Estudos camonianos

Capa
Nova era, emprêsa editôra P. Viera & comp., 1925 - 203 páginas
 

Passagens conhecidas

Página 30 - Ó Potestade (disse) sublimada: Que ameaço divino ou que segredo Este clima e este mar nos apresenta, Que mor cousa parece que tormenta?" Não acabava, quando uma figura Se nos mostra no ar, robusta e válida, De disforme e grandíssima estatura; O rosto carregado, a barba esquálida, Os olhos encovados, ea postura Medonha e má ea cor terrena e pálida; Cheios de terra e crespos os cabelos, A boca negra, os dentes amarelos.
Página 80 - Fui dos filhos aspérrimos da Terra, Qual Encélado, Egeu eo Centimano; Chamei-me Adamastor, e fui na guerra Contra o que vibra os raios de Vulcano; Não que pusesse serra sobre serra, Mas, conquistando as ondas do Oceano, Fui capitão do mar, por onde andava A armada de Neptuno, que eu buscava.
Página 68 - E verão mais os olhos que escaparem De tanto mal, de tanta desventura, Os dous amantes míseros ficarem Na férvida e implacábil espessura; Ali, depois que as pedras abrandarem Com lágrimas de dor, de mágoa pura. Abraçados, as almas soltarão Da fermosa e misérrima prisão».
Página 113 - Converte-se-me a carne em terra dura; Em penedos os ossos se fizeram; Estes membros que vês, e esta figura Por estas longas águas se estenderam. Enfim, minha grandíssima estatura Neste remoto cabo converteram Os deuses; e, por mais dobradas mágoas, Me anda Tétis cercando destas águas.
Página 25 - Tão temerosa vinha e carregada, Que pôs nos corações um grande medo; Bramindo, o negro mar de longe brada, Como se desse em vão nalgum, rochedo.
Página 56 - Sabe que quantas naus esta viagem Que tu fazes, fizerem, de atrevidas, Inimiga terão esta paragem, Com ventos e tormentas desmedidas!
Página 71 - Mais hia por diante o monstro horrendo Dizendo nossos fados, quando alçado Lhe disse eu: Quem és tu? que esse estupendo Corpo certo me tem maravilhado.
Página 58 - Aqui espero tomar, se não me engano, De quem me descobriu suma vingança, E não se acabará só nisto o dano De vossa pertinace confiança: Antes, em vossas naus vereis, cada ano, Se é verdade o que meu juízo alcança, Naufrágios, perdições de toda sorte, Que o menor mal de todos seja a morte!
Página 50 - Tu, que por guerras cruas, tais e tantas, E por trabalhos vãos nunca repousas, Pois os vedados términos quebrantas E navegar meus longos mares ousas, Que eu tanto tempo há já que guardo e tenho, Nunca arados de estranho ou próprio lenho: Pois vens ver os segredos escondidos Da natureza e .do húmido elemento...
Página 63 - Amor por grão mercê lhe terá dado. Triste ventura e negro fado os chama Neste terreno meu, que, duro e irado, Os deixará dum cru naufrágio vivos, Para verem trabalhos excessivos.

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