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CII.

Oh maldito o primeiro que no mundo
Nas ondas velas poz em secco lenho!
Digno da eterna pena do profundo,
Se he justa a justa lei que sigo e tenho.
Nunca juizo algum alto e profundo,
Nem cithara sonora, ou vivo engenho,
Te dê por isso fama, nem memoria;
Mas comtigo se acabe o nome, e a gloria!

CIII.

Trouxe o filho de Japeto do ceo

O fogo, que ajuntou ao peito humano;
Fogo, que o mundo em armas accendeo,
Em mortes, em deshonras: grande engano!
Quanto melhor nos fora, Prometheo,
E quanto para o mundo menos dano,
Que a tua estatua illustre não tivera
Fogo de altos desejos, que a movera!

CIV.

Não commettera o moço miserando
O carro alto do pai, nem o ar vazio
O grande architector, co'o filho, dando
Hum, nome ao mar, e o outro, fama ao rio:
Nenhum commettimento alto, e nefando,
Por fogo, ferro, agua, calma, e frio,
Deixa intentado a humana geração.
Misera sorte! Estranha condição!

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Apparição do gigante Adamastor, Na passagem do Cabo de B. Esperança.

Mais hia por diante o monstro horrendo
Dizendo nossos fados, quando alçado
Lhe disse eu: Quem es tu? . . . .
Canto V. Est. 49.

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