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ALVARO

Que é?

THOMAZ, hesitando

V. ex.... ainda poderia, provavelmente...

empregar-me?

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ALVARO

Pois quê! Agora é que te lembras de ?... nem eu já posso, nem tu.

THOMAZ

Eu passo aqui uma vida inutil; quasi que não faço nada! E na companhia dos trabalhos braçaes da Alfandega poderia... até ás tres horas...

ALVARO, rindo

Tu? Na companhia dos trabalhos braçaes?! Com essa edade? Perdeste o juizo. (Como caindo em si.) Ora espera; parece-me que te adivinho... Era para mim que tu querias?... Ah meu Thomaz !

Vae para lhe pegar na mão.

THOMAZ, meio suffocado em pranto

não...

Não era,

Sae rapidamente.

SCENA VI

ALVARO, só

Meu bom Thomaz!... E aquella idéa foi um raio de luz. Eu ainda me sinto vigoroso; tenho pouco mais de cincoenta annos, e posso empregar-me, como guarda-livros, em alguma casa de commercio. Conheço muitos negociantes e facilmente obterei meios de poder viver decentemente com minha filha e com os meus velhos servos.

SCENA VII

ALVARO e PAULO

PAULO

Dá licença, meu tio?

ALVARO

Paulo! Julguei que estavam mal comigo?

PAULO

Porquê? Eu não tenho cả vindo porque

estou ha um mez com um trabalho muito massador; mas tenho tido noticias suas por minha mulher.

ALVARO

Como está ella?

PAULO

Eu é que devo perguntar-lh'o. Venho buscal-a. Já não posso aturar os rapazes, que me não deixam trabalhar com o berreiro que fazem a chamar pela mãe.

ALVARO

Confesso-lhe que não percebo nada. Ha mais de um mez que não vejo Leopoldina.

PAULO

Isso é um disparate! (Áparte.) Parece-me que os jornaes téem razão; o pobre medico perdeu a cabeça.

ALVARO

Creio até que sua mulher terá motivos para não perder o seu tempo comnosco; pelo menos assim o indica a sua ausencial desde certo dia.

PAULO

Que está dizendo, meu tio!? Pois sua sobrinha não vem cá todos os dias? Não se lhe metteu em casa toda esta semana, com o pretexto de se curar de uns ataques nervosos? ALVARO, áparte

Indoideceria elle? Só assim se póde explicar... que pena!... Era um moço de talento. (Querendo tomar-lhe o pulso.) Deixe ver se...

PAULO

O senhor é que está doido, não sou eu! Ah! aqui vem a prima Olympia para me esclarecer.

SCENA VIII

ALVARO, PAULO, OLYMPIA

OLYMPIA

Muito bem apparecido, senhor! Que é feito da prima e dos pequenitos?

PAULO

Não.

Peior é essa ! Pois, devéras, ella não está cá?

OLYMPIA

PAULO

Não tem cá vindo? Não está aqui a curar os seus nervos desde segunda feira?

OLYMPIA, admirada

Não, primo!

PAULO

Que mulher!... E se ao menos tivesse levado os filhos !... Mas eu que os ature; emquanto ella anda, Deus sabe por onde ! Disse-me que vinha passar alguns dias com a prima Olympia, e boas noites!

ALVARO

Que indignidade! Invocar o nome de minha filha, de um anjo de simplicidade e candura, para cobrir os seus desvarios! O senhor é que tem a culpa. Porque não poz côbro a esses desregramentos desde o principio? Sua mulher era uma creança; porque a deixou andar só e entregue á louca imaginação que a domina? Agora limpe as mãos á parede.

PAULO

Então que tem? Nunca se viu uma rapa

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