Os Lusiadas, Volumes 1-2Pereira & Amorim, 1881 - 140 páginas |
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Passagens conhecidas
Página 12 - Dai-me uma fúria grande e sonorosa, E não de agreste avena ou frauta ruda, Mas de tuba canora e belicosa, Que o peito acende ea cor ao gesto muda; Dai-me igual canto aos feitos da famosa Gente vossa, que a Marte tanto ajuda; Que se espalhe e se cante no Universo, Se tão sublime preço cabe em verso.
Página 150 - E foi , que de doença crua e feia A mais que eu nunca vi , desampararam Muitos a vida , e em terra estranha e alheia Os ossos para sempre sepultaram. Quem haverá que, sem o ver, o creia ? Que tão disformemente alli lhe incharam As gingivas na boca , que crescia A carne , e juntamente apodrecia : LXXXII.
Página 12 - Vós, ó novo temor da Maura lança, Maravilha fatal da nossa idade; Dada ao mundo por Deos, que todo o mande, Para do mundo a Deos dar parte grande...
Página 140 - Pois vens ver os segredos escondidos Da natureza e do húmido elemento, A nenhum grande humano concedidos...
Página 97 - Naquele engano da alma, ledo e cego, Que a Fortuna não deixa durar muito, Nos saudosos campos do Mondego, De teus formosos olhos nunca enxuito, Aos montes ensinando e às ervinhas O nome que no peito escrito tinhas.
Página 37 - No mar tanta tormenta e tanto dano, Tantas vezes a morte apercebida; Na terra tanta guerra, tanto engano, Tanta necessidade aborrecida! Onde pode acolher-se um fraco humano, Onde terá segura a curta vida, Que não se arme e se indigne o Céu sereno Contra um bicho da terra tão pequeno?
Página 129 - Olhai que ledos vão, por várias vias, Quais rompentes leões e bravos touros, Dando os corpos a fomes e vigias, A ferro, a fogo, a setas e pelouros, A quentes regiões, a plagas frias, A golpes de idolatras e de mouros, * A perigos incógnitos do mundo, A naufrágios, a peixes, ao profundo.
Página 103 - Neste trabalho extremo; porque em pago Me tornes , do que escrevo , e em vão pretendo , O gosto de escrever, que vou perdendo. •Ji Vão os annos descendo , e já do estio Ha pouco que passar até o outono ; A fortuna me faz o engenho frio, Do qual já não me jacto, nem me abono: Os desgostos me vão levando ao rio Do negro esquecimento e eterno sono : Mas tu me dá, que cumpra...
Página 50 - A troco dos descansos, que esperava, Das capellas de louro, que me honrassem, Trabalhos nunca usados me inventaram, Com que em tão duro estado me deitaram.
Página 96 - Tu só, tu, puro Amor, com força crua, Que os corações humanos tanto obriga, Deste causa à molesta morte sua, Como se fora pérfida inimiga. Se dizem, fero Amor, que a sede tua Nem com lágrimas tristes se mitiga, É porque queres, áspero e tirano, Tuas aras banhar em sangue humano.