À Sombra Da Casa Azul: Breve Itinerário de Vida

Quando vi Paulo pela primeira vez, na sua torre de marfim da rua Bar o de S o Borja, eu soube que ser amos amigos. Ele era a ousadia e a cultura refinada que esta cidade n o assimilou, um "dandy" dos tr picos, o Gay Sunshine de uma Mauristaadt sodomita nos becos e repressora nas casas de fam lia.As lembran as que aqui s o contadas n o abarcam todas as ricas experi ncias de uma vida errante, algo de playboy e cigano irrespons vel. Mas uma vida cheia de charme, "of course". Tampouco tra a um panorama linear do que foi a arte pernambucana nos anos 70 e 80 - anos em que Paulo, no Di rio de Pernambuco, comentou, divulgou e ajudou artistas locais e de outros estados. " Sombra da Casa Azul" surge como flashes, desabafo, o expl cito de um sexo para sempre condenado ao profano.Como amigo, pude vivenciar momentos dif ceis de Paulo. Como admirador de sua personalidade e de sua poesia, pude, muitas vezes, sentir orgulho de poder estar perto de algu m t o sens vel e culto. Por isso, para mim dif cil dar esse modesto depoimento sobre um conjunto que est entrela ado num mesmo "leitmotiv": vida-obra-dor-esperan a." Sombra da Casa Azul", para n s que conhecemos intimamente a hist ria de Paulo Azevedo Chaves, faz com que nos envergonhemos de participar de uma sociedade que pode guilhotinar talentos e promover embustes com a mesma desenvoltura de um Tartufo ou Paingloss.- Raimundo de Moraes