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offerece, pelas Suas prosperidades, da Real Familia, e do Seu Peinado,

Senhor

De Vossa Magestade

O mais humilde criado e leal vassallo

D. Joze Maria de Souza Botelho.

ADVERTENCIA.

TODAS as nações tem-se esmerado em dar á luz soberbas edições dos seus primeiros Classicos, apurando com curioso desvelo os textos originaes, e ornando-os com todo o luxo da Typographia, do Desenho, e do Buril. He huma especie de monumento erigido aos authores assinalados que as illustraram, e he hum meio de conservar com mais resguardo os seus textos puros nas Bibliothecas publicas, e nas dos amadores de livros, que podem adquirir estas custosas edições.

OS LUSIADAS foram impressos pela primeira vez em Lisboa, no anno de 1572, na officina de Antonio Gonçalvez, tendo para esse fim obtido Luis de Camões hum privilegio de dez annos, concedido por Alvará do Senhor Dom Sebastião, em data de 1571. Os exemplares desta edição (cujo numero ignoramos) ven

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deram-se tão promptamente, que no mesmo anno de 1572 foi este Poema reimpresso pelo mesmo impressor. Não consta se o manuscripto tinha sido vendido, ou se as duas impressões foram feitas á custa de Luis de Camões; mas o que me parece claro he que elle assistio á impressão, ao menos da edição que tenho, e que a publicação foi feita com seu pleno consentimento; assim como he indubitavel que houve huma reimpressão no mesmo anno. A negligencia dos biographos de Camões, e dos editores primeiros que seguiram-se a dar novas edições foi tal, que nem Manoel de Lyra, nem Manoel Correa, nem João Franco Barreto, nem Manoel de Faria e Sousa na sua edição de Madrid, assim como Pedro de Mariz, Manoel Severim de Faria, nenhum emfim faz menção de se terem feito duas edições dos LUSIADAS em 1572.

O primeiro que fallou dellas foi Manoel de Faria e Sousa na segunda vida que escreveo do Poeta, e que foi impressa posthuma, na frente da primeira parte das Rimas de Camões, aonde no § 27 diz; « El gasto desta impression fue

« de manera (tratando da edição de 1572) que « el mismo año se hizo otra... Y porque esto « hade parecer nuevo, y no facil de creer, yo << asseguro que lo he examinado bien en las <«< mismas dos ediciones que yo tengo; por dif<«<ferencias de caracteres; de ortografia; de erra<< tas que hay en la primera, y se ven emen<«< dadas en la segunda; y de algunas palabras « con que mejorò lo dicho. »

O Senhor Antonio Ribeiro dos Santos, e o Senhor Joaquim da Costa de Macedo, apoiam exactidão do que diz Faria; asseverando o segundo que cotejara as duas edições, e apontara as differenças que nellas havia, consistindo a maior parte na orthographia.

Mas não obstante que Manoel de Faria dá a entender qual seja, na sua opinião, a primeira, e segunda edição, nenhum dos dous mencionados senhores as caracterisam, nem decidiram atéqui esta questão.

Eu tenho diante dos olhos dous exemplares de huma destas edições, mas não pude ver, nem obter algum da outra para as confrontar: tão raras são hoje ambas! Sei porém que o

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