cada cidadão deve-se ao seu paiz; os medicos devem-se à humanidade. ALVARO, profundamente abalado O meu discipulo tornou-se meu mestre! OLYMPIA Temos pensado muito depois do milagre, que Deus lhe ajudou a fazer. ALVARO Qual milagre? OLYMPIA A cura do senhor Polycarpo. ALVARO Milagre? Se fosse uma scirrhose não se curava. RICARDO Quem sabe? Lembre-se do que me dizia d'antes: todas as lesões são curaveis; mas nós não sabemos cural-as, e por isso negamos que o sejam. ALVARO Já me não atrevo a disputar comtigo. RICARDO, indo a uma das portas lateraes Venham, minhas senhoras e senhores. SCENA ULTIMA ALVARO, RICARDO, OLYMPIA, LEOPOLDINA, PAULO, Lucas, RAPHAEL, ALEXANDRE, POLYCARPO, SOPHIA Então? SOPHIA, baixo a Ricardo Ricardo faz-lhe com a cabeça um signal affirmativo. ALVARO, a Paulo e Leopoldina Meus sobrinhos, agradeço-lhes a fineza que me fizeram. Sei que são ricos, mas logo que eu possa hei de pedir-lhes licença para pagar a livraria. LEOPOLDINA Isso offende-nos. OLYMPIA Calla a bocca; paga-te em visitas, quando tiveres alguem doente. RAPHAEL, indo abraçar Alvaro Pois torna? ALEXANDRE, idem Parabens... a todos nós. LUCAS Eu agradeço a Deus, pela parte que me toca. OLYMPIA Nós agradecemos tambem às suas orações... e á doença do senhor Polycarpo. RICARDO, a Polycarpo Meu honrado padrinho, dou-lhe parte que vou acabar os meus estudos medicos. Porque meu sogro tambem começa ȧma nhã a ganhar dinheiro. ALVARO É possivel... as minhas convicções foram violentamente abaladas. Cada vez me julgo mais ignorante; cuidava ter chegado ao verdadeiro, ao bem e ao justo; e provam-me que eu estava em erro, que fôra victima da prevenção e da preoccupação! Ninguem póde dizer onde acaba a rasão, nem onde começa o absurdo. Só Deus sabe como eu pensarei ámanhã ! RICARDO Não tentemos o impossivel. Tambem eu imaginei que poderia oppôr-me à corrente do seculo, e ia sendo esmagado por ella. As exaggerações são sempre perigosas em tudo. RAPHAEL Evitemos os extremos; é no meio d'elles que está a verdade. ALEXANDRE A verdade?! Os que a procuram são raros; rarissimos, os que a sabem achar; e a esses quasi que ninguem os aprecia ou nin guem os conhece; são os incognitos do mundo. LUCAS, apontando para o ceo Vê-os e avalia-os quem póde glorifical-os. 0 que é a vida se não uma batalha continua entre o bem e o mal, entre a virtude e o vicio, entre o justo e o injusto, entre o verdadeiro e o falso? Vencidos ou vencedores, elevemos sempre o pensamento a Deus e acharemos a verdade absoluta. Cae o pano. |