E ponde na cobiça hum freio duro,
E na ambição tambem, que indignamente
Tomais mil vezes, e no torpe e escuro
Vicio da tyrannia infame, e urgente :
Porque essas honras vaas, esse ouro puro,
Verdadeiro valor não dao á gente :
Melhor he merece-los sem os ter,
Que possui-los sem os merecer.
Ou dai na paz as leis iguaes, constantes,
Que aos grandes não dem o dos pequenos;
Ou vos vesti nas armas rutilantes,
Contra a lei dos imigos Sarracenos :
Fareis os reinos grandes e possantes ,
E todos tereis mais, e nenhum menos ;
Possuireis riquezas merecidas,
Com as honras, que illustram tanto as vidas.
E fareis claro o Rei que tanto amais,
Agora co’os conselhos bem cuidados,
Agora co’as espadas, que immortais
Vos farão, como os vossos já passados :
Impossibilidades não façais ,
Que quem quiz sempre pode : e numerados
Sereis entre os Heroes esclarecidos,
E nesta ilha de Venus recebidos.