O humanismo em Portugal: Clenardo

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Coimbra Editora, 1926 - 440 páginas
 

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Passagens conhecidas

Página 148 - Os escravos pululam por toda a parte. Todo o serviço é feito por negros e mouros cativos. Portugal está a abarrotar com essa raça de gente. Estou quase a crer que só em Lisboa há mais escravos e escravas que portugueses livres de condição.
Página 162 - Do Turco Oriental e do Gentio Que inda bebe o licor do santo Rio: g Inclinai por um pouco a majestade Que nesse tenro gesto -vos contemplo, Que já se mostra qual na inteira idade, Quando subindo ireis ao eterno templo; Os olhos da real benignidade Ponde no chão: vereis um novo exemplo De amor dos pátrios feitos valerosos, Em versos divulgado numerosos.
Página 188 - Tejo, estão bastantemente povoadas, e não há nelas lugar para se fundarem novos povos, que possa cultivar a gente que cresce; e Alentejo, que pudera socorrer a esta falta (porque é quase tão espaçoso como o resto do reino) — como está todo dividido em herdades, e as mais delas muito grandes, nem se povoa, nem se cultiva. Porque, sendo as herdades de muitas folhas, ficam de ordinário as três partes delas por semear, faltando por esta causa os muitos frutos que se delas puderam colher, ea...
Página 148 - ... besta de carga senão na figura. Os mais ricos têm escravos de ambos os sexos, e há indivíduos que fazem bons lucros com a venda dos filhos dos escravos, nascidos em casa. Chega-me a parecer que os criam como quem cria pombas para levar ao mercado.
Página 176 - Vivei vós áquem de vós, E não compreis gavião, Pois que não tendes piós. Trazeis seis moços de pé E acrecentai-los a capa, Coma rei, e por mercê, Não tendo as terras do Papa, Nem os tratos de Guiné, Antes vossa renda encurta Coma panno d'Alcobaça.
Página 222 - Que les régens du temps jadis ; Jamais je n'entre en Paradis S'ils ne m'ont perdu ma jeunesse (1).
Página 268 - ... que trazem todavia pela rua atrás de si, maior número de criados do que de reais gastam em casa. E até creio que chega a havê-los com menos rendimentos do que eu, que, não obstante trazem uma comitiva de oito criados que sustentam sabe Deus como, se não à custa...
Página 175 - Franca e Veneza, Que vivem por siso e manha, Por não viver em tristeza, Não he como nesta terra ; Porque o filho do lavrador Casa lá com lavradora, E nunca sabem mais nada ; E o filho do broslador Casa com a brosladora : Isto per lei ordenada. E os fidalgos de casta Servem os reis e altos senhores, De tudo sem presumpção, Tão chãos, que pouco lhes basta.
Página 162 - E também as memórias gloriosas Daqueles Reis que foram dilatando A Fé, o Império, e as terras viciosas * De África e de Ásia andaram devastando, E aqueles que por obras valerosas Se vão da lei da morte libertando: Cantando espalharei por toda parte, Se a tanto me ajudar o engenho e arte.
Página 188 - ... pedindo esmola pelas cidades e vilas homens e mulheres em tão grande número, que parecem exércitos; e a desculpa que dão para pedirem é dizerem que não acham em que trabalhar. Outros se passam a Reinos estranhos, principalmente para os de Castela, pela facilidade da vizinhança, onde antes da Aclamação havia tantos Portugueses que muitas pessoas afirmavam que a quarta parte...

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