
nha formado o fe-

reniffimo Rey Dom loàm da
virtude, & procedimentos da
Companhia,agora veremos co-
firmada por obras efta boa opi-
niam:porque neste anno de mil
quinhentos & fincoéta & finco,
em que himos,nos fez húa grā-
de mercè,em que bem moftrou
que
fe bem nos defendia com
Ccc 3

OS

Anno del

os estranhos com cartas auto

que posto que no dito Colle- Anno da Chrifto de rizadas,melhor nos acrefcenta-gio ouveffe meftres muyto dou- Copanhia

1555.

Occafiam

que

menores.

va em feús Reynos com mercès
grandiofas; entregandonos as
efchólas publicas de Philofo-
phia, Rhetorica, & mais letras
humanas da Vniverfidade de
Coimbra,moftrando nefta ac-
çam o amor,que nos tinha, &
a confiança, que de nós for-

mava.

tos, que o mesmo Rey trouxera,
& chamara de varias Vniverfi-
dades de Europa,principalmen-
te de Paris,com avētajados par-
tidos; julgavam poièm os do
confelho,& o mesmo Rey, que
melhorava muyto a criaçam,&
enfino dos filhos de feus vaffal-
los, dãdolhes mestres naturaes,
& religiofos, tinham por in-
ftituto,& profiffam encaminhar
as almas a Deos.

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16.

cam defda tenra ida

de.

2 A occafiam que houve houve pera le tirarem eftas efchôlas pera nos aos meftres eftrangeyros,que as darem as tinham a feu cargo; & pera as 3 Principalmente que a efcholas entregarem â Companhia fe o- idade mais tenra,neceffita mais Quàtomsriginou particularmente por de quem melhor a encaminhe, ta ariacaufa da boa informaçam, que porque nella facilmente, como davam a elRey, de quam bem em cera branda fe imprime, & focediam âs claffes que os noffe eftampa,affim o bem da virfos Padres liam no Collegio de tude,como o mal do vicio. E S, Antàm em Lisboa; porque affim como as arvores de fruyera grande o fruyto, que fe re- to, nunca eftam mais arrifcadas, colhia nas letras.& virtude, pe- que quando as vemos mais flola nova criaçam que os noffos ridas,affim nunca a vida humaReligiofos davam aos filhos da- na eftâ em mayor perigo de le quella Cidade, os quaes depois perder, que quando eftâ mais cõ de terem meftres religiofos, ju- flor pera crefcer, conforme ao tamente creciam no faber,& na que diz Sancto Agostinho: Flos fogeyçam,& primor de bos co- || atatis periculum mentis. E pois he ftumes, com que alegravam a certo,fegundo a fentença de Safeus pays,& edificavam a Cida- lamâm, que os coftumes que de. E defejando muytos,que ef- hum de moço bebe, effes conte bem fe communicafle ao ferva ainda quando he velho; Reyno todo, advertiram os de affim he grande bem, como difeu confelho a elRey D. Ioám, zia ainda o Gentio, começar que entregaffe tambem âCom- bem de minino. panhia o Collegio real das Ar- 4 E fe todas as obras pera tes, & letras humanas da fua ferem perfeytas, & bem acabaVniverfidade de Coimbra:por-das, fe querem tomadas de lõge

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Os mestres

do Latim

eram ef trägeyr os.

b

(por

Aug. Ser-46

de têpore.

nu.21. Qui

Prou. c. 29. delicate i pueritia nufuu, pofici contumace, &c. Ecdel. tibi funt, erudi illos, & pueritia il

trit feruan

7.n.25. Fil

curua illos,á

lorum.

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