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mente neste laborioso emprego, servindo assim a El Rey Nosso Senhor como me ordena, agradar a V. Ex.a como incessantemente procuro.

Vivamente me lembro que V. Ex.a, em beneficio do meu søcego, e da minha consternação me deo palavra de assim o executar, com ella me consolo e com ella me animo, protestando aos pés de V. Ex.a que sei bem conhecer quanto impagavel é a minha obrigação na escolha que V. Ex.a fez de mim para me confiar um emprego de tanta auctoridade em que conduzindo-me nelle, à satisfação de V. Ex.a, como com o favor de Deos espero, me hei-de elevar a mais superior fortuna.

a

Eu tenho padecido muitas e grandes repetições de impertinentes defluxos, porque a terra, pela sua humidade, é tão sujeita a esta qualidade de queixas que tem sido uma epidemia geral, que chegou a todos, e não é muito que a mim me fizesse maior impressão, sendo tão sujeito a semelhantes molestias, sem embargo das quaes trabalho quanto posso para ver como hei-de desempenhar a minha obrigação, mas muito consternado e muito aflicto, ferindo me na parte mais sensivel da minha alma, o ver tanto perseguidos da desgraça os mais conjuntos da minha familia: não terei consolação em quanto V. Ex.a me não animar. Conheço que El-Rey é pio, que ama aos seus vassalos, e que V. Ex. com as qualidades de que Deus Nosso Senhor foi servido dotal-o, não ha-de omittir todos aquelles meios que forem proprios e conducentes para (que) o mesmo Senhor se mnova aos exercicios da sua natural piedade, eu o rogo a V. Ex.a sem que nada mais pondere a este respeito, do que incessantemente pedir e rogar a V. Ex.a se lembre delles e de mim.

a

Tenho muito que agradecer a V. Ex." na escolha que me fez de destinar para a minha companhia ao coronel Antonio Freire de Andrade, em quem tenho achado circumstancias de um homem de honra, intelligencia e probidade; muito zeloso, muito activo e incansavel no Real serviço, e é certamente um official completo, digno de estimação; o seu regimento se acha na mais exacta disciplina na maior regularidade.

O Secretario do Governo efficazmente cuida no estabelecimento e pratica da secretaria regulando-a e pondo-a em ordem, como deve; digo a V. Ex. que foi escolha sua, porque as suas circumstancias e qualidades são diguas da estimação: o seu disvello e o interesse que tem pelo serviço de Sua Magestade, a minha e a sua honra, e eu estou muito satisfeito com elle.

Os ministros que servem debaixo da minha inspecção, se tem conduzido com o maior cuidado, para se fazerem benemeritos, procurando efficazmente desempenhar as obrigações dos seus lugares.

O corregedor da comarca trabalha incessantemente assim no que pertence à sua correição, como nas mais diligencias de que tem sido encarregado, não se poupando a nenhum trabalho: não menos o juiz

de fora que vae fazendo o seu logar com muita distincção e me parece pelo modo porque se conduz, que ha de ser muito bom ministro.

O corregedor dá algumas contas a V Ex. que me mostrou a respeito, assim das acções novas, sobre que veio provisão do Tribunal do Desembargo do Paço a favor do Juiz de Fora, como das Appelações: V. Ex.a la as verá e resolverá o que por mais justo lhe parecer.

a

V. Ex. muito bem conhece quanto trabalho é um novo estabelecimento; os enredos e embrulhadas das Ilhas são bem presentes a V. Ex. e me tiram muita parte do meu tempo, e para este trabalho me ser mais suave ja roguei a V. Ex.a me quizesse fazer o favor de deixar ficar aqui commigo, no emprego que a V.Ex. parecesse mais proprio, fazendo o logar do Porto, a que está a caber, ao Desembargador Antonio de Mesquita e Moura, que acabou de corregedor desta Comarca muito activo, muito intelligente e muito zeloso do Real ser viço. O seu conhecimento pratico de todas estas Ilhas me tem servido e ajudado muito, a sua assistencia pelas muitas noticias que tem de todos os particulares destes continentes; não só me servirá de mais algum alivio, mas entendo que tambem será de grande utilidade á Fazenda Real, e como eu dei conta a V. Ex.2, e lhe roguei este favor querendo o dito Ministro transportar-se nesta galera, Ih'o impedi, deixando-o ficar até á rezolução de V. Ex. que espero seja como presentemente lhe rogo, e como ja a V. Ex. o tenho pedido. O prejuizo que eu lhe faço nesta demora é muito attendivel para V. Ex. me fazer o favor que lhe peço, não deixando V. Ex. por este motivo, de que eu sou causa, de o attender para a Relação do Porto, no primeiro concurso, no caso de não ser admittida por V. Ex.a esta justa supplica; sendo alias muito necessario mais um Ministro que assista ás Juntas de Justiça, nos casos em que forem precisos convocarem-se os Juizes de Fora das tres Ilhas mais vizinhas, como a V. Ex.a fiz presente na conta que lhe dirigi em 19 de outubro do anno proximo passado

a

Todos os contractos se tem arrematado pela Junta da Real Fazenda, na excepção dos subsidios aplicados á guarnição do castello de S. Braz da cidade de Ponta Delgada, Ilha de São Miguel, que por não haver certeza do seu rendimento, se mandou pôr em administração até se tirar uma exacta, verdadeira e circumstanciada noticia do quanto poderiam produzir os referidos impostos.

As contas da Fazenda Real se vão tomando rigorosamente, para cuja regularidade se assentou na junta se devia nomear um contador do referido Tribunal que com o Escrivão, ambos as fossem apurando, e achei nesta cidade um sujeito muito habil e intelligente para o referido ministerio e se vão regulando e pondo na ordem que V. Ex.a verá dos Balanços que prezentemente remetto. O referido contador é muito util e necessario o seu Estabelecimento, como em officio represento a V. Ex.a.

Tenho suprido o pagamento a todas as despezas, que tem sido necessarias para o aquartelamento do Regimento, que se transportou da cidade do Porto, no castello de S. João Baptista desta cidade, que se achava em bastante ruina; a factura dos fornos para se cozer o pão dos soldados com grande utilidade e aproveitamento da fazenda real, e sem que até agora me fosse necessario valer mais que do cofre dos novos direitos, donde se achavam quatro mil cruzados que meti no cofre geral da Junta, pela razão de não terem vindo das outras Ilhas sobejos alguns respectivos aos aunos antecedentes, de que o corregedor da comarca, dá conta pela junta dos trez Estados, por ter a seu cargo o referido cofre e eu o participo a V. Ex.: mas ja agora depois que se foram tomando as contas, e apurando os alcances das Feitorias me tem aparecido bastante socorro.

Assim me tenho conduzido para mostrar o meu cuidado e espero que V. Ex.a me anime e me espiritualize para que tenha forças para poder com o grande peso de que me acho encarregado, de modo que consiga a approvação de V. Ex.a e o agrado de Sua Magestade.

Tenha V. Ex. por certo que a minha imaginação está sempre ponderando e discorrendo no methodo de executar à risca as ordens do mesmo Senhor, e torno a rogar e pedir a V. Ex. o socorro dos seus influxos, offerecendo aos pés de V. Ex. o meu obediente captiveiro e a minha respeitavel escravidão. A pessoa de V. Ex.a Guarde Deus muitos annos. Angra 25 de Mayo de 1767.—

Ill.mo e Ex.mo Sr. Conde de Oeyras.

a

De V. Ex.a

Servo e captivo o mais fiel, respeitoso e obrigado.
D. ANTÃO D'ALMADA.

(Arch. nac. da T. do T., Pap. do Minist. do Reino. maç. 611.)

(Continua.)

INDICES

DO VOLUME V DO ARCHIVO DOS AÇORES

Chronologico de diplomas, documentos etc.
Alphabetico das materias mais notaveis.

Alphabetico de nomes de pessoas.

IV Alphabetico de logares.

I

Paginas

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de ligitimação a Antão Roiz da Camara

1500
1502-

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1444-Carta d'Elrei isentando do disimo os generos dos Aço-

res

d'Elrei: aforamento de casas a Pedro Albuquer

que

de Escudeiro a Francisco Annes

a João Baptista

a Ruy Tavares

97

98

99

102

102

100

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do officio de Juiz dos orphãos a Pedro Vaz
de Escudeiro a Pedro Dias

1504-Confirmação d'um aforamento a Pedro Rodrigues da Ca

--Confirmação da carta de Escudeiro a Francisco Annes
Carta de Escudeiro a João da Horta

legitimação de Diogo de Vasconcellos
cirurgião na Praia a Thomaz Pires

103

403

98

99

105

105

104

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do officio d'Alcaide do Mar em S. Miguel a Bel-

chior Lopes

108

N.° 30 Vol. V-1884

9

1511-Ordem para entregar certas especiarias a Gaspar Lei-

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de escrivão dos contos nos Açores a Duarte Ro-
drigues

115

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de escrivão do corregedor nos Açores 'a Affonso

de Mattos.

446

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a

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isentando de direitos, Braz Dias, terceirense

Ornamentos para a egreja de Santa Catharina do Fayal
Carta de Perdão a Maria Fernandes

de Escudeiro a João da Fonte

isentando de disimo em Lisboa o trigo importa-

do das Ilhas

147

111

113

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118

448

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-Ordem de pagamento ao corregedor Jeronimo Luiz
<< -Regimento para João do Outeiro comprar trigo nos A

4517-Carta de cirurgião no Fayal, passada a Affonso Coelho
para prover 5 nãos hespanholas arribadas a An-

gra

Mandado de pagamento a favor de Ruy Glz. da Camara

1522-Supplica das freiras de Villa Franca.

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Carta ao Contador Mór sobre a volta de D. Rodrigo de

de Martim Vaz a Elrei

de naturalisação ao hespanhol Marcos Affonso

d'Arvellos, Escrivão

120

149

123

124

122

126

126

125

127

Lima

128

1528-

«

que concede a admnistração das capellas de Pe-
dro e Fernão Vaz, a Matheus Vaz

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de doação de terra em S Miguel a Nuno Martins
de doação de terras na Graciosa a Francisco de

132

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de Juiz dos orphãos em S. Jorge, a João Luiz
que nomeia Juiz do Mar e das Alfandegas na Ter-
ceira e S. Jorge a Manoel Pacheco

134

131

1530

de cirurgião a Sebastião Vaz Faleiro em S. Maria
de confirmação de merces a Ruy Gonçalves da Ca-

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da Infanta D. Guiomar a favor de Ruy Gonçalves
da Camara

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