Imagens das páginas
PDF
ePub

150.

Todos favorecei em seus officios,
Segundo tem das vidas o talento;
Tenham Religiosos exercicios
De rogarem por vosso regimento:
Com jejuns, disciplinas, pelos vicios
Communs, toda ambiçao teraō por vento;
Que o bom Religioso verdadeiro,
Gloria vā naō pertende, nem dinheiro.

151.

Os Cavalleiros tende em muita estima,
Pois com seu sangue intrépido, e fervente,
Estendem naō sómente a Lei de cima,
Mas ainda vosso Imperio preeminente:
Pois aquelles que a taō remoto clima
Vos vaō servir com passo diligente,
Dous inimigos vencem; huns os vivos,
E (o que he mais) os trabalhos excessivos.

152.

Fazei, Senhor, que nunca os admirados
Alemaēs, Gallos, Italos, e Inglezes,
Possam dizer, que sao para mandados,
Mais que para mandar, os Portuguezes,
Tomai conselho só de exprimentados,
Que víram largos annos, largos mezes;
Que postoque em scientes muito cabe
Mais em particular o experto sabe.

153.

De Phormiaō Philosopho elegante
Vereis como Annibal escarnecia,
Quando das artes bellicas diante
Delle com larga voz tratava, e lia.
A disciplina militar prestante

Naō se aprende, Senhor, na phantasia,
Sonhando, imaginando, ou estudando ;
Se nao vendo, tratando, e pelejando.
154.

Mas eu que fallo humilde, baixo, e rudo,
De vós nao conhecido, nem sonhado ?
Da boca dos pequenos sei com tudo
Que o louvor sahe ás vezes acabado:
Nem me falta na vida honesto estudo,
Com longa experiencia misturado ;
Nem engenho, que aqui vereis presente,
Cousas que juntas se acham raramente.

155.

Para servir-vos, braço as armas feito;
Para cantar-vos mente ás Musas dada:
Só me fallece ser a vós acceito,

De quem virtude deve ser prezada :
Se isto o Ceo me concede, e o vosso peito
Digna empreza tomar de ser cantada,
Como a presága mente vaticina,
Olhando a vossa inclinaçaõ divina:

156.

Ou fazendo que mais que a de Medusa
A vista vossa tema o monte Atlante,
Ou rompendo nos campos de Ampelusa
Os Mouros de Marrocos, e Trudante;
A minha já estimada e léda Musa,

Fico que em todo o Mundo de vós cante, De sorte que Alexandro em vós se veja, Sem á dita de Achilles ter inveja.

FIM DO CANTO DECIMO E ULTIMO,

[ocr errors]

DE TODOS OS NOMES PROPRIOS

QUE SE CONTÉM EM ESTE POEMA,

RECOLHIDOS E ORDENADOS POR JOAO FRANCO BARRETO.

A.

A BASSIA, parte de Africa, dividida de Arabia
com as portas do mar Roxo: cujos Povos se
chamam Abyxins ou Abassis sujeitos ao
Preste Joao, hum dos grandes Reis do Oriente,
e dos mais poderosos de Africa, porque tem
debaixo de seu mando mais de quarenta Reinos.
Abrahaō, primeiro Patriarca: he a saber, o pri-
meiro dos pais: do qual, e de Agar sua escrava,
dizem os Mouros que procede Mafamede.
Abranches, Lugar, e Condado de França.
Abrantes, Villa de Portugal, junto do Rio Tejo.
Abyla, monte de Africa sobre o qual está a
Cidade Ceita, pertencente aos Reis de Portugal.
Chamam os Authores a este monte Columna de
Hercules.

[ocr errors]

Accias guerras, as que houve entre Augusto, e
Marco Antonio, no Cabo Figalo, que os An-
tigos chamavam Accio :.em as quaes Marco
Antonio, e Cleopatra, Rainha de Egypto,
foram desbaratados.
Achemenia, Regiao da Persia, onde se fazem as

melhores alcatifas, e tapeçaria do Mundo.

« AnteriorContinuar »