posa minhas irmãs, e os meus melhores amigos, uns após outros! RICARDO, apertando-lhe a mão Lastimo-o, meu amigo; lastimo-o sinceramente! Mas foi contando-me essa historia dolorosa, que pertendeu advogar a causa de minha mãe? ALVARO Oiça o resto. Ha muito tempo que resolvi desamparar tão lugubre caminho; porém, não se tem em vão um habito de tantos annos! Além disso eu era e sou pobre... RICARDO Porque não acceita dinheiro da maior parte dos doentes! ALVARO Recebo dos que se curam, e podem pa gar. RICARDO Gasta tudo com os pobres... ALVARO Gastei com livros inuteis e mentirosos. Mas decidi-me finalmente. Resignei hoje os logares de lente da Escola e de medico da real camara, e não quero mais clinica. Sei que é tarde já para aprender outro officio; porém, eu e minha filha iremos vivendo, em quanto Deus fôr servido. Venderei a livraria, afim de que uma vez ao menos me sirva para alguma coisa. POLYCARPO, enternecido Honrado homem! Eu moro alli defronte, bem sabe; não se escandalise... mas emquanto no meu bazar houver que vender e dinheiro na minha caixa, não vá bater a outra porta. Perdôe... comprarei a sua livraria, quando quizer vendel-a... e pelo preço que o senhor quizer. ALVARO, acompanhando-o Obrigado, meu amigo; obrigado. POLYCARPO, saíndo, áparte Se eu terei amolecimento, cirrho, ou febre puerperal? SCENA XIX ALVARO e RICARDO RICARDO, crusando os braços E agora? ALVARO É verdade... nem já me lembrava! RICARDO A sua historia acabou com as minhas ultimas hesitações; mas que se hade dizer a... SCENA XX ALVARO, RICARDO, SOPHIA, OLYMPIA SOPHIA Não é necessario dizer-me nada; ouvi tudo. (A Alvaro.) A sua consciencia foi superior á sua amisade. Cada vez o admiro mais! Esqueceu-lhe, comtudo, mencionar entre os seus dias tristes e funereos as immensas alegrias dos que salvou; as bençãos dos filhos a quem restituiu os paes; das mães a quem tornou os filhos; de todos, finalmente, que por seus esforços e saber volveu à vida, arrancando-os á sepultura;-mas não importa: meu filho não será medico. RICARDO, abraçando-a Obrigado, minha mãe; poupou-me uma resistencia que me rebaixaria aos seus olhos, e eu desejo que me julgue sempre digno do seu amor. ALVARO Para homens da idade e do talento de seu filho, não faltam caminhos honrados. Conversa com Sophia. OLYMPIA Sinto que me não veja, senhor Ricardo. RICARDO, approximando-se d'ella Oh!... como está bella! OLYMPIA, rindo Aposto que quer casar comigo? Vejam que amisade que tem å gente! Ha oito dias que me não via, e agora nem sequer me fallava! RICARDO Má! Juro-lhe, que depois de minha mãe e de seu pae (Apparece Leopoldina ao fundo) a ninguem quero tanto bem como a v. ex.a SCENA XXI ALVARO, SOPHIA, RICARDO, OLYMPIA, LEOPOLDINA, áparte, tendo ouvido as ultimas Vilão! E eu que nunca dei por isto! (Alto.) Porta aberta, justo peca. Vamos ao theatro, Olympia? Ah! já? OLYMPIA RICARDO, áparte Leopoldina ALVARO, a Sophia, apresentando Leopoldina Minha sobrinha D. Leopoldina da Cunha. RICARDO, áparte Prima de Olympia? OLYMPIA, áparte Parece que a prima não ficou contente!... Será talvez por eu não estar ainda vestida? SOPHIA Ha muito que eu tenho a honra de conhecer a v. ex.a de nome. |