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beadarim e Crãgalor, & assentarão ambos & mandasse ho gouernador dous homes dautoridade pera acabare dassentar co el rey de Calicut onde auia de ser a fortaleza. E concertado isto, partiose do Garcia pera Cananor, onde achou Bernaldim freyre & Francisco pereyra pestana que forão ali abarrotar. E despois de partido do Garcia queredo hu dia ho embaixador do preste castigar hua sua escraua por algua cousa que lhe fizera, bradou ela & gritou de maneyra que acodio ho capitão da fortaleza co muyta gête, & achando as portas fechadas as madou qbrar & êtrou detro cổ grade onião, & a escraua do embaixador como ho vio, lhe disse q era molher do ebaixador, & que ele a queria matar & lhe daua vida que a não podia sofrer, nã por outra causa, se não porque ho repredia de peccar co hû seu moço no vicio côtra natura, q lhe requeria da parte de Deos & del rey de Portugal qa tirasse de seu poder. E deu por testemunhas outras escrauas q ho ebaixador tinha. O que ho embaixador contradisse em tudo, affirmandoho cổ juramento, & q aquela não era sua molher, se não escraua: & segundo se despois disse assi era, porem ao embaixador não lhe valeo. E ho capitão lhe tirou a escraua de casa, & tambe as outras & entregouas a Bernaldim freyre, & ele & ho secretario q lhe aquilo fez fazer, disserão logo que Mateus não era ebaixador do preste se não truão, mouro & espia dos rumes & do Soldão, qo mãdauão â India a saber o q elrey determinaua de fazer, Não lhe lebrando q de Venezianos q andauão em Portugal, ou podião lâ ir, ho podia ho soldão saber mais dissimuladamête ou por mouros mercadores q hião â India, & dizião mais q sabedo ho gouernador isto madaua Mateus a portugal como verdadeiro ebaixador, & q se ele fora amigo do seruiço del rey q ho não ouuera de madar, se nã queymalo, & por isto não fez Bernaldi freyre nhua horra ne gasalhado a Mateus antes toda a desonrra & vituperio, assi na viaje como em Moçãbiq, onde inuernarão: & e Portugal, ele & cartas q leuaua do

secretario pera el rey, quasi q lhe fizerão crer à Mateus era truão enganador, & por esta causa. E escreueo despois el rey ao gouernador, dandolhe achaqs sobre lhe madar Mateus por ebaixador, em tato q foy necessario ao gouernador escreuerlhe muytas rezões por õde era verdadeyro ebaixador, principalmete despois que deu ẽ Adě, dode se lançarão na nossa frota certos Abexis catiuos do feytor q ho Soldão tinha em ajuda, que disserão que conhecião Mateus, & que sabião certo que a may do preste tinha nele muyta confiança, & ho madaua a muytas partes co recados dimportacia. E coisto perdeo el rey de Portugal a sospeyta que tinha, & ho despachou & mandou com Lopo soarez, como direy a diante.

CAPITOLO C.

De como Pateonuz foy sobre Malaca com húa grossissima armada, & do que os nossos fizerão.

Passando assi estas cousas na India, Fernão perez capitão mór do mar de Malaca vědo q ela estaua segura de guerra, determinou de se tornar pera a India, & porq tinha recado do gouernador q se fosse na moução de laneiro se quisesse, & q leuasse consigo as naos de carga que leuara Diogo mendez. E estadose apercebedo pera sua partida, veo noua â fortaleza que Paleonuz se nhor de lapora na ilha da Iaoa passara polo estreyto de Sabão co hûa grande armada, & assi era. E este Pateonuz era mouro, & muy esforçado caualeiro & fora vassalo do rey gentio da laoa, côtra quem se reuelou como outros senhores mouros que se chamauão reys, & ates qo gouernador fosse a Malaca auia anos que fazia hua grossissima armada, assi com seu cabedal como com ajuda doutros señores seus parentes & amigos, & isto co teção de ir sobre Malaca, & tomala ao rey q então reynaua & fazerse rey dela: & coesta determinação mandaua ele muytos laos morar a Malaca pera os

ter de sua mão quando fosse, & estaua confederado co Mutaraja, aqle que ho gouernador mandou degolar, q The tinha prometida toda sua ajuda. E acabada a armada não disistio de sua determinação, posto q soubesse q Malaca estaua em poder dos nossos, porque lhe disserão q erão muyto poucos & que facilmente os poderia tomar, por amor da sua armada que era muy poderosa, q seria be de trezentas velas antre jungos, lancharas & calaluzes, & chea de gête q era espanto. E Pateonuz leuaua por sota capitão hu gra señor seu parete, em q tabě auia muyto esforço, & ho jugo de Pateonuz era ho mayor q se nuca vira naqlas partes, & ho sota capitão apos ele. E fornecida esta armada como digo, partiose pera Malaca, & passando ho estreyto de Sabão foy visto dalgus de Malaca, q ho forão logo dizer a Ruy de brito, ho disse a Fernão perez, pera q fosse saber q armada era aquela, & se era tamanha como dizião: & Fernão perez se partio logo a ver se via os îmigos, & forão coele Joanes impolim em sancto Antonio, & Lopo dazeuedo, Iorge botelho, Iorge de brito, Marti guedez, & Pero de faria nos seus nauios, & forão todos ate Sábão & não virão nenhua cousa dağla armada, porq como sayo do estreyto de Sâbão se meteo logo por outro estreyto que chamão dos Sauês, & foy por ele ate se poer defronte de Malaca pera tomar ali lingoa & saber o q fazião os nossos, & por isso não pode Fernão perez auer vista dela. E crendo que era mentira a noua de sua vinda, tornouse a Malaca: & fazendose prestes pera a viajem da India, & estando perto sua partida, pareceo ao mar hum dia aa tarde a armada, que era tamanha como disse, & como vinha espalhada, quasi que cobria quato os nossos alcançauão cỡ a vista: do q eles ficarão espätados, q não crião q se podesse ajuntar tamanha armada, & logo Fernão perez se foy a terra pera mandar embarcar a artelharia das naos de sua côserua que ja tinha descarregada pera se melhor carregare de mercadoria. E andando nisto, falado ele co Ruy de bri

to sobre se pelejarião co os imigos, se leuantarão de palaura è palaura, que Ruy de brito como superior de Fernão perez ho madou preder por lhe não querer obedecer como ho gouernador mandaua e seu regimeto. E preso Fernão perez, determinou Ruy de brito de peleiar ao outro dia com a armada dos imigos, & hila buscar öde estaua, porq lhes parecesse que a não tinha e cõta, & por isso sembarcou aqla noyte na galé de Pero de faria: & como lhe parecesse que tinha muyta necessidade da aiuda de Ferna perez, mãdou ho soltar, mãdãdoThe dizer que se fosse pera a sua nao: o que Fernão perez fez (posto q estaua muyto agrauado) porque vio que em tal tepo como aquele, & em que ho seruiço del rey estaua em tamanho perigo, que os homes da sua qualidade por lhe acodir não se auião de lembrar dagrauos del rey quato mais de seus capitães, & por isso se recolheo logo â nao. E è amanhecedo a nossa armada se fez aa vela pera ir buscar a armada dos îmigos, q no dia passado não pode aferrar porto, & cayo abaixo da fortaleza obra de tres legoas, & surgio ao longo de terra. E erão os nossos estes capitães, Pero de faria, co que hia Ruy de brito, & Ayres pereyra de berredo, que era alcayde môr da fortaleza & ficaua nela por capitão: Fernão perez, Iorge de brito, Fracisco de melo, Martî guedez, loão lopez daluim, Iorge botelho, Lopo dazeuedo, Antonio dabreu, Vasco fernandez coutinho, Christouão mazcarenhas, Christoua garces, Afonso pessoa, & Simão afoso bisigudo hia co Fernão perez, por ser ho seu nauio podre & não aproueitar de todo pera nada. E todas as nossas velas hião embandeiradas & de festa co trõbetas & atabales, fazedo grades alegrias por qbrare ho coração aos imigos, & ao longo da terra hia Ninachatu & Tuão mafamede co a gente dela pera ajudare de terra se podessem, & quâdo não, pera q soubessem os îmigos que tinhão os da terra contra si, & que ajudauão os nossos.

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De como os nossos começarão de pelajar com os imigos, & da causa porque não acabarão.

Indo os nossos cô esta orde forão ter co os imigos vê

tãdo a viração co que se eles começarão de fazer â veJa, & estauão todos embandeirados & cô grade alegria de gritas & fêstas & grade estrondo de seus sinos & doutros instormetos que costumão na guerra, & era ho arroido tamanho q parecia destruirse ho mudo, & sô ele abastaua pera os nossos sẽdo tão poucos auere medo; quato mais tanta gête & tão be armada & atabiada doutros muytos & muy ricos atabios, q era fermosa cousa & espantosa de ver. E ho mesmo espäto punha ver a pouquidade dos nossos cometer tamanho numero de gente & tão se medo, q parecia q os não tinhão em conta: em tanto que Iorge botelho que leuaua ho nauio mais ligeiro que os outros, se adiantou & so chegou primeyro aos îmigos, de que se logo apartarão ate quinze calaluzes, & a remo endereytarão parele dando grande grita como que ho tinhão nas vnhas, o q ele nã credo pos a proa neles & passoulhes polo meyo sem lhe tirar ně fazer nenhûa mostra de peleja: & como hia á vela, & eles a remo na lhe poderã chegar. E passando ele por eles, não parou ate ho jugo de Pateonuz, q conheceo ser a capitayna, assi por trazer bandeira na gauea, como por ser ho mayor de toda a frota: de maneyra que indo Jorge botelho pera abalrroar coele, vio que a gauea do seu nauio não chegaua ao chapiteo da popa do jugo, & por isso deixou de ho aferrar, & começou de lhe tirar âs bõbardadas q lhe ficauão ao lume dagoa, pore ho jungo era tão forte q os pelouros tornauão pera fora, o mesmo fez aos da galé de Pero de faria q vinha a pos Iorge botelho, & tàbe se pos às bõbardadas ao iûgo. E nisto chegou ho resto da nossa frota, & a dos îmigos

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